COMURBA – PIRACICABA (SP) 45 ANOS
(’60 A DÉCADA QUE AINDA NÃO ACABOU)
Os anos ’60 foram marcados pela exacerbação dos Direitos Individuais, que contrapunham-se aos direitos coletivos, assim entendidos, como os que a pretexto de vir atender aos interesses da coletividade eram na verdade manipulados em benefício de grupos ou de dirigentes, que encastelavam-se no poder, como senhores de baraço e cutelo.
Certo é que, os direitos civis ou individuais, já estavam devidamente codificados e identificados muito antes disso, tanto na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão adotados pela Organização das Nações Unidas respaldada na Lição Francesa de 1.789 e Americana de 1.891, mas não tinham ainda o caráter da efetividade, sendo colocados em segundo plano, com o “Estado” plenipotenciário ditando ao cidadão as mais singelas regras de conduta, sejam morais, religiosas ou políticas.
A guerra do Vietnã em muito contribuiu para a explosão dos movimentos, que propunham a superposição do individual ao coletivo opressor que, por exemplo, obrigava o jovem “a lutar pela pátria e morrer sem razão”, como diria o poeta, numa guerra que não era dele.
Um movimento que a princípio restringia-se a isso, incendiou-se como um rastilho de pólvora contagiante, empolgando as minorias, que consideravam-se injustiçadas por algo nem sempre palpável.
Assim, etnias que viviam à margem do processo, gays, lésbicas, trans, bissexuais, embalados nos sonhos de Martin Luther King aliaram-se à juventude, exigindo liberdade total para tudo o que é tipo de opressão, que se estendia da política, à moda trash, à mini-saia, ao topless e às drogas.
A década de 60 representou sem dúvida, uma revolução e um início de um ciclo, que em alguns lugares do mundo nem começou e que efetivamente não acabou. O mundo está a exigir um processo igual ou parecido, uma “nova guerra do Vietnã” filosófica, que devolva ao indivíduo o sopro dos ventos da primazia do direito individual, pois sem este o coletivo deixa, por extensão, de existir.
06 de novembro de 1964 – um dia comum, igual a muitos outros, onde a filosofia da década de ’60 engatinhava e ainda não se fazia sentir e no qual o período de exceção imposto ao Brasil pelos militares, ainda não tinha os contornos de uma ditadura implacável. Neste dia, Piracicaba no interior do Estado de São Paulo foi sacudida por um evento que iria marcá-la para sempre.
Uma cidade pequena, provinciana, atraída pela proposta desenvolvimentista dos anos JK, que nos deu a indústria automobilística e Brasília, apostou no crescimento vertical, com a idéia de tornar-se uma metrópole, uma novaiorque caipira e tão iluminada como a própria.
Arquitetos e engenheiros piracicabanos tomaram como protótipo o Edifício Copan, obra de Niemayer incrustada na avenida Ipiranga com São Luiz no centro nervoso de São Paulo e colocaram na prancheta um enorme espigão de quinze andares em formato de “S”, que seria construído lateralmente à praça central, com um quarteirão de extensão, cerca de cem metros.
Assim o fizeram e nasceu, o edifício Luiz de Queiroz, carinhosamente chamado de “COMURBA” em alusão à incorporadora.
Célere ganhou os ares e quando aproximava-se da fase de acabamento, um desastre! A perna do “S” localizada à direita de quem olhava o prédio da praça, simplesmente despregou-se da esquerda, ruindo como um castelo de cartas e matando dezenas de pessoas.
Muito especulou-se sobre os motivos que levaram a tal desastre. O corporativismo e o provincianismo agiram rápido e determinaram: eventuais culpadas foram as improváveis placas tectônicas (que só existem em lugares sujeitos a terremotos), que acomodaram-se exatamente naquele local.
Tal hipótese, por absurda, nunca foi levada a sério, mas serviu para silenciar divergências, pois nunca se ouviu falar que alguém tenha sido condenado a indenizar as famílias das vitimas, que à época por certo, não conheciam os direitos individuais, que a década de 60 consagraria depois.
Luiz Bosco Sardinha Machado
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A PALAVRA DA LEITORA
BLUE JEANS
O “Pensamento” dos anos 60/70 não foi influenciado por Martin Luther King, Malcolm X, Betty Friedann, e nem Kennedy teve esse privilégio ou qualquer outro líder Americano ou de outro continente.
