Base: 2008
Entre 2007 e 2008, produção de madeira caiu 5,04%
O valor da produção da silvicultura1 e do extrativismo vegetal2 totalizou R$ 12,7 bilhões em 2008. A participação percentual da silvicultura no valor da produção florestal passou de 68,7% para 69,3% entre 2007 e 2008, somando R$ 8,8 bilhões, enquanto a participação do extrativismo vegetal caiu de 31,34% para 30,7% no mesmo período, menor percentual desde 1990. O valor do extrativismo totalizou R$ 3,9 bilhões no ano passado, dos quais R$ 3,3 bilhões provenientes da produção madeireira, que apresentou queda. Estas e outras informações fazem parte da Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2008.
A extração vegetal não-madeireira somou apenas R$ 635,7 milhões. Os produtos não-madeireiros que se destacaram foram coquilhos de açaí (R$ 133,7 milhões), amêndoas de babaçu (R$ 115,6 milhões), fibras de piaçava (R$ 104,1 milhões), erva-mate nativa (R$ 102,6 milhões), pó cerífero de carnaúba (R$ 62,3 milhões), castanha-do-pará (R$ 45,7milhões) e cera de carnaúba (R$ 18,5 milhões). Em conjunto, eles somaram 91,7% do valor total da produção extrativista vegetal não-madeireira do país.
Na participação regional da produção desses sete principais itens, destaque para a Região Norte, com 92,2% da produção nacional de açaí (fruto), 95,4% da produção de castanha-do-pará e 12,4% da produção de fibras de piaçava. Já o Nordeste respondeu por 7,8% da produção de açaí (fruto), 99,6% da produção de amêndoas de babaçu, 87,6% da produção de fibras de piaçava e 100% das produções de pó cerífero e de cera de carnaúba. O Sul, por sua vez, teve como principal item do extrativismo vegetal não-madeireiro a erva-mate, com 99,9% da produção nacional. As regiões Sudeste e Centro-Oeste não apresentaram participação expressiva em nenhum desses itens.
No segmento da silvicultura, a produção de resina (oleorresina de pinus e de outras espécies florestais) somou 58.061 toneladas e a de cascas de acácia-negra, 158.548 toneladas. A produção de folhas de eucalipto, usada na fabricação de óleo essencial (eucaliptol), somou 58.326 toneladas, com o Sudeste respondendo por 76,7% do total, o Sul por 4,9% e o Centro-Oeste por 18,4%.
No grupo Alimentícios, apenas açaí (fruto) (11,9%), castanha-do-pará (1,3%) e umbu (fruto) (7,5%) tiveram aumento na produção. No grupo das Fibras, houve acréscimo nas produções de buriti (22,0%), carnaúba (2,0%) e outras fibras (52,6%); e no grupo dos Oleaginosos, de amêndoas de pequi (3,1%), tucum (0,5%) e outros oleaginosos (58,0%). A quantidade de carvão e as produções de lenha e de madeira em tora do extrativismo vegetal recuaram -12,2%, -4,1% e -13,8%, respectivamente.
Acréscimos em carvão vegetal, folhas de eucalipto e lenha
Entre os sete produtos florestais investigados no segmento das florestas plantadas (silvicultura), três tiveram ascensão: carvão vegetal (4,4%), folhas de eucalipto (9,9%) e lenha (7,5%). As produções de madeira em tora para papel e celulose, de madeira em tora para outras finalidades, de cascas de acácia-negra e de resina, apresentaram quedas de 4,6%, 2,5%, 7,9% e 11,6%, respectivamente.
O Pará concentrou 88,5% da produção de açaí
A produção nacional de frutos ou coquilhos de espécimes nativos da palmeira açaí em 2008 somou 120.890 toneladas, 11,9 % a mais que em 2007. O principal produtor é o Pará, que concentrou 88,5% da produção nacional. No estado estão 17 dos 20 maiores municípios produtores de frutos de açaizeiros nativos do país: Limoeiro do Ajuru, Ponta de Pedras, São Sebastião da Boa Vista, Muaná, Oeiras do Pará, Igarapé-Miri, Mocajuba, Afuá, São Miguel do Guamá, Inhangapi, Magalhães Barata, Barcarena, Cachoeira do Arari, São Domingos do Capim, Marapanim, Irituia e Santa Luzia do Pará. No Maranhão estão outros importantes centros produtores, como Luís Domingues, Carutapera e Amapá do Maranhão. Em conjunto, os 20 maiores municípios produtores responderam por 83,3% da produção nacional.
A concentração também foi grande na coleta de amêndoas de babaçu, que somou 110.636 toneladas em 2008: no Maranhão se concentrou 94,4% desse total. O segundo estado produtor foi o Piauí, com 5.070 toneladas; seguido pelo Ceará (359 toneladas), Tocantins (345 toneladas) e Bahia (341 toneladas). Os 20 maiores municípios produtores são maranhenses e detiveram 53,3% da produção nacional. O primeiro colocado é Vargem Grande, com 5.805 toneladas (5,2% da produção nacional).
