Em cerimônia realizada cerca de meio-dia (horário de Brasília), Sebastian Piñera assumiu o governo do Chile, no lugar de Michele Bachellet que deixa o poder com altos índices de aprovação, cerca de oitenta por cento. Apesar de tão altos índices, Bachellet não conseguiu eleger seu candidato Eduardo Frei, que foi derrotado em janeiro em uma eleição apertadissima.
Piñera um empresário milionário e grande acionista do clube de futebol Colo-Colo é um católico de posições conservadoras, considerado de “direita” por alguns governantes da America Latina e apeia do poder vinte anos de hegemonia de “La Concertacion” partido de Bachelet e que foi decisivo para a destituição do ditador Augusto Pinochet, uma das ditaduras mais sanguinárias do Cone Sul.
O novo presidente assume num momento crítico, com o Produto Interno Bruto dando mostras de recuo e a inflação recrudescendo, graças aos danos causados pelo terremoto.
Para enfrentar a dramática situação, Piñera propõe usar dois por cento do orçamento do país, para tentar levantar os trinta bilhões de dólares necessários à reconstrução.
GAFES E COSTUMES
Bachelet adentrou ao recinto do Parlamento chileno, localizado em Valparaiso, ovacionada por uma multidão que aplaudia e gritava seu nome.
Não houve discursos, eis que a cerimônia foi a mais breve possível, por respeito às vítimas do terremoto que assolou o país.
Michele Bachellet não passou a faixa presidencial à Piñeira, tarefa que coube ao presidente do Congresso chileno, Jorge Pizzarro, adversário declarado do novo presidente e cuja presença na cerimônia era incerta.
Jorge Pizzarro leu o termo de posse do presidente eleito e anunciou a execução do hino nacional, que apanhou Piñera mais preocupado em colocar um alfinete à faixa para que a mesma parasse junto ao terno.
A ausência do presidente Chávez à cerimônia já era esperada, porém mandou representantes em seu lugar.
Estranha foi a ausência do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O Itamarati deve explicações não só da ausência, como também da falta de representantes de primeiro escalão, como o ministro Amorim.
Todos os países da America do Sul, com exceção de Brasil e Venezuela, estavam representados por seus presidentes. Note-se que o presidente da Bolívia, Evo Morales, participou junto com Sebastian Piñera, no dia de ontem em Santiago de um jogo de futebol beneficente para arrecadar fundos para as vítimas do terremoto.
Lula da Silva por certo não participou deste jogo, mas o novo presidente chileno sentiu nas canelas, os chutes que seu parceiro brasileiro lhe pregou.
Luiz Bosco Sardinha Machado