MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

No – 138 – COLUNA DO SARDINHA








THE COPS AND THE COP







A Conferência do Clima, patrocinada pelas Nações Unidas, que na sua 15ª versão teve por sede a cidade de Copenhagen, capital da Dinamarca iniciou-se coberta de boa expectativa, frustrada pelo desenrolar dos acontecimentos.



Os que apostaram no fracasso da Conferência, parece que acertaram.



O primeiro desaponto partiu da constatação de que, o que fora acordado em Kyoto (COP3, 1992) pouco de efetivo foi implementado, o que por si só, já justificaria um enfoque mais conclusivo dos países participantes na atual Conferência.

CARTA A JUCA KFOURI "URGENTE"



Esta longa missiva é dedicada a Emir Sader e a J. A. Dias Lopes, o primeiro porque sei que acompanha Juca Kfouri com admiração e respeito como eu e Lopes porque, ainda que me considere muito radical tal qual Romeu Chap Chap, diz que não deixa de me ler.

E mais: as ilusões e os equívocos de nossa crônica esportiva a respeito de tudo, da leitura do menino cravado de agulhas à do Dilermando que matou Euclides da Cunha.


(Veja também por que temos tudo para dar novo vexame histórico na Copa da África do Sul e organizar em 2014 a pior Copa da história. Saiba também por que nossa crônica esportiva é responsável pela atual decadência do futebol brasileiro e por que são mínimas as perspectivas de solução para todos esses problemas)


Olá, Juca. Sou seu admirador, você sabe. Já pus isso até em livro. Também tenho dito que de vez em quando você me irrita. Nesta carta urgente, pretendo explicar isto e avançar um pouco no debate, expondo criticamente o que rola no nosso futebol. Eis o que mais me irrita no colega: sociólogo como eu, você ainda tem essa visão rasa e superficial da violência (como, por exemplo, a dos estádios). Custo a entender por que não adquiriu noção científica e correta ainda. Sem ofensa, o que houve com você na Faculdade?


A ciência autêntica já provou, e você com certeza entrou em contato com essa visão de mundo na sociologia, que todas as formas de violência, inclusive a dos estádios de futebol, são meros resultados de múltiplas causas. São apenas a parte que aparece do problema, nunca todo o problema. E que não adianta atacar o problema pelo que aparece dele (pela aparência). É preciso ir à sua essência e chegar às verdadeiras causas. Ou você vai à usina que gera a violência, e que normalmente está na sociabilidade, para extirpá-la com sucesso, ou fracassa e não soluciona o problema.


Não é possível que você ainda não se tenha dado conta disso, Juca. Na escola de sociologia, você com certeza aprendeu que nunca (NUNCA, mesmo) a individualidade do assassino ou do criminoso é responsável pelo assassinato ou crime que cometeu. Que o indivíduo é sempre levado pelas circunstâncias, com quase nada de arbítrio, ao crime ou às variadas formas de violência. Que ele é, sim, parte dessas circunstâncias, na medida em que é o executor do ato de violência, mas nunca a sua fonte geradora verdadeira, sua causa essencial.


Por exemplo, no caso do bebê que foi espetado por mais de 30 agulhas, os autores dessa terrível façanha é que são as maiores vítimas. Eles são o resultado de uma sociedade que, no dizer de Michael Jackson, está enferma e vem produzindo essas formas de loucura e de violência (a barbárie que aí está) em número cada vez maior e assustador. Culpar o autor de um crime, punindo-o às vezes até com a pena de morte, é o mesmo que culpar o sofá quando se flagra uma traição. Não entendo como você não tenha visto isto ainda.


E eu sei que o establishment condena (e até pune) quem tem uma visão esclarecida e se deixa guiar unicamente pela razão. Enfim, quem adota pontos de vista científicos e já comprovados pela ciência. Acabo de ler que os herdeiros de Euclides da Cunha querem processar a historiadora Mary Del Priore. A autora demonstra em seu livro Matar para Não Morrer que Dilermando de Assis, o ‘assassino’ de Euclides, reagira em legítima defesa a ataque do jornalista e escritor. Apesar disso, passou para a história como vilão e assassino, rótulos que o perseguiram até morrer e o perseguem até hoje.


