Como dizem: uma confusão nunca vem sozinha. Por isso mesmo as comunidades de Barreirinhas, Santa Quitéria e Urbano Santos se entrosam cada vez mais a fim de se oporem ao avanço do agronegócio da soja e do eucalipto e das carvoarias da Margusa sobre as áreas de Chapada dos três municípios. Atribui-se uma real importância às reuniões em que as comunidades, entre tantos encontros e desencontros, malham os Judas que vendem as suas terras para os forasteiros.
Os moradores do Pau Serrado, povoado do município de Santa Quitéria, encarnam a agricultura familiar e o extrativismo em seus refúgios de roça, de capoeira e de bacurizais. Ali, na fronteira entre Santa Quitéria e Barreirinhas, a pobreza material e a pobreza espiritual, ao menor descuido, enlaçam um ou mais de um ou até mesmo uma associação.
Basta um emissário escancarar, para quem quiser ouvir, um ministério de promessas para o mais cético bestar.
A comunidade de Passagem do Gado, município de Barreirinhas, vendeu uma parte de sua área para o senhor Leandro Costa Soares desmatar a mata nativa e plantar soja ou eucalipto. Só que parte de Passagem do Gado se trumbica com Pau Serrado e Sucuruju, povoados do município de Santa Quitéria. Então, o Leandro comprara parte de Passagem do Gado e contando com a subserviência dos seus moradores já estava entrando para fazer os picos nas áreas de Pau Serrado e Sucuruju.
Houve reação da parte dos moradores dos dois povoados que impediram a demarcação. Mais tarde, outras comunidades de Santa Quitéria, como a do Pólo Coceira, engrossaram o caldo da resistência, assim como a comunidade de São Raimundo, município de Urbano Santos.
Essas e outras informações foram passadas durante o I Seminário na Região de Povoados sobre o rio Jacú que aconteceu no povoado dos Anajás dos Garcês, povoado de Barreiirnhas, no dia 26 de junho de 2010.
O Leandro queria dar uma de sabido ou de João sem braço e por isso acabou encofado numa confusão sem fim com as comunidades e com os movimentos sociais de Barreirinhas, Santa Quitéria e Urbano Santos.
Ele engatilhara o desmatamento, antes mesmo de demarcar a "sua área".
A comunidade de Passagem do Gado entrou com pedido de uso e ocupação do solo junto a secretaria de meio ambiente de Barreirinhas para plantio de arroz e outras culturas. Existe uma lei que proíbe o desmatamento, a produção de carvão vegetal e o plantio de monoculturas no município de Barreirinhas. A comunidade obteve a licença da prefeitura, mas quem usufruiria dela seria o Leandro.
Outro esperto, não na mesma reza, mas com um terço similar, tentou e tenta tomar à força áreas da Passagem do Gado e da Jurubeba, outro povoado das imediações. Um tal de André entrou com um pedido de reintegração de posse contra os moradores da Passagem do Gado apresentando documentos forjados de compra de posse.
Interessante é que a juíza da comarca de Urbano Santos, na época, 10 de fevereiro de
2010, doutora Débora Jansen Castro, concedeu a liminar favorável ao André porque ele favoreceria o meio ambiente ao entregar a área para a Margusa desmatar e transformar tudo em carvão. A comunidade de Passagem do Gado dera preferência ao Leandro porque prometera dinheiro e custear a roçagem com trator para eles. Quem avalizou esse acordo fora o Iterma, afinal a comunidade detinha um titulo de terras.
Barreirinhas é o município maranhense com maior número de assentamentos estaduais e, junto com São Bernardo, Mata Roma, São Benedito do Rio Preto, é um dos únicos municípios do estado cuja legislação proíbe o plantio de monocultivos.
Outros municípios pretendem implementar legislação parecida. Entre eles, o município deMorros, região do Baixo Munim.
Os pólos Coceira, Pau Serrado e Buriti, município de Santa Quitéria, no começo de julho, estilhaçaram à Missão, do qual participaram o Centro de Direitos, vereadores, o STTR, a SEMA e o Iterma, os acontecimentos de desmatamento e grilagem de terra por aquelas paragens. Os vereadores presentes afirmaram o propósito de criarem uma lei coibindo daqui pra frente o desmatamento de e o plantio de monoculturas em novas áreas.
Mayron Régis
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