As eleições no Brasil nos moldes vigentes, dão à situação uma vantagem muito grande na largada rumo ao poder, restando à oposição usar das armas tradicionais para tentar recuperar os espaços perdidos.
Missão difícil ou quase impossível. Principalmente, porquê, os dois principais partidos políticos de oposição, DEM e PSDB sempre estiveram na situação e não aprenderam a jogar do outro lado, o que não ocorre com o Partido dos Trabalhadores, que na oposição, tornou-se catedrático nas manhas, artimanhas e mumunhas do Poder.
Um exemplo recente disto foi a elaboração de dossiês contra adversários e a quebra do sigilo fiscal deles. Em nenhum dos casos pode-se imputar, à primeira vista, ao presidente Lula, ou à candidata Dilma qualquer ação direta em tais eventos, porém a máquina do Estado foi usada por “gatos”, que são utilizados para tirar as castanhas do meio das brasas.
Pilhado em flagrante, como foi o caso de Mauá, SP, o funcionário da Receita que ordenou a expedição de certidão que serviria para a quebra do sigilo, usou um argumento interessante, confessou-se petista, mas não “militante”.
Tal afirmativa leva-nos a uma interrogação. Quando o presidente da república comparece à televisão propagandeando sua candidata, o faz, desempenhando qual papel?
O de “militante” para o qual tudo vale, inclusive quebrar sigilo fiscal de adversários, ou a de presidente da república no exercício do cargo? Em ambos os casos a Justiça Eleitoral deveria coibir, pois Lula é um terceiro estranho à disputa e sua atuação mais aproxima-se a de militante, para o qual não há freios, nem meios para atingir o objetivo de eleger sua candidata.
Permitir que Lula faça campanha usando todos os meios de comunicação e a autoridade do cargo é abrir um precedente perigoso, pois atenta à democracia, tornando o país uma verdadeira anarquia constitucional.
Independente disto, num país em que analfabetos votam, a propaganda da candidata “oficial” confunde e induz ao erro o eleitor despreparado, apresentando o presidente Lula em todas as suas passagens, levando-o a acreditar ser este o candidato e não aquela. Isto por certo irá refletir-se no número dos votos nulos.
DOS CANDIDATOS – Já nos posicionamos contra a forma como os candidatos são escolhidos sem a participação popular. Pelo processo atual, o escolhido pode ser mero “boneco de ventríloquo”, mero repetidor do que fala e pensa o “dono” de sua candidatura, o que eventualmente pode não corresponder aos anseios do povo.
Pelo menos duas dezenas de candidatos foram “escolhidos” para receber os votos dos brasileiros. Desses, apenas três ou quatro tem chances reais de chegar ao poder, o que é muito pouco se levarmos em consideração, que são cento e vinte milhões indo às urnas.
Dos quatro, à exceção de Serra, três são oriundos do petismo. Plinio de Arruda Sampaio foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e seu partido não é o que possa chamar-se de partido de oposição. O PSOL faz ao governo Lula uma oposição pontual e inexpressiva. Plinio é sem dúvida, o único candidato verdadeiramente de “esquerda” nestas eleições.
Na edição seguinte iremos analisar os candidatos de direita, Marina, Dilma e Serra, pensando em podermos contribuir para a escolha decisiva.
Luiz Bosco Sardinha Machado, advogado e jornalista.
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