MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A FARSA DO CASO NELSINHO/BRIATORE E DO FURO DO REGINALDO LEME


Tom Capri

Veja também por que há muito tempo a Fórmula 1 está sob suspeita, enganando fãs como eu e você.

Mais denúncia: conheça também as razões que levaram boa parte da mídia especializada, tanto no Brasil quanto no Exterior, a não fazer mais jornalismo na Fórmula 1, apenas a trabalhar para proteger a categoria, por ser ela hoje seu maior ganha-pão. Daí agir dessa forma suspeita, como se fosse contratada para ser omissa.

Não resta a menor dúvida: as denúncias contra o ex-diretor geral da Renault, Flávio Briatore --- segundo as quais ele aliciou Nelsinho Piquet para que simulasse aquele acidente, permitindo a seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, vencer o GP de Cingapura em 2008 ---, não passam de farsa. Não que o acidente não tenha sido arquitetado por Briatore nem que a insidiosa armação não tenha ocorrido. De fato, tudo aconteceu. Mas trata-se aqui, claramente, de um mal menor que a própria Fórmula 1 denunciou e agora usa para esconder sua maracutaia maior: a podridão reinante na categoria e que faz dela jogo de cartas marcadas travestido de competição esportiva, em que os maiores enganados acabam sendo fãs como eu e você. É fácil entender. Acompanhe.

Primeiro, é preciso entender por que a Fórmula 1 é jogo de cartas marcadas. Ela o é basicamente por duas razões. Primeiro, porque só ganham Grandes Prêmios os pilotos que têm os melhores carros da temporada, o que restringe as conquistas de títulos às equipes em melhor condição financeira, elitizando a categoria. Isto já fecha as portas para a maioria das escuderias que disputam o Mundial, as quais apenas concorrem sem chances.

Além disso, o piloto número um de cada equipe --- e aqui está o mais grave --- não é o melhor nas pistas, mas sim aquele que a escuderia elege para ser o favorecido. Normalmente, o indicado --- que acabará recebendo maior apoio e melhor carro --- é aquele que ou garante à equipe mais patrocinadores ou já definiu antes por contrato que só corre na condição de número um, como aconteceu por várias temporadas, por exemplo, com Michael Schumacher na Ferrari. Aqui reside a maior maracutaia.

Durante anos, Schumacher foi o número um por contrato na Ferrari. Rubinho Barrichello teve de se contentar em ser seu ‘escada’ e até chegou a dar passagem ao piloto alemão, certa feita, para que este ganhasse corrida, escândalo na época. Já percebeu o que isto de fato significa? Que a Fórmula 1 pode forjar, nos bastidores e no tapetão, o campeão que ela deseja para cada temporada. Pode até errar o alvo, mas a margem de erro é pequena, e geralmente dá o campeão que ela prevê. Desde a morte de Ayrton Senna, está decidido, por exemplo, que brasileiro não ganha mais títulos, exceção feita recentemente a Rubinho, para que ele não abra mais a boca. É que brasileiro campeão afasta público da Fórmula 1, campeonato essencialmente europeu. Vamos a mais exemplos.

Dos sete títulos mundiais que conquistou, pelo menos três Schumacher conseguiu fazendo uso dessa ardilosa armação existente na Fórmula 1. E sempre às custas do ‘escada’ Rubinho. Sem chances, Barrichello nunca pôde fazer nada e pagou caro por isso: chegou a perder um GP do Brasil que estava quase nas mãos, por ser mero “escada”, e até ganhou a fama de pé-de-chinelo, a ponto de ter se transformado em símbolo de fracasso no Brasil. Um crime que a mídia cometeu com o brasileiro, quase enterrando sua carreira.

Outra vítima dessa armação é Felipe Massa, hoje o melhor piloto da Fórmula 1 (talvez Rubinho se equipare a ele ou seja até melhor). Apesar de ter sido aquele com maiores chances de se tornar novo mito do automobilismo mundial, Massa nunca teve oportunidades reais dentro da Ferrari: seu companheiro de equipe, Kimi Raikkonen, foi o número um por decreto e o maior favorecido nos dois primeiros anos de Massa.

Massa teve de lutar muito para superar o companheiro, e quando conseguiu já era tarde: a Ferrari não veio bem este ano e, no ano que vem, o brasileiro terá de derrubar outra fera dentro da própria equipe, Fernando Alonso. Em miúdos, podemos dizer que Massa não tem mais chances na carreira, a não ser que a bomba estoure também nas mãos do espanhol, envolvido no acidente simulado por Briatore, e ele acabe não indo para a Ferrari.

Não precisava dizer que Nelsinho Piquet --- que não pode ser perdoado por ter aceitado provocar um acidente de propósito --- foi outra vítima desse jogo: sem o saber, ingressou na Renault só para ser “escada” de Fernando Alonso, a ponto de ter sido levado a provocar o acidente em Cingapura para permitir a vitória do espanhol.

E o jogo de cartas marcadas não pára por aí: na atual temporada, depois que a Brawn surpreendeu com seis vitórias de Button nas sete primeiras corridas e podia ter sido campeã mundial com muita antecedência, a Fórmula 1 obviamente armou esquema para que a equipe tirasse o pé. Só agora, na reta final do Mundial, a Brawn voltou a ser equipe de ponta. Você acha que foi só coincidência?