A quantidade coletada de fibras de piaçava somou 78.167 toneladas no país em 2008, 4,8% abaixo da obtida em 2007 (82.096 toneladas). A Bahia foi responsável por 87,6% da produção nacional, e o Amazonas por 12,4%.
Paraná produziu 70,4% de erva-mate
Em 2008, foram colhidas 219.773 toneladas de folhas nos ervais nativos do país, recuo de 2,7% em relação ao obtido em 2007. O maior produtor foi o Paraná, com 154.701 toneladas (70,4% do total nacional). Seguem-no Santa Catarina (39.637 toneladas), Rio Grande do Sul (25.156 toneladas) e Mato Grosso do Sul (279.toneladas). No ranking dos 20 maiores municípios produtores, 16 são paranaenses e o primeiro colocado é São Mateus do Sul, que deteve 14,5% da produção nacional.
A produção de pó cerífero de carnaúba em 2008 somou 18.468 toneladas, menor em 805 toneladas que a do ano anterior (19.273 toneladas). O maior produtor nacional foi o Piauí, com 12.454 toneladas (67,4% do total nacional); seguido do Ceará (5.492 toneladas). Entre os maiores municípios produtores, 11 eram piauienses, oito cearenses e um maranhense. Ocupam a primeira e terceira colocações os municípios piauienses de Campo Maior (1.339 toneladas) e de Piripiri (876 toneladas), respectivamente.
Já a produção de cera de carnaúba somou 3.044 toneladas, queda de 4,6% na comparação com 2007. O Ceará foi o principal produtor nacional, com 81,4% do total nacional. Na segunda posição, o Rio Grande do Norte (17,2%). Maranhão e Amazonas completam a relação dos estados produtores, respondendo por apenas 1,4% do total produzido no país. Os maiores produtores no Ceará foram Russas, Granja, Morada Nova, Aracati, Cariré, Santana do Acaraú e Itarema.
Em 2008, a produção nacional de castanha-do-pará somou 30.815 toneladas, acréscimo de 1,3% em relação às 30.406 toneladas obtidas em 2007. O principal estado produtor foi o Acre, com 37,4% do total. Seguiram-no Amazonas (29,6%), Pará (20,1%) e Rondônia (6,2%).
Entre os 20 maiores municípios produtores, Rio Branco (AC) deteve 7,0% da produção nacional, seguido por Brasiléia (6,9%), Xapuri (6,7%) e Sena Madureira (6,3%).
Produção de carvão da silvicultura manteve crescimento, iniciado em 2002
A produção de carvão proveniente da silvicultura manteve sua trajetória de crescimento, iniciada em 2002. Entre 2007 e 2008, a alta ficou em 4,4%, somando 3.975.393 toneladas. Já o carvão oriundo do extrativismo teve sua produção reduzida em 12,2% no mesmo período, somando 2.221.990 toneladas em 2008. No total, a produção de carvão vegetal ficou em 6.197.383 toneladas no ano passado, 2,2% abaixo que a de 2007 (6.336.469 toneladas).
Em 2008, os principais estados produtores de carvão vegetal de florestas cultivadas foram Minas Gerais (78,3% da produção nacional), Maranhão (9,4%), Bahia (3,4%), Espírito Santo (2,0%) e São Paulo (1,9%). Quanto aos municípios produtores, destacam-se Curvelo (MG), com 173.598 toneladas (4,4% da produção nacional) e no Maranhão o município de Açailândia, com 132.172 toneladas (3,3% do total nacional). Em Minas Gerais, também foram destaques Araguari (168.676 toneladas), Felixlândia (161.313 toneladas), Pompéu (151.738 toneladas), Três Marias (136.460 toneladas) e João Pinheiro (132.967 toneladas).
Já os principais produtores do carvão obtido com material lenhoso da extração vegetal foram Maranhão (23,9% da produção nacional), Mato Grosso do Sul (18,7%), Minas Gerais (18,0%), Paraná (7,6%) e Piauí (7,6%). Entre os municípios, o maior produtor nacional em 2008 foi Bom Jardim, no Maranhão, com 74.618 toneladas (3,4% da produção nacional); no Paraná foi Cruz Machado com 61.620 toneladas; e em Minas Gerais, Felixlândia, com 55.738 toneladas.
Entre 2007 e 2008, a participação da lenha da silvicultura cresceu 2,9 pontos percentuais. No ano passado, a produção nacional ficou em 42.037.848 m³ de lenha da silvicultura e 42.117.639 m³ de lenha oriunda do extrativismo vegetal. No total, o país produziu 84.155.487 m³ de lenha, ou 1,4% mais que em 2007.