Tudo isso para chegar à violência nos estádios e à sua postura (sua, de Juca Kfouri), diante de episódios como a invasão do Couto Pereira pela torcida do Coxa. Toda violência (TODA) é sempre insuflada e provocada por múltiplas determinações que normalmente se encontram fora das mentes que a urdiram e a executaram. A violência que vimos no estádio do Coxa, em Curitiba, não é exceção.


É muito raso, superficial e equivocado responsabilizar e condenar os jovens invasores do estádio ou as torcidas organizadas. É muito raso, superficial e equivocado analisar esse episódio (e todas as cenas de violência nos estádios) pelo que aparece dele. É muito raso, superficial e equivocado dizer “basta de impunidade, é preciso punir exemplarmente esses vândalos”, como fez quase toda a nossa mídia esportiva, em coro com o sociólogo Juca Kfouri. Dá para aceitar esse ‘entusiasmo-pela-aparência’ quando ele emana dos que não têm o preparo que você tem, Juca. Não de você.


Com toda sua experiência e a história que tem, já era para você ter superado esse seu vício de sucumbir às aparências. Algo me diz --- e isto é fácil de comprovar com os dados concretos que vimos rolar --- que os grandes responsáveis pela violência no Couto Pereira foram o comando da CBF e do nosso futebol e nossa mídia esportiva. A CBF e o comando do nosso futebol porque não vêm fazendo nada de concreto para levantar os clubes, à beira da falência, e ainda porque mantêm impunes a manipulação de resultados pela arbitragem e a eterna ‘proteção’ a alguns clubes amigos, como o Fluminense (e você sabe disso). A mídia esportiva porque grita aqui e ali contra, mas não leva mais nenhuma luta adiante, como fazia nos saborosos tempos de João Saldanha e Nélson Rodrigues que você viveu muito bem.


Dez dias antes de o Coxa ter sido rebaixado, nossa mídia esportiva inteira reconhecera que o Fluminense voltara a ser beneficiado pela CBF. Você mesmo, ao ver aquela anulação do gol legítimo do Palmeiras pelo árbitro Simon, disse que entendia a revolta do presidente Belluzzo. Com certeza, você disse aquilo porque também estava desconfiado de que havia alguma coisa de errado e de suspeito naquela ação de Simon. Mas sua revolta e compreensão pararam por aí.


Cerca de dez dias depois, insuflada desse jeito pelo comando do futebol brasileiro, com o silêncio parcial da mídia, era de esperar que a torcida do Coxa no mínimo fizesse o que fez, ao ver seu clube ser rebaixado daquele jeito no ano do centenário. É óbvio que aquele gol anulado do Simon funcionara como gota d’água para insuflar a torcida do Coritiba. Não só tirara a possibilidade de título do Palmeiras e o afastara da Libertadores, como também rebaixara o Coxa.


É inegável que houve clara ascensão do Fluminense na reta final do Brasileirão, mas não fosse aquela mão amiga do Simon e hoje o Flu é que estaria agora rebaixado, o Palmeiras na Libertadores (se não campeão) e o Coxa ainda na elite do futebol brasileiro. E o que fez você, Juca Kfouri? Teve uma visão abrangente e lúcida, quando Simon despertou a cólera de Belluzzo, mas caiu na leitura rasa e superficial, quando viu as cenas de violência da torcida do Coxa. Dois pesos e duas medidas.


A aparência (aquilo que você vê) é sempre enganadora, Juca. Sempre! Lembra-se de Galileu? Na época, a aparência provava cabalmente que a Terra estava parada e que o Sol girava em torno dela. O sujeito achava isso porque acordava pela manhã e via que o Sol nascia na janela do lado direito e desaparecia no final do dia na janela do lado oposto. Tal movimento aparente o levava a concluir, equivocadamente, que a Terra estava parada e que o Sol girava em torno dela todos os dias.