Não é preciso ser esperto para saber que a Brawn já é a campeã de 2009 e que mais essa maracutaia, de dar um “descanso” à equipe, foi armada para garantir a sobrevivência da Fórmula 1. Dá para calcular o prejuízo que teria a Fórmula 1 se o campeonato tivesse terminado na primeira metade da temporada?

Acontece que todos aqueles que estão dentro da categoria, do mais simples mecânico ao pior piloto, sabem que o jogo é assim. Sabem que, se abrirem a boca, perdem o emprego. Mas sabem também que, se botarem a boca no trombone, podem levar a F-1 a fechar as portas. Portanto, cada um é bomba pronta para explodir, basta acioná-la.

Até a mídia brasileira especializada nas corridas da categoria vive desse expediente e está sob suspeita. Desde a morte de Ayrton Senna, ela não faz mais jornalismo, no que se refere à Fórmula 1. Isto porque a F-1 é seu maior ganha-pão. Se a categoria fechar as portas, nosso jornalista especializado perde o emprego. Assim, em vez de denunciar as mazelas da F-1, ele faz de tudo para protegê-la, omitindo até a mais simples denúncia.

Por conta disso, rola um fenômeno curioso na mídia brasileira. A Fórmula 1 é a galinha dos ovos de ouro da Rede Globo. O Grupo na verdade é partícipe do famoso Cirquinho e se alimenta dessa seiva, por deter os direitos de transmissão das corridas. Por isso, não pode, por força de tal contrato, criticar a organização da Fórmula 1.

Daí que seus comentaristas e repórteres especializados na categoria sempre omitem as grandes mazelas. Afinal, vale repetir, também ganham com esse grande negócio. O mesmo ocorre com os jornalistas especializados que trabalham nos demais veículos: são igualmente omissos porque têm sempre um pé no Grupo Globo e não podem atacar os verdadeiros patrões. É o caso, por exemplo, de Lívio Oricchio, do Estadão, e Fábio Seixas, da Folha e da UOL. Tenho certeza de que a direção desses veículos desconhece isso.

Assim é que há muito tempo ninguém mais cobre Fórmula 1 para valer no País. Hoje, penso diferente a respeito desses jornalistas: antes, vinha mantendo uma postura moralista de condenação, atualmente acho que estão na deles, agindo corretamente em lutar para preservar o emprego. São milhões no mercado brasileiro em busca de um lugar ao Sol nas redações, bobinho é o jornalista que não luta para preservar seu porto-seguro. E vou mais longe: a Globo também está certa em preservar esse filão que é a F-1, pois tem dívidas e está perdendo a concorrência para Edir Macedo, não pode brincar.

Mas eis que surge de repente, emanada dos próprios bastidores da Fórmula 1, essa denúncia contra Flávio Briatore. O autor da denúncia --- a qual foi ao ar durante o último Grande Prêmio da Itália (Monza) --- é Reginaldo Leme, da Globo, com quem tive o prazer de trabalhar no Estadão por 14 anos na mesma seção de esportes, hoje Caderno.

Simpatizo com Reginaldo e o defendo, não tenho nada contra ele, mas preciso respeitar a verdade. Ele é da Globo e escreve sobre F-1 para o Estadão. Reginaldo e seu companheiro Galvão Bueno, como todos os nossos jornalistas que estão no meio, precisam proteger a categoria, como vimos, daí que nunca fazem denúncia de peso. São quase que funcionários da F-1. E estão corretos em agir assim, repito, pois são trabalhadores como outro qualquer, que precisam preservar o emprego. Assim é a vida sob o capitalismo, para usarmos o velho jargão, tá todo mundo careca de saber.

Dessa maneira, se o “furo de reportagem” envolvendo Briatore foi de Reginaldo, que é pago para ficar de bico calado sobre qualquer coisa mais quente na Fórmula 1, obviamente é porque o escândalo já estava devidamente armado há muito tempo para só vir à tona agora. Parece evidente que Reginaldo já sabia desde o ano passado que Nelsinho havia simulado o acidente a mando de Briatore. Se já estava com o furo nas mãos desde então, por que esperou todo esse tempo para dá-lo? Não tenho notícias de jornalista que segurou furo por tanto tempo, a não ser que tivesse motivos suficientes para omiti-lo.

Também já sabemos, pelo próprio Nelsinho, que a Fórmula 1 e a FIA haviam tomado conhecimento no ano passado da simulação do acidente, pois o piloto já havia contado a história aos papas do automobilismo mundial, como acaba de revelar. Se Reginaldo é pago para omitir as grandes mazelas, e nunca faz denúncias, parece óbvio que só deu o furo de Briatore depois de ter recebido o aval de todo o Cirquinho da F-1 e da FIA.

Conclusão óbvia: estou convencido de que nos encontramos de novo diante de armação minuciosamente urdida dentro da Fórmula 1 e da FIA, para ser usada como novo ato de moralização da categoria, escudo mesmo. Nelsinho e Briatore entraram nessa na qualidade de inocente-útil, e até mesmo o próprio Reginaldo pode ter se envolvido no caso sem ter consciência de estar sendo usado dessa maneira.

