“Nesta vida nem sempre vence o melhor preparado, mas sim, quem se adaptou melhor aos desafios dela, vida.”
“É melhor um burro analfabeto do que um intelectual ignorante.”
“Nesta vida nem sempre o intelectual vence, mas sim o burro analfabeto, que não tem o senso de sua burrice.”
Frases semelhantes a estas circularam essa semana como uma verdadeira descoberta de que maneira as coisas estão sendo conduzidas no Brasil neste começo de século.
A primeira faz-nos lembrar o camaleão, que através do mimetismo consegue ludibriar seus predadores, misturando-se às folhas e adquirindo a cor predominante no ambiente. Charles Darwin, grande naturalista e cientista inglês, autor da Teoria da Evolução das espécies, talvez tenha usado frase semelhante, mas sem a conotação política que ora damos.
Provavelmente, por que na época de Darwin, política era algo levado muito a sério e o eleitor cobrava coerência de seus eleitos.
O que seria de muitos políticos atuais na época do cientista inglês?
O político brasileiro inventou a teoria da involução da raça política, pela qual não é a ideologia que comanda o comportamento, mas os fatos que determinam a ideologia, mesmo que tal represente o oposto do que então defendia-se ali atrás.
O comportamento do presidente Lula é um exemplo disto. Nascido e parido politicamente nas asas de uma “ditadura militar”, Luiz Inácio fez carreira empunhando a bandeira de sua luta contra ela, chegando a presidente da república graças a tais precedentes.
Chegando à presidência aliou-se a três regimes nada democráticos: Cuba, Venezuela e Irã numa aliança que levou-o a extremos, como a entrega dos pugilistas cubanos, que pediram asilo político durante os Jogos Panamericanos do Rio e que foram mandados de volta para a ilha em avião venezuelano e o fracassado acordo nuclear Irã/Brasil/Turquia.
Sentindo-se à vontade, líder e amigo dos ditadores, Lula extrapolou e num rasgo de humanismo ofereceu asilo à mulher condenada por um crime previsto no Alcorão: o adultério.
O crime é tão grave perante as leis islâmicas, que prevêem pena de morte por apedrejamento à mulher adúltera. Se justa ou injusta, não descemos a tais critérios de valor.
Tal intrusão foi mal recebida no âmbito externo, pois Lula com a oferta estaria intrometendo-se em assuntos internos de um país soberano, ainda que aliado. Seria o mesmo que o Irã entendesse que a Justiça brasileira fora muito severa com Fernandinho Beira-Mar e oferecesse asilo a ele.
No âmbito interno Lula criou um “imbróglio” jurídico, que começa com uma interrogação sem resposta: que tipo de asilo?
Político? Não, não pode ser, pois exigiria o pedido do provável exilado, que deveria estar no país e o delito teria que ser de opinião ou seja, de motivação ideológica ou política. Este está em nossa Constituição e requer tratado bilateral assinado pelos países que assim acordarem e uma série de requisitos.
Religioso? A nossa lei não prevê este tipo de asilo.
Humanitário, como quer o PT? Se formos abrir as fronteiras para asilarmos todos os que precisem de ajuda humanitária, como os fugitivos da fome, p.ex., o Itamarati terá que trabalhar em três turnos para tentar atendê-los. Além do que este a nossa lei também não prevê.
Criminoso? Esse tipo de acolhimento de estrangeiros foragidos é repudiado por todos os países do mundo e casualmente aplica-se à mulher iraniana.
Diante de tão complexas questões, como explica e justifica-se a insólita oferta do presidente brasileiro à iraniana?
Uma explicação plausível será difícil de ser achada. Quanto à justificação, poderá ser embasada nos três primeiros parágrafos deste artigo – foram frases que circularam adoidado na semana passada; Se tal justificação será aceita por Almadinejad é o que veremos no desenrolar dos acontecimentos.
Luiz Bosco Sardinha Machado, advogado e jornalista.
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