Aí veio o louco do Galileu e demonstrou o contrário: que a Terra é que se move e gira ao redor do Sol. O problema é que esta comprovação colocava em xeque a noção de Deus, pois até então a Terra e o homem, este feito à imagem de Deus, eram o centro do Universo, e ao redor deles tudo girava. Imediatamente, a Igreja (o establishment) se rebelou e tratou logo de obrigar Galileu a desdizer aquilo. Do contrário, seria queimado na fogueira. Galileu desdisse, desdisse a ciência, mas consta que, antes de morrer, reafirmou o que havia descoberto cientificamente.


É óbvio, portanto, que Juca Kfouri também seria condenado hoje, e até eventualmente punido, se assumisse postura assim esclarecida, deixando-se levar pela ciência que, não sei por que, você não assimilou direito na Faculdade. Veja, o medo de punição (como perder o emprego etc.) não pode levar você a insistir nessa inconsciência e obscuridade, a ponto de abandonar as verdades deste mundo. Ou seja, não pode em hipótese alguma tolher Juca Kfouri. Estou errado?


É por ter essa visão rasa e equivocada de tudo, adstrita às aparências, que você e nossa mídia esportiva em geral têm errado muito nas análises. Enumero a seguir alguns erros que você e a mídia esportiva em geral cometem, por estarem presos a essa visão de mundo rasa e obscura, que se limita à aparência e nunca vai à essência.


1 – Por exemplo, vocês nunca buscaram as verdadeiras causas da violência nos estádios. Apenas responsabilizaram os autores protagonistas dela, pedindo punição exemplar e cadeia a todos. Não perceberam que a usina da violência ainda está funcionando a todo vapor aí fora, na sociabilidade, e que ela continuará gerando em progressão geométrica novos atos como os que vimos no Couto Pereira, em Curitiba. Ao nunca enxergar as verdadeiras causas da violência, você e a mídia esportiva, na sua inconsciência e na sua inocência, colocam-se sempre, em boa parte, como cúmplices e como responsáveis por tais acontecimentos.


2 – Outro exemplo: ao ficarem adstritos unicamente às aparências, vocês estão sempre escolhendo o goleador artilheiro (ou aquele que faz os gols mais bonitos) como o melhor jogador da temporada. Ainda não perceberam que, na maioria das vezes, o goleador se torna artilheiro e autor dos mais belos gols porque seu time foi armado com inteligência e equilíbrio. Babam com os lindos gols, esquecendo-se do coletivo que preparou aquelas jogadas (isto é ficar preso à aparência e depois errar nas análises).


Por ser rasa assim, a mídia esportiva brasileira apontou Adriano como o melhor do Brasileirão-2009. E a argentina continua criticando Messi por ele não jogar na seleção como joga no Barcelona. Quer superficialidade maior?


Ninguém enxergou que Adriano não fez nada de novo, em 2009, e que só se destacou e voltou a fazer gols porque atuou no time mais inteligente e equilibrado do País, naquele momento. Mas Adriano não foi o melhor do Brasileirão nem o Flamengo jogou lá essas coisas. Ao mesmo tempo em que contou com um centroavante enfiado, Adriano, teve também o futebol eficiente e poderoso de Juan, Maldonado, Kléberson, Petkovic e tantos outros que, estes sim, fizeram a diferença, o que fez do Flamengo “o menos ruim” e “o melhor” entre os “ruins”.


Além disso, o Flamengo teve a sorte de enfrentar um Grêmio já rendido em seu último jogo, impedido de ganhar porque assim daria o título ao Internacional, seu arqui-rival. Isto sem contar com o fato de que, no Brasil, a maioria dos clubes joga dentro desse mesmo padrão tático, com centroavante enfiado, à la Adriano, o que nivelou os clubes por baixo e facilitou tudo para o time da Gávea.


