A biodiversidade, a variedade de espécies vivas de uma determinada região ou ecossistema, está diminuindo em todo o mundo. Estatísticas sobre o desaparecimento de representantes da fauna e da flora, apontam para um ritmo de destruição de três espécies ao dia. O biólogo americano Edward O. Wilson escreve em “O futuro da vida”, que a continuar este ritmo de depleção da biosfera provocada pelas atividades humanas, teremos eliminado metade das formas de vida da Terra nos próximos 100 anos. Trata-se de um acontecimento trágico, apenas comparável às seis grandes extinções em massa, pelas quais passou o planeta nos últimos 420 milhões de anos.
Parece até um pouco irônico, que uma das mais novas espécies surgidas na história da vida – a nossa, a homo sapiens – seja a causadora do desaparecimento de milhões de outras formas de vida, que nos antecederam no planeta em dezenas ou até centenas de milhões de anos.
Para tentar reduzir este ritmo de destruição, a Organização das Nações Unidas criou a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), da qual participam 193 países. Em sua conferência de 2002, a CDB estabeleceu algumas metas, acordadas por todos os governos signatários da Convenção, a fim de reduzir a taxa anual de perda de biodiversidade até 2010. No entanto, mesmo tendo declarado 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade, e apesar dos esforços de diversas instituições de pesquisa, ongs e outras entidades, os objetivos não foram alcançadas. São cada vez maiores os indícios de que está havendo um rápido declínio da biodiversidade em todo o planeta, através da destruição de ecossistemas, espécies e subespécies. A prova disto está em alguns fatos concretos observados pelos especialistas: diminuíram as espécies de anfíbios; ocorreu uma rápida deterioração dos corais marinhos; caiu o número de espécies de vertebrados em quase um terço, entre 1970 e 2006 – só para citar alguns exemplos.
Não se trata somente do desaparecimento de animais e plantas, que evoluíram durante milhões de anos até chegarem ao que são hoje. O que acontece, é que deixam definitivamente de existir formas de vida que nem tivemos tempo de estudar, e que poderiam nos ensinar muito sobre a evolução da nossa própria espécie; ajudar a nos compreendermos melhor, a entender nosso lugar no cosmos. Em termos práticos, através destas espécies poderíamos descobrir substâncias ativas contra o câncer, a doença de Alzheimer, o HIV; ou simplesmente desenvolver fórmulas que nos ajudassem a nos recuperarmos mais depressa de uma ressaca. Com o desaparecimento destas espécies diminuem as nossas chances de vivermos mais plenamente – sob todos os aspectos.
A principal providência que podemos tomar para tentar reduzir o ritmo do desaparecimento da biodiversidade é protegendo seu habitat: as florestas, as estepes, os campos, os mangues, os mares, enfim, todos os ambientes naturais. Para isso, precisamos aprender a utilizar melhor as áreas já ocupadas – seja pela pecuária, agricultura, mineração, pesca, entre outras atividades – sem avançarmos sobre os ecossistemas ainda pouco afetados. Isto, no entanto, só será possível com melhor tecnologia, mais conhecimento e melhor legislação – e não através da superexploração dos recursos e do abrandamento das leis já existentes.
Ricardo Rose, assessor da Camara do Comércio Brasil-Alemanha
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