Não foi uma busca pela Libertação, não foi uma busca por Igualdade de Direitos nem uma luta Racial e creio que nem mesmo pela PAZ.
Não foram os “Panteras Negras”, nem “Sutiãs Queimados”, Nem excluídos, nem ativistas ou militantes que influenciaram a juventude que representou a Cultura Hippie dos anos 60/70, ou melhor, a Contra-Cultura.
Não nasceu de mentes ou foi implantado per qualquer Sistema Político ou Econômico.
É a única forma de expressão que pode ser chamada com certeza de “Geração Espontânea”.
É um Paradigma Emergente, um Pensamento Sistêmico.
Não podemos analisar a essência do momento sob a ótica estruturada e organizacional de pensadores ou de lideranças políticas, grupais ou tribais.
Foi uma ebulição, uma efervescência de sentimentos e emoções.
Foi como um chamamento, uma espécie de “Campo dos Sonhos” e se existe um pensador que pode representá-lo, esse é o inexistente escritor eremita, criado por Phil Alden Robinson, baseado em livro de W.P. Kinsella e interpretado por James Earl Jones na pele do personagem“Terence Mann”.
O filme aborda a obstinação de um homem em busca de redenções e da realização de um sonho que parece absurdo, mas que tem um significado tão maravilhoso quanto o sentido da vida.
Escuta voz que diz “Se você construir ele virá”. “Alivie Sua Dor”. Como Abraão, ou um apóstolo, ele dá tudo que têm pela crença na fé, mas o faz de uma forma pura, que transcende aos dogmas e a obediência.
E os anos 70 surgem como uma espécie de catarse da humanidade. Uma absolvição dos pecados e do “carma” do livre arbítrio.
Aconteceu em todos os cantos do mundo simultaneamente, mesmo que reconhecida ou representada sob diferentes formas, aspectos e culturas diversas.
Até no Brasil temos exemplos não tão expressivos por que culturalmente éramos diferentes antes da globalização. Mauá foi um deles.
A humanidade e a existência é que importavam.
Fritjof Capra tentou inultimente representar e trancrever o que estava ocorrendo
Mas mesmo a ideia de “Movimento” não é suficiente para exprimir o fenômeno ou a fenomenologia.
Mesmo transitando entre a sabedoria oriental, drogas ou sob a vigilância da ciencia, o máximo que conseguiu foi chegar à “Terra de Ninguém” com sua metafísica ontológica.
Destruiu-se uma geração inteira em nome do tal “Milagre Econômico”, ou simplesmente provar a força de organizações facistas financiadas pelo dinheiro sem pátria como o foi a CIA e outras tantas.
Só quem lucrou com tudo isso foram alguns visionários como Brian Epstein. O produto cultural advindo da mobilização, da criatividade, da crença na “liberdade” enriqueceu os empresários e alimentou a mídia.
Foi um tiro no própio pé, pois os Estados Unidos, berço da “Máxima” PAZ & AMOR poderia ter sido o guia, o mentor das mudanças comportamentais e da evolução natural da humanidade.
Jamais ocorrerão Woodstocks, único e lendário, onde 500 mil pessoas se reuniram para cultuar o amor e a paz, sem pagar dízimos, somente os ingressos, na época 18 dólares e embalados pelo “SOM” e as drogas, mas não com o apelo que elas possuem hoje.
Não estou fazendo apologia, sou literalmente contra drogas sejam legais ou ilegais, só em casos de doenças onde são imprescindíveis. Estou analisando sob o contexto da época e dos acontecimentos, onde, para os jovens e somente à eles, o prazer era permitido sem culpas ou críticas. Onde tudo era coletivo e para o coletivo.
Um belo exemplo para a HUMANIDADE que anda as voltas com armas e ismos.
Pena que disso tudo só sobrou a calça JEANS.
O BLUE e a CAMISETA são hoje, somente, simbolos comuns das massas e da globalização.
E de S em S e SS´S, nunca punirão os culpados. Se até hoje não encontraram os assassinos de Kennedy o que dirá questionar uma Placa Tectônica que simplesmente engoliu uma “perninha” do S e matou algumas “almas anônimas”...
O SONHO ACABOU...
