No - 179 - COLUNA DO SARDINHA
Há cerca de quarenta anos iniciava-se a febre das faculdades particulares, autorizadas a torto e a direito pelo MEC, que seguia critérios no mínimo estranhos para a permissão de funcionamento de alguns cursos.
Isto motivou posteriormente a cassação de algumas instituições e a declaração de uma verdadeira guerra contra os cursos de “fim de semana”, que pululavam por aí, mesmo a despeito das pressões políticas, que os poderosos grupos que dominam o ensino particular no Brasil realizaram sobre o Ministério.
O governo FHC deu um grande passo no sentido de dar padrão de excelência ao ensino superior brasileiro ao instituir critérios de avaliação das entidades de ensino, que previam até a suspensão de funcionamento daquelas que não se enquadrassem dentro de padrões mínimos estabelecidos.
A universidade brasileira, enfim encontrava o seu rumo.
Com Lula mudou-se o norte. A ordem era educação superior (ruim) para todos.
Se a universidade reservava vagas utilizando critérios de seleção que levavam em conta a capacidade, inteligência e aplicação dos candidatos, a administração lulista inaugurou novos parâmetros que levavam em consideração, por exemplo, a cor da pele do candidato. Tal critério essencialmente racista, não contemplava vermelhos e amarelos, o que era uma injustiça. Afinal, indivíduos de todas as cores também votam e pagam impostos.
Concomitante, o governo petista retirou das faculdades ineptas a espada da avaliação que sobre elas pesava, acarretando com isto uma equalização por baixo de quase todas as entidades de ensino. Não se devia investir em excelência, pois boas ou más, as faculdades estariam sempre lotadas graças aos esquemas adotados pelo governo, que prometia universidade (ruim) para todos.
Para completar tanto absurdo, só faltava o “telecurso universitário”. Ele veio, dele aproveitando-se as mesmas entidades que distribuíam diplomas a peso de ouro a quem se dispusesse pagar. Os mais distantes rincões do nosso interior receberam unidades de ensino à distância, que de ensino tem muito pouco.
A mediocridade e a quantidade deram lugar à qualidade. O Brasil tornou-se o país dos TPN (Técnicos em P... Nenhuma), com graduados e pós graduados tecnicamente analfabetos.
Nesse ambiente imperante no ensino brasileiro, surge agora uma ameaça a uma idéia que deu bons resultados. Pelo segundo ano consecutivo o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é vítima de inexplicáveis ataques.
No ano passado, um amadorístico esquema de roubo de gabaritos foi descoberto, com direito a filmagem das cenas rocambolescas e tudo o mais.
Já agora, a insuspeita e qualificada VUNESP bagunçou de uma forma tal o certame, o que levará por certo à anulação do mesmo.
O resultado, seja qual for, já provocou manifestações várias pelo fim do exame.
Como nada nesta vida se dá por acaso e raio não cai sempre no mesmo lugar é de perguntar-se: a quem aproveita o fim do ENEM?
Aos estudantes, que lutam por uma vaga no ensino superior é que não há de ser.
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista.
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