O sul-americano e o brasileiro em particular devem achar desnecessária e equivocada a campanha patrocinada pela FIFA durante a Copa do Mundo, cujo mote era “Diga não ao racismo” (Say no to racism, em inglês).
Desnecessária? Até que não, pois dirigia-se preferencialmente ao público europeu e norte-americano, cujos países estão sendo invadidos por estrangeiros, a maior parte do terceiro mundo, em busca de melhores condições de vida que não encontram nos países de origem. Tais imigrantes provocam insatisfação por disputarem os postos de trabalho existentes, que a priori deveriam ser dos cidadãos locais. Daí a explosão do racismo.
Equivocada? Sim em grande parte.
Ao combater o racismo, a FIFA está de certa forma, descarregando a consciência e dando satisfação ao público, que vê a entidade apenas preocupada em arrecadar, priorizando o lado material do que deveria ser um esporte.
O equívoco estaria em que, ao preocupar-se com o racismo, o órgão estaria atacando, não a causa da luta racial, mas uma das conseqüências dela, gerada por problemas maiores, que passam pela ausência de oportunidade, de desenvolvimento, de tecnologia, que são em ultima análise os responsáveis pela miséria e pela fome que grassam no mundo e que por certo serão os grandes desafio do século vinte e um.
Fica muito simples e fácil aplicar-se dez, vinte mil dólares numa campanha, contra o racismo, que demanda muito tempo para obter-se resultados, que são de difícil aferição, do que investir-se uma quantia substancial na geração de emprego e renda nos países de origem dos imigrantes, que estão literalmente tomando de assalto os países ricos em busca de um Eldorado, que na maioria das vezes não passa de uma miragem num deserto onde só há desilusões.
Perdeu a FIFA uma grande oportunidade. O continente africano, palco do ultimo mundial de futebol, onde o problema da fome e da pobreza atinge níveis críticos, seria o lugar ideal para iniciar-se uma campanha para instar que todos os países do globo voltassem as atenções para este continente, onde a maioria da população ainda vive em condições sub-humanas .
Seria importante, que os países desenvolvidos dirigissem seus esforços para propiciar às nações africanas máquinas, sementes, tecnologia e dinheiro produtivo para possibilitar a geração de emprego e renda.
O indivíduo encontrando em seu próprio meio as condições que necessita para uma sobrevivência digna, por certo não iria abdicar do direito de viver em sua terra natal, diminuindo com isto as explosões de racismo, que estão se tornando comuns na Europa e Estados Unidos.
No pós-guerra, Japão, Coréia do Sul, China e muitos outros continentes e países conseguiram através do trabalho e da cooperação dos países ricos sair da condição de extrema pobreza para um desenvolvimento exemplar em todos os níveis.
Se o mundo não der, com a máxima urgência, a devida atenção à África, este verdadeiro caldeirão em ebulição logo irá explodir e os salpicos de tal explosão irão respingar pelos demais países do globo e a segregação racial será um fato sensível e palpável para todos, com conseqüências imprevisíveis.
Luiz Bosco Sardinha Machado
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