Maria Tereza Penna
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A PALAVRA DA LEITORA
BLUE JEANS
O “Pensamento” dos anos 60/70 não foi influenciado por Martin Luther King, Malcolm X, Betty Friedann, e nem Kennedy teve esse privilégio ou qualquer outro líder Americano ou de outro continente.
Não foi uma busca pela Libertação, não foi uma busca por Igualdade de Direitos nem uma luta Racial e creio que nem mesmo pela PAZ.
Não foram os “Panteras Negras”, nem “Sutiãs Queimados”, Nem excluídos, nem ativistas ou militantes que influenciaram a juventude que representou a Cultura Hippie dos anos 60/70, ou melhor, a Contra-Cultura.
Não nasceu de mentes ou foi implantado per qualquer Sistema Político ou Econômico.
É a única forma de expressão que pode ser chamada com certeza de “Geração Espontânea”.
É um Paradigma Emergente, um Pensamento Sistêmico.
Não podemos analisar a essência do momento sob a ótica estruturada e organizacional de pensadores ou de lideranças políticas, grupais ou tribais.
Foi uma ebulição, uma efervescência de sentimentos e emoções.
Foi como um chamamento, uma espécie de “Campo dos Sonhos” e se existe um pensador que pode representá-lo, esse é o inexistente escritor eremita, criado por Phil Alden Robinson, baseado em livro de W.P. Kinsella e interpretado por James Earl Jones na pele do personagem“Terence Mann”.
O filme aborda a obstinação de um homem em busca de redenções e da realização de um sonho que parece absurdo, mas que tem um significado tão maravilhoso quanto o sentido da vida.
Escuta voz que diz “Se você construir ele virá”. “Alivie Sua Dor”. Como Abraão, ou um apóstolo, ele dá tudo que têm pela crença na fé, mas o faz de uma forma pura, que transcende aos dogmas e a obediência.
E os anos 70 surgem como uma espécie de catarse da humanidade. Uma absolvição dos pecados e do “carma” do livre arbítrio.
Aconteceu em todos os cantos do mundo simultaneamente, mesmo que reconhecida ou representada sob diferentes formas, aspectos e culturas diversas.
Até no Brasil temos exemplos não tão expressivos por que culturalmente éramos diferentes antes da globalização. Mauá foi um deles.
A humanidade e a existência é que importavam.
Fritjof Capra tentou inultimente representar e trancrever o que estava ocorrendo
Mas mesmo a ideia de “Movimento” não é suficiente para exprimir o fenômeno ou a fenomenologia.
Mesmo transitando entre a sabedoria oriental, drogas ou sob a vigilância da ciencia, o máximo que conseguiu foi chegar à “Terra de Ninguém” com sua metafísica ontológica.
Destruiu-se uma geração inteira em nome do tal “Milagre Econômico”, ou simplesmente provar a força de organizações facistas financiadas pelo dinheiro sem pátria como o foi a CIA e outras tantas.
Só quem lucrou com tudo isso foram alguns visionários como Brian Epstein. O produto cultural advindo da mobilização, da criatividade, da crença na “liberdade” enriqueceu os empresários e alimentou a mídia.
Foi um tiro no própio pé, pois os Estados Unidos, berço da “Máxima” PAZ & AMOR poderia ter sido o guia, o mentor das mudanças comportamentais e da evolução natural da humanidade.
Jamais ocorrerão Woodstocks, único e lendário, onde 500 mil pessoas se reuniram para cultuar o amor e a paz, sem pagar dízimos, somente os ingressos, na época 18 dólares e embalados pelo “SOM” e as drogas, mas não com o apelo que elas possuem hoje.
Não estou fazendo apologia, sou literalmente contra drogas sejam legais ou ilegais, só em casos de doenças onde são imprescindíveis. Estou analisando sob o contexto da época e dos acontecimentos, onde, para os jovens e somente à eles, o prazer era permitido sem culpas ou críticas. Onde tudo era coletivo e para o coletivo.
Um belo exemplo para a HUMANIDADE que anda as voltas com armas e ismos.
Pena que disso tudo só sobrou a calça JEANS.
O BLUE e a CAMISETA são hoje, somente, simbolos comuns das massas e da globalização.
E de S em S e SS´S, nunca punirão os culpados. Se até hoje não encontraram os assassinos de Kennedy o que dirá questionar uma Placa Tectônica que simplesmente engoliu uma “perninha” do S e matou algumas “almas anônimas”...
O SONHO ACABOU...
Maria Tereza Penna