Quer ver como é rasa e superficial essa sua forma de pensar e também de nossa mídia esportiva? Com queimadura no pé, Adriano não atuou num dos últimos jogos do Flamengo. Zé Roberto, que nunca foi centroavante de ofício como Adriano e o substituiu, deu conta do recado e o Flamengo foi bem naquela partida. Quando Adriano voltou, o time caiu de produção e não foi bem, como por exemplo contra o Goiás. Se, por todas essas razões, o Fla não tivesse ganhado o título do Brasileirão, é óbvio que Adriano não teria sido escolhido pela mídia como o melhor jogador do torneio. Ou seja, mesmo tendo jogado as mesmas partidas e atuado da mesma forma que atuou, sem tirar nem pôr, Adriano não teria sido considerado o melhor do campeonato se o Fla não tivesse sido campeão. Isto não é raso e superficial?


O mesmo acontece com a mídia esportiva da Argentina. Os hermanos argentinos não conseguem entender que Messi joga bem no Barcelona e não na seleção porque o time espanhol é inteligente e equilibrado, ao contrário do selecionado argentino. E que todo craque só se apresenta como craque, e é de fato craque em campo, quando o coletivo vai bem. Cristiano Ronaldo também não consegue ser o craque do Manchester United e agora do Real Madri quando joga na seleção portuguesa. Já perdeu de quatro do Brasil, desapareceu em campo. Com Maradona acontecia o mesmo. Em 1982, perdeu de três do Brasil quando foi anulado por Telê Santana/Batista.


3 – Por ficarem presos assim às aparências, você e nossa mídia esportiva também não conseguem perceber para onde caminha o futebol. Não realizaram ainda que tudo flui (está em movimento) e, portanto, em mutação, inclusive o futebol. Não viram que hoje se dá melhor o time que mescla juventude com experiência e contrata jogadores completos e versáteis, que fazem tudo em campo e bem: defendem, armam, atacam e finalizam, à la Maldonado e Petkovic (até goleiros como Rogério Ceni), armando um conjunto equilibrado e eficiente.


O futebol brasileiro, ao contrário, continua caminhando em direção oposta. Ainda trabalha com especialistas em cada posição e, como Tostão, acha que “quem deve atacar é o atacante e, defender, o defensor”. Até Dunga, que deu um jeito na Seleção, pensa dessa forma antiquada, embora esteja mais avançado que Tostão. Insiste em jogar com um centroavante enfiado, quando conta com três dos mais versáteis e completos atacantes do mundo, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho. Não percebeu que, se trouxer de volta Zé Roberto e passar a jogar com os três craques no ataque, mantendo o restante do time que vem jogando, a Seleção se torna imbatível.


É quando o time investe num coletivo assim que aparece o futebol-arte do craque, como aconteceu no Corinthians de Ronaldo, no primeiro semestre. O time tinha só jogadores versáteis, lépidos e ágeis, jogando ao mesmo tempo como defensores, armadores, atacantes e finalizadores, todos em função de Ronaldo. Por causa disso, o Fenômeno voltou a mostrar seu futebol-arte. Já no segundo semestre, sem esse coletivo eficiente e equilibrado, voltamos ao Fenômeno acima do peso e não tão eficaz.


É por pensarem dessa forma --- e por estarem, na sua inconsciência, impotentes para impor as necessárias mudanças --- que você e nossa crônica esportiva são responsáveis pela atual decadência do futebol brasileiro. Nisto, se somam à CBF e ao comando do futebol, tão rasos e inconscientes quanto. E são mínimas as perspectivas de solução, razão pela qual, se nada for feito, caminharemos para dar novo vexame histórico na Copa da África do Sul e para organizar em 2014 a pior Copa da história.


Urge que você se supere --- e passe por cima desse mundo enganador das aparências --- para ficar em condições de ajudar a resolver os problemas aqui apontados. Afinal, para quê você se tornou jornalista? E sociólogo? Foi para isso, não?


Não temos mais com quem contar a não ser com consciências como a sua. Conhecendo você como conheço, tenho certeza de que abraçará mais esta causa, mesmo que a um preço muito alto, e que fará dela seu maior desafio e vencerá. Por estar assim preparado, você é a consciência possível de nossa crônica esportiva. Mas só a tirará do atual marasmo se abraçar a causa e avançar. Só a verdade é revolucionária e ela está em suas mãos. Você não tem muito tempo para fazê-la vingar.
Tom Capri.