O mal ronda o mosteiro
Do Correio do Brasil
Por Sérgio Nogueira Lopes
Resolvido o último escândalo da fila, na falta de outro maior ou da tragédia de praxe, o balão de ensaio da vez, nos meios de comunicação, explodiu sobre o belo Colégio São Bento, ao lado do secular mosteiro às margens da Baía de Guanabara, no Centro do Rio. Não bastasse a defesa intransigente do consumismo desenfreado e dos consumidores mais afetados da classe média alta, os porta-vozes deste segmento social primam por desconstruir os valores mais caros à nação que busca, incansavelmente, deixar o estágio de Terceiro Mundo, de país em eterno desenvolvimento, rumo a outro patamar de civilidade e de desenvolvimento ético e moral.
Os franceses, além da injusta fama de mal-humorados, orgulham-se dos símbolos de seu país de maneira atávica. Entre outros pontos, sentem-se gratificados por um grupo de monges produzir o licor cuja fabricação é um segredo milenar, jamais divulgado pela Ordem da Grande Chartreuse, monastério localizado nos arredores de Grenoble, povoado fundado nos idos de 43 a.C. nos Alpes du Delphiné. Os religiosos que fabricam a bebida, reverenciada como um autêntico ‘elixir da vida’, gozam do respeito e do carinho de todos os cidadãos e cidadãs da Republique.