A vida está sempre a nos testar para avaliar, aquilatar, nossos limites. Há coisas que temos que podar pelas raízes, antes que cresçam para que depois não tenhamos que lamentar suas conseqüências, a paixão é uma delas.
Não uma paixão qualquer, mas daquelas arrebatadoras, que quando não matam esfolam. Essa tem-se que afastar, antes que crie raízes e que se torne indomável.
O nosso leitor pode pensar que incorporamos o espírito de algum escriba já falecido, que escrevia amenidades ou estamos seguindo as trilhas de Danusa Leão, que por sinal, volta-e-meia, arrisca-se pelos labirintos da política. Se ela pode enveredar-se por um campo que não é dela, acreditamos que podemos também percorrer os labirintos da paixão, pois escrever coisas que gosta-se de ler, não é exclusividade de ninguém.
Esse preâmbulo vem a propósito de um depoimento que fazia o senador Artur Virgilio (PSDB/AM) em aparte ao cearense Carlos Jereissate (PSDB/CE), que discursava sobre o ENEM, cujas provas estranhamente vazaram, ocasionando o cancelamento das mesmas e um prejuízo aos cofres públicos de cento e quarenta milhões de reais.
Aqui um fato curioso. Sempre que o governo Lula cogita alocar verbas para uma situação emergencial, como foi a enigmática gripe suína e agora as novas provas do ENEM, o montante é sempre o mesmo: cabalísticos cento e quarenta milhões de reais.
Bem verdade que a gripe suína, que matou bem menos gente que o trânsito da capital de São Paulo mata em um ano, exigiu verbas complementares de três bilhões de reais, mais que suficientes para autorizarem a abertura de um rigoroso inquérito para apurar a lisura das contas do Ministério da Saúde. Mas, é uma outra história.
Dizia o político amazonense, que na época do episódio do “mensalão”, que na verdade era um propinoduto intermediado pelo mineiro Marcos Valério, para compra de apoio de deputados ao governo Lula, com a participação de toda a cúpula do Partido dos Trabalhadores, a oposição perdeu uma grande e única oportunidade para buscar o impeachment do presidente. Calculava ela, oposição, que um processo destes poderia causar uma crise institucional no país. E talvez causasse.
Mas crise institucional, é um risco do qual o país não está livre, pois os vícios de antes estão presentes agora e não são só maiores, mas também piores e à medida que vamos postergando as tomadas de atitude, a coisa vai chegar a um ponto em que a corrupção estará tão avassaladora que o Estado não conseguirá atender as demandas da população, o que poderá gerar crises sem precedentes.
A situação institucional do Brasil é muito séria e para curá-la meios-remédios não bastam.
Quando a Constituição “cidadã” de 88 foi idealizada, Ulisses Guimarães político matreiro e velho conhecedor do Poder Legislativo, deu ao Executivo poderes ilimitados, até ditatoriais, que geraram distorções como as que vemos diuturnamente.
Entretanto, o velho político do PSD não se esqueceu do Legislativo, de quem o Executivo tornou-se refém na aprovação de projetos de seu interesse e na rejeição de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), que poderia trazer constrangimentos às hostes governistas. Como a CPI da Petrobras por exemplo.
Como somente as nomeações e a liberação de verbas não bastam para apaziguar dissidências, surgem os mensalões e quetais, que nunca deixarão de existir. Apenas sofisticam-se, mudam de feição, profissionalizam-se, mas são os mesmos, causando inveja ao “modus operandi” de Marcos Valério. Cabe às oposições, ao invés de ficar lamentando-se, rastrear os dutos por onde circula o dinheiro da corrupção.
Corrupção é que nem paixão sempre vai existir, dependendo de nós para extirpá-la no nascedouro. Não se pode deixá-la tomar conta, senão chega, apropria-se e quando vai-se reagir é tarde demais.
Luiz Bosco Sardinha Machado
a leitora opina
a leitora opina
A corrupção só poderá ser combatida efetivamente quando o sistema for o alvo das mudanças.
Não basta elegermos uma pessoa honesta e de boas intenções, pois esta ao se deparar com o sistema de hoje (contratação de apadrinhados, barganha por interesses, poderes através das verbas diretas aos gabinetes etc... ) acaba inebriada pelo poder e fatalmente entrará no esquema.
A nossa luta deve ser para as reformas.
Sabemos que a oposição hoje no nosso país é a mídia e mesmo assim quando noticia um fato escandaloso (ex. passagens áreas gastas a revelia) não vejo nenhum repórter abordando alguém eleito pelo povo indagando o que ele fará para mudar aquela situação. O que vemos são eleitos se justificando, que não sabiam, que devolverá o dinheiro, que não mais agirá daquela maneira.
O que precisamos é mudar a abordagem. Muito bem foi detectado o fato, o que o Senhor Parlamentar fará para que isto não mais ocorra?
Caso contrário, continuaremos apagar incêndios com um método de extinção que mantém a temperatura da brasa, propiciando o surgimento das chamas a qualquer momento e muitas vezes com maior vigor.
Um abraço.
Rosmeire, São José do Rio Preto, SP
--------------------------------------ACHO QUE ISTO NAO VAI SER REVERTIDO, NAO.
SO COMECANDO UM NOVO MODELO, A PARTIR DO CAOS TOTAL PROMOVIDO, NAO
NECESSARIAMENTE, POR INICIATIVA DOS HUMANOS...
Um abracao Schess