MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

domingo, 13 de setembro de 2009

O SOCIALISMO DE INVENÇÃO - parte 2


Simon Bolívar não se propunha um teórico e nem escreveu uma teoria estruturada metodologicamente.

Suas idéias foram produzidas na dialética do conhecimento, na observação inteligente da realidade sul-americana e nas experiências políticas e militares em que se envolveu de corpo e alma, a partir de uma intuição muito aguda e da vasta cultura que adquiriu ao longo da sua vida. Produziu, assim, uma obra extensa que se espalha em mais de dez mil documentos escritos, de toda espécie: cartas, jornalismo, manifestos, mensagens, discursos, doutrinas militares e políticas, legislações, decretos, projetos constitucionais, etc.

Em todos, até em cartas de amor, jamais deixou de incluir pensamentos inovadores e originais que, coligidos, formam o corpus de um pensamento de enorme importância universal, sob os aspectos político, econômico, social, humanista e, antes de tudo, socialista, revolucionário, libertário, e de tal maneira visionário que só agora, no século 21, no bicentenário de sua autoria, é que começa a ser de fato entendido e aproveitado em favor da realidade americana e mundial.

É bastante a leitura de alguns de seus textos mais célebres para perceber que Bolívar é o precursor do que aqui chamamos Socialismo de Invenção, que já demonstra superar o socialismo científico, e promete ser o que logrará, enfim, alicerçar a revolução socialista de que a Humanidade necessita para se safar da autodestruição capitalista e conquistar a harmonia existencial com o planeta Terra, e, portanto, a própria sobrevivência nele pelo tempo em que o destino cósmico do nosso sistema solar o permitir.

“Uma importante espécie biológica está em risco de desaparecer pela rápida e progressiva liquidação de suas condições de vida: o homem” – advertia Fidel Castro num pronunciamento na ONU, em 1992.

Bolívar começou cedo, aos doze anos de idade, como discípulo de Simon Rodriguez, sábio historiador e professor que, como pensador, pode ser classificado entre os socialistas utópicos, ainda que desiludido: “Quis fazer da terra um paraíso para todos, e a fiz um inferno para mim”, sentenciou ao fim de sua longa vida. Neste “paraíso para todos” estava a sua ilha de utopia.
Ainda assim, Simon Rodriguez e sua obra foram de fundamental importância para o processo libertário latino-americano em particular quando demonstrou, com pioneirismo, a necessidade de sermos originais em nossa América: “Veja a Europa, como inventa; veja a América, como imita. Por que só não imitamos o que da Europa se deve imitar: a originalidade”. Ou inventamos ou erramos, era o seu lema, que também foi o título de uma de suas obras mais decisivas e mais influentes na formação de seu discípulo Bolívar.

A partir das lições do mestre, Bolívar estruturou seu pensamento e ação revolucionária para o propósito da “criação de uma sociedade inteira” na América; porém, o fez sem aquele idealismo utópico que iludira o mestre, mas, sim, com uma leitura crítica da Humanidade, cujo ceticismo - de quem não aceita de forma alguma mentir, nem para si mesmo -, o aproxima das análises críticas de Maquiavel e de Tucídides:

“A natureza, para falar a verdade, nos dota, ao nascer, do incentivo da liberdade; mas seja por negligência, seja por uma propensão inerente à humanidade, a verdade é que ela repousa tranquila, ainda que presa às amarras que lhe são impostas. Ao contemplá-la neste estado de prostituição, parece que temos motivos para nos persuadirmos de que a maioria dos homens tem por verdadeira aquela humilhante máxima, que mais custa manter o equilíbrio da liberdade do que suportar o peso da tirania. Oxalá esta máxima contrária à moral da natureza fosse falsa! Oxalá esta máxima não estivesse sancionada pela indolência dos homens em relação aos seus direitos mais sagrados!”

