MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O FRACASSO DE NOSSA MIDIA


Tom Capri


Talvez o Estadão ainda tenha salvação. Será que há tempo?

Atenção, Brasil: nossa mídia fracassou, principalmente na sua maior missão, que é ser leão-de-chácara de instituições como o Estado, a política, as leis, a família, a religião etc., as quais aí estão hoje em dia --- é bom ter sempre isto em mente ---, apenas para proteger e defender o capital. Isto porque, há muito tempo, as redações do País foram invadidas pelo que temos de pior: essa gente que compõe a ala mais rasa e burra da direita. Tal ‘grupo’ --- numeroso, porém despreparado e medíocre --- não sabe nem mesmo como exercer esse papel conservador que está no DNA da mídia e é imanente a ela: a proteção do capital. Por isso, vem pondo tudo a perder, chegando até mesmo a dificultar e a comprometer a ação da direita mais lúcida e avançada, impedindo-a de fazer a contento o que vinha executando muito bem: mandar e impor suas vontades. Já é assim há anos na Veja, Folha, O Globo etc., agora começa a ser igualmente no Estadão. O jornal resistia como último dos moicanos, mas também está se deixando levar por essas forças obscurantistas, as mais retrógradas do conservadorismo nacional. Pena, porque o Estadão é indiscutivelmente o melhor e o único jornal sério brasileiro. Talvez tenha salvação, só não sei se há tempo para isso.

É muito triste ver o jornal em que comecei minha carreira, o Estadão, caminhar a passos largos para se igualar aos piores do País. É outro que está caindo nas garras da ala mais rasa e burra da direita, o que me permite farejar uma nova tragédia na imprensa brasileira, se nada for feito rapidamente. E já tenho minhas dúvidas se ainda há tempo.

Apenas quatro grupos dominam para valer a mídia impressa, no Brasil. O Grupo Folha, que prestava serviços à Ditadura Militar transportando presos políticos em seus carros de entrega de jornal, tem passado nada recomendável: muitos daqueles presos haviam sido torturados pouco antes e ‘sumiram’ depois. Nem Hitler havia tido colaboração assim tão explícita dos jornais alemães que o apoiavam em sua época.

A Editora Abril só conseguiu lançar a revista Veja por ter se escorado na Ditadura, da qual recebeu inúmeros benefícios, na forma de anúncios etc. O Grupo Globo, de velhas maracutaias, como a que resultou na conquista da TV Globo, continua tendo sua idoneidade questionada. Só restou o Estadão, que nunca foi santo: participou ativamente do Golpe de 1964 e, anos depois, foi ajudado pela Ditadura Militar para poder quitar dívida que o levaria à bancarrota. Mas teve coragem de lutar contra a censura e essa mesma ditadura sem abaixar a cabeça, daí ser o único gigante impresso do País a merecer ser preservado.

O problema é que, último reduto da grande mídia séria e minimamente consciente, o Estadão segue para o mesmo abismo em que já despencaram os demais veículos, sem que sua diretoria se tenha dado conta disso. A única dúvida é se ainda há tempo para salvá-lo.

Ruy Mesquita, a quem coube comandar a redação do Estadão, é hoje o mais capacitado jornalista da família Mesquita e um dos raros homens de comunicação sérios do seleto grupo de donos de jornal. Mas já passou dos 80 anos. Talvez não tenha tempo, em vida, para deter esse processo de deterioração do jornal com a atenção que o caso exige.

Não sei se os filhos, tanto dele quanto de Júlio de Mesquita Neto --- os herdeiros legítimos e com quem convivi nos meus 14 anos de Estadão (de 1968 a 1981) --- terão como enxergar e corrigir isso. Daí que o mais provável, mesmo, é vermos o Estadão transformado, em breve, num veículo com o mesmo espírito de Veja, por exemplo. Ou seja, num jornal de quinta categoria. Seria um desastre para o jornalismo brasileiro.