Na produção de lenha da silvicultura, os principais estados produtores foram o Rio Grande do Sul (33,9% dos 42.037.848 m³ produzidos no país), São Paulo (16,4%), Paraná (15,6%), Santa Catarina (13,3%) e Minas Gerais (12,7%). Na produção de lenha do extrativismo vegetal, os principais produtores foram a Bahia (23,4% dos 42.117.639 m³ coletados), Ceará (10,8%), Pará (8,6%), Maranhão (6,8%), Amazonas (6,5%) e Paraná (5,3%).
Os três maiores municípios produtores de lenha da silvicultura no país foram Araguari (MG), com 1.233.958 m³; Butiá (RS), com 830.000 m³; e Santa Cruz do Sul (RS), com 767.823 m³. Destaque ainda para o município paulista de Itapetininga, cuja produção somou 660.490 m³. Para a lenha oriunda do extrativismo vegetal, os maiores produtores são Euclides da Cunha (BA), com 680.000 m³; Xique-Xique (BA), com 668.739 m³; e Serra do Ramalho (BA), com 570.773 m³.
Fiscalização é responsável por queda da produção de madeira extrativa
Quanto à madeira em tora, a produção nacional de 2008 ficou aquém da de 2007 (121.520.350 m³), somando 115.389.259 m³. Destes, 87,8% foram provenientes de florestas cultivadas e 12,2% coletadas em vegetações nativas. A produção de madeira na atividade extrativista somou 14.127.359 m³, 13,8% abaixo da registrada em 2007. No segmento das florestas plantadas ou cultivadas, a produção somou 101.261.900 m³, decréscimo de 3,7% no mesmo período. A produção de madeira para papel e celulose ficou em 58.181.842 m³, e a de madeira para outras finalidades (construção civil, movelaria, construção naval, etc.) 43.080.058 m³. Em relação a 2007, a produção de madeira para papel e celulose caiu 4,6%, e a de madeira para outras finalidades apresentou declínio de 2,5%.
Os maiores produtores de madeira do segmento extrativista são Pará, com produção de 7.618.912 m³ (53,9% da coleta nacional); Mato Grosso, com 1.469.083 m³ (10,4%); Bahia, com 1.076.820 m³ (7,6%); Amazonas, com 1.102.976 m³ (7,8%); e Rondônia, com 834.946 m³ (5,9%). Os cinco municípios maiores produtores estão localizados no Pará: Tailândia, com 900.000 m³ (6,4% da produção nacional); Portel (750.000 m³), Baião (629.923 m³), Almeirim (595.760 m³), e Paragominas (546.620 m³).
Na produção de madeira de florestas plantadas para fabricação de papel e celulose, os principais estados produtores em 2008 foram São Paulo, com 14.485.708 m³ (24,9% dos 58.181.842 m³ produzidos no país); Bahia, com 11.924.025 m³ (20,5%); Paraná, com 8.504.978 m³ (14,6%); Santa Catarina, com 6.525.163 m³ (11,2%); Espírito Santo, com 5.876.628 m³ (10,1%); Minas Gerais, com 5.590.394 m³ (9,6%); Rio Grande do Sul, com 2.912.226 m³ (5,0%); e Pará, com 1.126.400 m³ (1,9%).
Entre os municípios, destaque para Conceição da Barra (ES), com produção de 2.615.561 m³; Nova Viçosa (BA), com 2.350.058 m³; Itapetininga (SP), com 2.080.730 m³; Aracruz (ES), com 1.799.511 m³; e Mucuri (BA), com 1.728.489 m³.
Já na produção de madeira para outras finalidades, os destaques foram o Paraná, com 13.838.196 m³ (32,1% dos 43.080.058 m³ produzidos no país); São Paulo, com 8.681.581 m³ (20,2%); Santa Catarina, com 7.954.808 m³ (18,5%); e Rio Grande do Sul, com 5.350.374 m³ (12,4%).
Os maiores municípios produtores são Itapetininga (SP), com 1.580.950 m³ (3,7% da total nacional); General Carneiro (PR), com 1.380.000 m³; Porto Grande (AP), com 1.320.178 m³; Cerro Azul (PR), com 924.630 m³; e Lençóis Paulista (SP), com 901.320 m³.
Notas:
1 Silvicultura é a atividade que se ocupa do estabelecimento, desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando a múltiplas aplicações, tais como: a produção de madeira, carvão, a produção de resinas, a proteção ambiental, etc.
2 Extrativismo vegetal é o processo de exploração dos recursos vegetais nativos que compreende a coleta ou apanha de produtos como madeiras, látex, sementes, fibras, frutos e raízes, entre outros, de forma racional, permitindo a obtenção de produções sustentadas ao longo do tempo, ou de modo primitivo e itinerante, possibilitando, geralmente, apenas uma única produção.
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Ricardo Bergamini