MEIO AMBIENTE E AÇÃO DO GOVERNO
* Ricardo Rose
Uma grave crise está assolando o sistema capitalista desde o final de 2008. O processo teve início no setorbancário americano, e, contaminado o sistema financeiro mundial, arrastou consigo outros setores da economia, provocando a maior crise econômica mundial, desde a quebra da bolsa de Nova York em 1929.
Até o momento cerca de 80 milhões de pessoas perderam o emprego em todo o mundo, devido à crise. Em muitos países houve quebra de dezenas bancos e falência de milhares de empresas. A crise só não foi maior, porque os governos interferiram imediatamente na economia, ajudando o setor privado através da injeção de recursos.
Ironicamente, foi o Estado, sempre considerado pelos economistas liberais e por muitos empresários como um obstáculo ao desenvolvimento da economia, quem ajudou o setor privado a sobreviver à crise. Grandes bancos americanos e empresas automobilísticas tradicionais foram ajudados financeiramente pela administração Barak Obama.
No Brasil, a pronta ação do governo, com a eliminação do imposto sobre produtos industrializados (IPI), permitiu que vários setores industriais – como a de eletrodomésticos, automóveis, material de construção, entre outros – continuassem a manter as suas vendas e mantivessem seus faturamentos e os postos de trabalho. A ação dos governos, no Brasil e em todo o mundo, foi decisiva.
Interferiu na economia, o que permitiu amenizar os efeitos da crise. Se tivessem seguido o receituário dos economistas liberais – confiando na auto-regulação dos mercados – a crise teria sido muito mais violenta, gerando catástrofes imprevisíveis – vale lembrar que a Segunda Grande Guerra (1939-1945) foi uma conseqüência direta da crise de 1929.
No entanto, no setor ambiental o governo também deveria interferir mais efetivamente, da mesma maneira como o fez na economia. A criação de leis e controles mais efetivos, financiamentos e incentivos, são instrumentos para colocar este setor em marcha, permitindo que além de se recuperar o meio ambiente, centenas de empresas e milhares de profissionais possam continuar atuando.
O governo deve apoiar mais efetivamente iniciativas como as dos Comitês de Bacias Hidrográficas, que prevê a cobrança do uso da água de rios pelos grandes consumidores. Pode apresentar emendas e apressar a aprovação de uma lei nacional de resíduos sólidos, que finalmente responsabilize todos os atores envolvidos na questão da geração de resíduos, perigosos ou não.
Além disso, o governo precisa criar incentivos e dar garantias, de modo a possibilitar que mais investimentos – principalmente do setor privado – sejam carreados para o setor de saneamento.
O Brasil tem grandes perspectivas para um futuro próximo. A situação econômica privilegiada, a continuidade do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a realização de grandes espetáculos esportivos de projeção mundial (Copa e Olimpíada) e as obras do Pré-Sal, sem dúvida movimentarão muitos recursos.
Mas, é preciso que neste contexto não sejam esquecidos os investimentos em meio ambiente. Mais importante que atividades passageiras, mesmo que estas movimentem muito dinheiro, é conservar os recursos naturais para as próximas gerações. E isto é uma atribuição do governo.
Ricardo Rose- Diretor de
Meio Ambiente e Sustentabilidade
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha
Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammer
E-mail: mambiente@ahkbrasil.com | Internet: http://www.ahkbrasil.com
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