A mídia é conservadora por definição. Cabe ao jornalismo --- pois é para isso que foi criado e serve (basta estudar sua origem e constatar) --- não permitir que essa máquina institucional aqui referida (de proteção ao capital) se corrompa ou deixe de funcionar direito. É essa máquina, a qual inclui o Estado e a política, que azeita o capitalismo, tornando-se a grande responsável pelo sucesso do processo de acumulação.

O jornalismo destina-se a cuidar dela como se ela fosse seu filho dileto. É por isso, inclusive, que todos os gigantes da mídia são conservadores por excelência. Só que os veículos, que faziam muito bem no passado esse papel de cuidar da conservação do establishment, até mesmo para poder expandir suas taxas de lucro e acumular mais, perderam a mão e já não cumprem essa função com a mesma habilidade de então.

Ou seja, na imprensa nativa, para repetir expressão muito feliz frequentemente utilizada por Mino Carta (ler sua coluna na revista Carta Capital), esse processo de controle à distância, defesa e proteção do capital deixou de ser realizado a contento pela nossa mídia. Por quê? Por causa dessa invasão das redações por parte da ala rasa e burra da direita, processo que parece ser inevitável, mas não incontornável.

A mesquinharia tomou conta dos veículos, e o que se lê hoje é esse monte de asneiras --- um noticiário sujo e preconceituoso sem similar em nossa história ---, em textos na sua maioria equivocados e pseudocientíficos, indo dos editoriais às matérias propriamente ditas. Um acinte à razão. Mais: um desrespeito ao leitor mais atento e que já entendeu razoavelmente a realidade. Ou seja, o jornalismo opinativo dos editoriais e artigos de fundo, que tinha muito a mão do dono, foi entregue a essas consciências alienadas, um desserviço aos brasileiros que Mino Carta com muita propriedade criticou, por exemplo, em seu editorial da edição de número 566 de Carta Capital (página 20).

Mas quem é essa ala rasa e burra da direita que tanto mal faz assim ao País? É aquela faixa formada pela classe média alta à qual se somam, com papel de destaque, a pequena burguesia e a burguesia nacional. Renomadas inteligências e celebridades a ela pertencem, como Diogo Mainardi, de Veja, e Arnaldo Jabor, que hoje escreve para o Estadão e é também global. Muita gente que se imagina de esquerda faz parte dessa ala rasa e burra. Nela estão ainda os intelectuais brasileiros, com raríssimas exceções.

Trata-se de uma imensa vala comum de alienados, aos quais chamo de vir obscurus (o indivíduo que ainda ignora e não entendeu nada, mas imagina ter entendido tudo e representar a parte mais lúcida da sociedade como crê piamente o deputado estadual João Mellão Neto, revelado em recente artigo seu na página 2 do Estadão).

Vale repetir, esse ‘grupo’ desconhece que o Estado, a política, as leis e todas as instituições, incluindo a família e a religião, funcionam hoje como meros instrumentos de controle, defesa e proteção do capital, sem os quais este sucumbe. Daí defender cegamente o establishment por entender que o mundo regido pelo capital, além de ser ‘normal’ e ‘correto’ (“A vida é assim mesmo, não pode ser mudada”, diz), é o único possível e viável.

O traço mais marcante dessa ala rasa e burra da direita --- também nunca é pouco repetir --- é justamente acreditar em instituições como o Estado e a política, sem reconhecer e identificar o que elas de fato são. Recentemente, citei como exemplo, em comentário, a atual perseguição ao governo Lula, por parte da mídia que já se deixou embalar por essa ala rasa e burra da direita. Por achar que Lula sempre foi marxista e um dia vai ‘implantar’ o comunismo no Brasil, essa ala criou e disseminou o antilulismo no País, e o discurso vingou, assimilado principalmente por parte considerável da população paulistana.

O meio utilizado para tanto foi justamente a mídia já dominada por essa ala. Sim, houve mais motivos, como preconceito contra o nordestino e os tropeços de português do presidente etc., mas o que pesou mesmo foi o ‘socialismo’ de Lula e o rancor e a mágoa por ter ele alcançado inúmeras conquistas trabalhistas como líder sindical.

