*Roberto de Oliveira Campos
A reunião da OMC em Seattle, que não chegou a um acordo sequer sobre a agenda da Rodada do Milênio, mais se pareceu com um carnaval hippie de Woodstock do que com as antigas reuniões semi-secretas do Gatt ou as graves pregações típicas das reuniões do FMI e Bird. Até certo ponto, é um progresso. Como cessaram as ameaças nucleares à sobrevivência, passamos a discutir o cotidiano da coexistência entre países industrializados e emergentes. Há 60 anos escrevia George Orwell que na Inglaterra a simples palavra "socialismo" ou "comunismo" atraía com força magnética bebedores de sucos naturais, nudistas, maníacos sexuais, naturalistas, charlatões, pacifistas e feministas. Como nota Charles Krauthammer, esse papel de atrair comportamentos exóticos é agora exercido por palavras como "livre comércio" e "globalização". Entre os novos exóticos figuram zapatistas, defensores de borboletas, inimigos da Nike (acusada de pagar salários baixos para produzir tênis baratos), amigos do Tibete, opositores de engenharia genética e "verdes" em abundância.