O que leva as empresas a contratar os serviços de consultorias como a Projeto, do ministro Antônio Palocci?
O Brasil fechou a última semana com uma leva de boas-novas na economia. Na terça-feira 24, a agência Standard&Poor's elevou de estável para positiva a perspectiva para o rating brasileiro. No dia seguinte, a resposta para os bons fundamentos econômicos veio na forma de recorde de investimentos diretos estrangeiros: US$ 5,5 bilhões em abril, ou US$ 22,9 bilhões no acumulado do ano. Na quinta 26, foi a vez de o IBGE alardear mais um recorde brasileiro, com uma taxa de desemprego de 6,4%, a menor para meses de abril, em nove anos.
Tudo às mil maravilhas, não fosse por um pequeno grande detalhe. Enquanto o País esbanja alegria no campo econômico, o clima azedou na esfera política. A crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, cujo patrimônio cresceu mais de 20 vezes em quatro anos, reacendeu um debate recorrente no capitalismo: a contratação pelas empresas, a peso de ouro, dos serviços de ex-ministros e ex-funcionários do alto escalão do governo.
Até que ponto gastar milhões de reais com trabalhos de consultoria e palestras de ex-figurões vale a pena? Num país em que o Estado aumenta cada vez mais a presença na economia – para o bem ou para o mal –, não há presidente de empresa que não avalie os benefícios e os riscos de assumir relações comerciais perigosas e potencialmente explosivas com pessoas com bom trânsito nas entranhas do poder.
"Todos sabem que o Palocci é o Pelé da economia". Luiz Inácio Lula da Silva,
ao justificar a contratação da consultoria do seu ex-ministro pelas empresas