Não podemos esquecer que tais conquistas desorientaram na época muitas indústrias do ABC, cujos donos moravam na sua maioria em mansões ou belos apartamentos em São Paulo e eram vizinhos dos proprietários de Veja, Folha e Estadão. Nas últimas eleições municipais paulistanas, ficou claro que não foi Gilberto Kassab quem venceu, mas sim o lulismo que perdeu, representado no pleito por Marta Suplicy, principalmente depois que Lula a apoiou publicamente.

Desde as vitórias de Lula no ABC, a ala rasa e burra combate ferozmente Lula, e hoje tenta desestabilizar sistematicamente seu governo. Exemplo recorrente é a revista Veja, que em matéria de capa de recente edição, sob o título “O imperialismo megalonanico”, critica o governo Lula por se intrometer no conflito de Honduras. Em editorial a respeito na edição de número 566 de Carta Capital, aqui já mencionada, Mino Carta chama Veja de passadista e diz, citando Paulo Henrique Amorim, hoje na TV Record: “Nada mais representativo do atraso de quem se instala no topo da pirâmide do que a revista Veja, ‘última flor do Fascio’, segundo Amorim.”

As ações da ala rasa e burra da direita se assentam sempre na ética dos “dois pesos e duas medidas”. Embora se diga defensora do Estado de Direito e do respeito às leis, ela entende ser legítimo o golpe de estado que derrubou Zelaya em Honduras, pois o presidente eleito buscava um terceiro mandado, o que para ela é inconstitucional e justifica o golpe. Ao mesmo tempo, ela apóia abertamente Uribe ao ter aprovado a possibilidade de um terceiro mandato na Colômbia, por entender que naquele país tal mudança não é inconstitucional e pode. E por aí vai.

Já a direita mais preparada sabe que Lula fez pacto com o grande capital, de não-proliferação das velhas aspirações socialistas do PT, e tem feito um governo “pelo e para o capital”. Por isso, o apoiaria até mesmo num eventual terceiro mandato. Tem certeza de que Lula nem tem mais como se desviar desse seu novo caminho, de abandono do discurso socialista. De que Lula é, do ponto de vista do capital, o melhor presidente que o Brasil já teve, daí apoiá-lo para poder conservar esse imenso apoio que vem recebendo dele. Por isso, mostra-se preocupada com as eleições de 2010, pois ainda não encontrou quem possa ocupar à altura o lugar de Lula, já que ele não terá, ao contrário de Uribe, terceiro mandato.

Lamentavelmente, o Estadão também se deixou infectar pela visão de mundo rasa e pelas convicções cegas dessa gente medíocre (todas equivocadas e eivadas desse conservadorismo retrógrado). Isto não só nos editoriais da página 3, mas nas matérias e reportagens, e principalmente nos artigos da página 2 assinados por Denis Rosenfield, João Mellão Neto, Mauro Chaves, Demetrio Magnoli, Eugenio Bucci, Sandra Cavalcanti, Gaudêncio Torquato, sem esquecer daqueles que escrevem para outros cadernos e seções --- e que são piores ---, como Daniel Piza, Ethevaldo Siqueira e Carlos Alberto Sardenberg, entre outros nomes que não me ocorrem agora. Um time obscurantista de primeira, semelhante ao que quase levou Galileu para a fogueira, séculos atrás.

Leia e constate: é raro encontrar em nossa grande mídia algo mais execrável do que, por exemplo, a página 2 de hoje do Estadão, justamente por ser ela um verdadeiro diário de bordo dessa ala rasa e burra da direita. É tão triste ler aquilo que continuo me perguntando como a direção do jornal deixou que as coisas chegassem a esse ponto. Será que o Estadão sucumbirá a isso e deixará de ser jornal sério? Não posso aceitar. Ruy Mesquita, hora de abrir os olhos e reagir! O que está em jogo é a credibilidade de mais de 130 anos conquistada pelo jornal a duras penas. Abraços a todos, Tom Capri.

(Se você deseja entender melhor o que é essa ala rasa e burra da direita, e até saber se pertence a ela ou não, leia também meu comentário “Você é da ala rasa e burra da direita?”, no site www.virobscurus.com.br, link www.virobscurus.com.br/secao.asp?id=1&c_id=86. )