Se não caiu na ilusão utópica que estimulou os anseios de felicidade e igualdade social e, portanto, o pensamento socialista que o antecedeu, tampouco Bolívar embarcou no cientificismo que começava a entrar em moda entre os pensadores de sua época, e que acabou predominando até há poucos anos, quando ruiu junto com o muro de Berlim: “difícil apreciar onde termina a arte e principia a ciência”, pensava. Não encampou a idéia, que começava a vicejar, redutora dos processos libertários a fatores meramente econômicos, ainda que não desprezasse tais fatores, nem cogitou que para conquistar a vitória revolucionária era bastante a apropriação dos meios de produção pela luta armada contra a burguesia capitalista. Seu pensamento ia muito mais longe; para ele, a liberdade haveria de ser, antes de tudo, uma conquista do saber, ou seja, uma conquista cultural e moral:

“Dominaram-nos pelo engano mais que pela força; e pelo vício degradaram-nos mais que pela superstição. A escravidão é filha das trevas; um povo ignorante é um instrumento cego de sua própria destruição; a ambição, a intriga, abusa da credulidade e da inexperiência dos homens alheios de todo conhecimento político, econômico ou civil: adotam como realidades as que são puras ilusões, tomam a licenciosidade pela liberdade, a traição pelo patriotismo, a vingança pela justiça”.

Com argumentos demolidores contra a escravidão e a ignorância dos povos, fatores que, desde a antiguidade até a sua época ainda eram aceitos como “fatores naturais”, uma vez que “os homens nascem diferentes”, Bolívar começou pela libertação dos escravos e focou no acesso das massas populares à educação, ao conhecimento e à cultura a sua estratégia revolucionária. Em pouco tempo, suas idéias, e a prática libertária que delas se seguiam, desesperavam os impérios europeus que haviam “descoberto”, na América Latina, a mais suculenta fonte de saqueio de todos os tempos: o espanhol, contra o qual lutou diretamente e que expulsou em definitivo; o inglês, que, através dos Estados Unidos, retrucou com a Doutrina Monroe; e é bem provável que o “aventureiro” a que D. João VI se referira a Pedro I em seu célebre conselho de pai para filho, teria sido Bolívar, que, na época, já descia pelo cone sul criando e libertando nações, temido pelas elites e oligarquias coloniais como se fosse um novo Napoleão, figura histórica que já escaldara o assustadiço império português.

Bolívar tratava de inventar a Gran Pátria, americana por excelência, com personalidade própria e diferente dos modelos de República então conhecidos. Pensava e punha em prática idéias inovadoras e proto-socialistas através de inflamada oratória e de artigos jornalísticos, a que acompanhavam manifestos, legislações e projetos constitucionais que se balizavam por um estado laico e respeitoso das liberdades religiosas, de plena e efetiva igualdade democrática e racial, sem escravidão, sem despotismos, sem corrupção, estruturado em um forte e prioritário investimento público em educação de qualidade para todos, independente de berço, credo, raça ou classe social.

“Ser culto para ser livre”, sintetizou assim a ideologia de Bolívar um dos mais célebres bolivarianos históricos, aquele que se tornaria o gênio libertador de Cuba: o poeta, escritor, pensador e guerrilheiro José Martí. Bolívar lutava pelo direito de cada nação, cada povo, construir a sua própria pátria socialista, criando e inventando, com base em suas culturas e costumes, o verdadeiro Estado nacional, que nunca seria o ideal, mas o real, o mais próximo da verdade endógena que se gesta numa nacionalidade. “Cada povo, cada nação, tem o direito de inventar e construir a sua própria pátria; e, se o fizer, esta pátria será uma pátria socialista e democrática” – costuma dizer Hugo Chávez, citando Bolívar.

Ou inventamos ou erramos.

A obra de Bolívar não cabe avaliar nem analisar em profundidade em nosso minúsculo espaço de comunicação, que, nestes artigos, se propõe apenas a divulgá-la. Mesmo assim, chamamos para uma terceira e última parte, a seguir, na próxima Gazeta, onde comentamos algumas de suas conseqüências históricas e atuais.



Mario Drumond

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