A questão da saúde não pode ser separada da questão ambiental.
O meio ambiente construído pelo homem, o ambiente social, precisa oferecer condições para uma vida saudável a todos os cidadãos.
Nesse campo também se incluem os alimentos oferecidos ao consumidor, principalmente às crianças.
Dados de todo mundo nos informam que assim que aumenta o poder aquisitivo de uma sociedade, aumenta o percentual de adultos e crianças obesas. A obesidade está se tornando um mal crônico de nossa sociedade afluente. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 42 milhões de crianças com menos de cinco anos estão acima de seu peso normal ou sofrem de obesidade em 2010. Deste total, aproximadamente 35 milhões de crianças vivem em países em desenvolvimento.
O problema, dizem os especialistas, não está tanto na quantidade dos alimentos ingeridos, mas muito mais no tipo de produto consumido. Os hábitos alimentares, com o desenvolvimento da indústria alimentícia, transformaram-se bastante nos últimos trinta anos. Alimentos congelados, desidratados, enlatados, embutidos, pré-cozidos e vários outros, tornaram-se comuns nas mesas da maior parte das culturas urbanas em todo o mundo.
A característica comum à grande parcela destes alimentos é a adição de quantidades excessivas de açúcar, gordura saturada e sódio – principalmente nos doces, bolachas, salgadinhos, refrigerantes e outros alimentos, consumidos em grande quantidade pelas crianças.
A adição de altas quantias de açúcar aos alimentos industrializados provoca uma necessidade constante
de ingerir mais substâncias doces; isto ocorre devido ao prazer que a sensação “doce” provoca no
cérebro. No entanto, a repetição da agradável sensação associada aos doces, chocolates e outros
produtos, traz consigo o aumento de peso e o surgimento de problemas cardíacos.
A gordura saturada, a gordura trans e o excesso de sódio (sal), por outro lado, são prejudiciais à saúde, também podendo provocar problemas cardíacos (entupimento das veias do coração). A adição da gordura trans aos alimentos é usada também para aumentar a validade do produto e diminuir a necessidade de
refrigeração – questão de economia.
Para completar este quadro, grande parte da comida consumida em todo o mundo tem adição de substâncias químicas, como aditivos, corantes, antioxidantes, conservantes, adoçantes, flavorizantes. Isto sem falar dos malefícios provocados pelo “fast food”.
Devido a tais fatores de risco, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem conclamando os países a
desenvolverem políticas públicas, a fim de reduzir a publicidade de alimentos e bebidas com baixo teor
nutricional e que podem ser prejudiciais à saúde, principalmente das crianças. Em países desenvolvidos,
como a Inglaterra, França, Alemanha e Suécia a propaganda de alimentos infantis é cada vez mais
limitada; e, mesmo os Estados Unidos, prometem colocar uma série de restrições a esta prática. No
Brasil, o movimento está apenas começando, já que o nível de conscientização ainda é muito baixo.
Em todo caso, é preciso agir em duas frentes: controlar a propaganda e exigir alimentos mais saudáveis.
Não querendo ser surpreendidas, empresas como as americanas Pepsico e Kraft já declararam que
reduzirão o sódio, o açúcar e a gordura saturada de seus alimentos durante os próximos anos. Outras
transnacionais como a anglo-holandesa Unilever, a suíça Nestlé e o McDonald´s já fizeram alterações em
suas campanhas publicitárias.
Jornalista, filósofo e gestor ambiental
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