Já está claro que rolaram, antes do “furo jornalístico”, todos os tipos de acordos entre Nelsinho/Briatore e a organização da Fórmula 1 e a FIA, e que a direção de ambas só agora “autorizaram” Reginaldo a disparar a notícia, o que comprova o prestígio de que goza o jornalista na categoria. Está claro também que o próprio Reginaldo só entrou nessa para defender um brasileiro, Nelsinho, e incriminar Briatore, por razões que só ele conhece.

Aqui, um parêntese, pois tenho de deixar isto bem marcado: ao aceitar provocar o acidente de propósito, Nelsinho se colocou como o maior culpado, na história, e não pode mais ser respeitado como piloto. Por muito menos, Lewis Hamilton quase foi escorraçado da Fórmula 1. Olhe eu de novo moralista, condenando Nelsinho por algo que já foi muito comum na Fórmula 1, o acidente provocado. Não podemos esquecer que muitos dos grandes --- inclusive, Ayrton Senna --- provocaram acidentes nas pistas para ganhar o título. Portanto, não é preciso ser inteligente para perceber, como eu disse no começo, que estamos diante do típico caso do mal menor usado para encobrir o mal maior.

A Fórmula 1 começa a arrotar aos fãs o seguinte: “Aí está a prova, lavamos a roupa suja aqui dentro e não deixamos que a categoria se perverta e se corrompa. Solucionamos o problema, Briatore e mesmo Nelsinho já pagam pelos erros que cometeram, a Fórmula 1 está limpa de novo.” Assim, o futuro de Nelsinho e de Briatore já parece traçado.

Por ter feito a denúncia no ano passado, Nelsinho nem punição sofreu e voltará dizendo-se arrependido, pronto para começar tudo de novo. E Briatore pagará pelo que fez, mas também voltará um dia como aquele que errou uma vez e promete não errar mais. E o Cirquinho ganha assim sobrevida, enganando novamente fãs como eu e você, até quando não sei.

Devemos ter calma nesta hora. É fato, todos são arquivos vivos na Fórmula 1. Se a categoria frita, por exemplo, um chefe de equipe, um mecânico ou um piloto, ele pode pôr a boca no trombone e denunciar esse lado podre da categoria, levando-a a ficar totalmente desacreditada e a eventualmente ter de fechar as portas. Ora, a Fórmula 1 transformou-se num grande negócio, por nada neste mundo seus partícipes vão deixar a peteca cair. Ninguém que está dentro quer ver o circo pegar fogo e a F-1 fechar as portas.

Um que é arquivo vivo, e poderoso, é Flávio Briatore. Se contar um pouco do que sabe, pode acabar com a Fórmula 1 em vinte segundos. Por isso, eu disse que o entrevero Nelsinho/Briatore não deve se alongar. Briatore e seu diretor de engenharia, Pat Symonds, acabam de ser demitidos da Renault, mas não deverão ser maltratados por muito tempo e já, já, voltarão a ser acariciados. Mesmo Fernando Alonso, que tem tudo para sair também chamuscado do episódio, ficará ileso: é outro que, se contar um milésimo do que sabe, enterra a Fórmula 1. A categoria precisa tratar bem todos os que estão dentro do Cirquinho: uma ovelha desgarrada e pisoteada pode abrir a boca e pôr tudo a perder.

Outro que é arquivo vivo é Rubinho Barrichello. No final do ano passado, já fora da Fórmula 1 e em fim de carreira, deu entrevista à TV Globo, em que ameaçou contar tudo em livro, mostrando o que Ross Brawn fizera com ele nos tempos de Schumacher. Prometeu mostrar por que a Fórmula 1 é na verdade esse jogo sujo. Rapidinho, a categoria tratou de arrumar um lugar para ele, e Rubinho conseguiu livrar-se da aposentadoria.

Acontece que --- na Brawn do mesmo Ross que tanto o humilhara na Ferrari --- Rubinho voltou a ser preterido e a servir de novo de “escada”, e desta vez de maneira ainda mais acintosa: o brasileiro só veio a perceber muito tempo depois que a equipe já havia escolhido Button como número um bem antes de a temporada de 2009 começar. Rubinho ameaçou outra vez abrir a boca, rapidinho sua equipe solucionou o problema, e ele voltou a vencer, podendo até mesmo vir a ser campeão do mundo pela primeira vez este ano (se bem que acho já estar tudo arrumado para dar Button, mas...).

Grandes negócios como a Fórmula 1 sempre “arranjam” finais felizes para suas investidas. Ninguém quer perder a boquinha. E, em todo grande negócio, a casa precisa estar sempre bem arrumada para que tudo funcione a contento. Não é assim que as coisas caminham no capitalismo? Não estão aí o Estado, a política, o Direito, as religiões, o jornalismo e todas as instituições para azeitar as engrenagens e não deixar que esta sua capa protetora se corrompa e o próprio capital se destrua? Abraços a todos, Tom Capri
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