O Jornal Nacional da Rede Globo do dia 9/4, sexta-feira, deu bem a medida do que será a campanha das eleições presidenciais deste ano. A “Venus Platinada”, que até já elegeu Collor, um presidente de proveta, começou a mostrar suas garras.
O presidente Lula, devidamente multado duas vezes por fazer campanha político-eleitoral extemporânea de sua candidata de algibeira, “descobriu” – será que foi João Santana, o marketeiro do PT, que teve a idéia? – que afrontar a Justiça Eleitoral, a que o multou, poderia render belos dividendos, como tempo extra na TV para fazer campanha de sua candidata, pôs em prática a tática de fazer com o limão que lhe dão, uma bela limonada.
E saiu por aí, desancando a Justiça Eleitoral e fazendo campanha dissimuladamente aberta, afrontando nossa ordem jurídica que volta-e-meia dá suas claudicadas.
Na sexta-feira, no entanto, o presidente extrapolou. Lula compareceu a um evento político-partidário do PCdoB e diante de um microfone, que continha um cartaz com o nome da sua candidata, voltou a desancar a Justiça.
Só que desta vez, em nítido concerto com a Rede Globo, que anunciou pela voz cavernosa do apresentador: “Fala de Lula causa descontentamento no Poder Judiciário”, que fez o telespectador desavisado pensar que estaríamos diante de uma séria crise institucional, até explicável pela gravidade dos fatos. Mas, longe disso, a emissora apenas limitou-se a trazer a fala do ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que simplesmente repetiu o óbvio, nada trazendo da “crise institucional” que a Globo alardeara.
Esta jogada de marketing foi tão nítida e tão abusada, que os mentores de tal desplante nem preocuparam-se em esconder o cartaz e lá ficou o presidente/misto de cabo eleitoral, um minuto e meio ou mais, fazendo propaganda de sua candidata, desafiando e ferindo um dos poderes da República.
Quando a Justiça não funciona ou o faz precariamente, ocorrem diversas coisas, que no fritar dos ovos, prejudicam a sociedade como um todo.
Assim, as regras são necessárias para ordenar e permitir a convivência social. Quando o Executivo desrespeita a lei e ainda o órgão responsável pelo cumprimento dela, instala-se qualquer coisa, menos a democracia.
Evidente que Lula é um subproduto de um sistema criado pela Constituição de ’88, que permite abusos de todos gêneros, estando atado às corporações que manipulam a seu favor as rédeas do Estado e que não mede artimanhas e artifícios para eleger quem lhes convém.
Cabe à sociedade civil pressionar o Judiciário para que aja em defesa de seus interesses que não são necessariamente os de grupos de pressão, que naturalmente defendem interesses próprios.
Se a sociedade civil assim não proceder, não poderá depois exigir de quem quer seja, que trabalhe em seu benefício.
Luiz Bosco Sardinha Machado, jornalista – MTE 58114/sp
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