MORADORES DA LAPA COMPARECEM EM PESO PARA A PALESTRA ORGANIZADA PELO CONSEG SOBRE OPERAÇÕES URBANAS.
Nesta quarta-feira, 1º de Dezembro de 2010, cerca de 200 moradores da Lapa e Lapa de Baixo compareceram à palestra organizada pelo Conselho Comunitário de Segurança da região (CONSEG-Lapa). Cleide Coutinho, presidente deste conselho disse que é preciso orientar os munícipes sobre as duas intervenções previstas para a região: Operação Urbana Lapa/Brás e Operação Urbana Água Branca.
A Geógrafa Ros Mari Zenha e a Arquiteta e Urbanista Lucila Lacreta foram as convidadas para apresentação da palestra e explicaram quais são as propostas dessas duas grandes intervenções urbanas.
Foi explanado que mais de 50% do território da zona oeste é objeto de intensa verticalização e que as Operações Urbanas Água Branca e Lapa/ Brás atrairão para a região cerca de 116.104 pessoas, além das 86.289 que já nasceram e moram nesses bairros.
Cleide Coutinho relata que a preocupação do Conselho Comunitário de Segurança é que, com esse crescimento populacional e o grande adensamento do bairro com novos empreendimentos, a segurança do bairro ficará comprometida. O efetivo da policia é insuficiente para atender todas as demandas do bairro e, cada dia surgem mais empreendimentos como shoppings, supermercados, bancos que atraem um grande número de pessoas para a região, sendo que os órgãos de segurança não são sequer consultados.
“A preparação de um policial requer no mínimo dois anos. Como ficarão as ruas dessa região? Será que o território é capaz de absorver o aumento viário promovido pelas Operações Urbanas? Também temos que refletir que com o aumento da população, os equipamentos públicos (hospitais, escolas, creches, etc) que já não atendem a demanda da população atual, ficarão ainda mais prejudicados. “ diz Cleide Coutinho.
Ros Mari indagou: “Já sabemos que em Operações Urbanas de outras regiões como o da OPERAÇÃO URBANA AGUA ESPRAIADA, houve um número importante de despejos da população pobre das áreas de intervenção; nesse caso a Operação Urbana só favoreceu os interesses imobiliários”. Disse que os moradores devem questionar também como o patrimônio histórico, arquitetônico e fabril será tratado juntamente com a questão da paisagem urbana.”
A Geográfa , questiona que os recursos hídricos não são suficientes para atender a toda essa demanda e pretende saber como ficará a sustentabilidade dos aqüíferos e quer resposta para a questão de macro drenagem das cinco bacias que existem no perímetro da O.U. Água Branca que ainda não foi apresentado o plano.
Segundo Lucila Lacreta a mudança do clima em São Paulo, mais quente e menos úmido, com chuvas mais fortes traz para a cidade condições de extrema vulnerabilidade, e dentro do projeto da operação urbana não está claro como estas mudanças estão sendo consideradas e quer saber o que se pretendem fazer para amenizar esses transtornos.
“A contaminação do aquífero subterrâneo e dos solos é grave na região - que medidas mitigadoras estão sendo propostas? Temos escassez de áreas verdes em toda a cidade e a permeabilidade do solo é crítica, o que contribui, ainda mais, para a insalubridade da metrópole - vamos adensar mais os bairros sem sequer resolver os problemas já existentes?” pergunta Lucila. De onde virão os recursos para as O.Us? Como serão aplicados?
Qual o cronograma e as prioridades? Está sendo considerado, com extrema responsabilidade, o impacto ambiental e de vizinhança da Arena Multiuso Palmeiras? E o impacto do ponto de vista histórico, social, arquitetônico e sentimental da O.U. Lapa-Brás, que pretende, literalmente, enterrar a ferrovia?
Essas várias intervenções - O.U. Água Branca, O.U. Lapa-Brás, O.U. Leopoldina-Jaguaré, Arena Multiuso Palmeiras e Fábrica dos Sonhos estão "se conversando?", são indagações que Ros mari pretende cobrar na próxima audiência pública.
Ros Mari que também é Representante Conselheira do Cades SVMA - Macro Região Oeste - Lapa, Butantã e Pinheiros diz que a comunidade precisa de ter informações mais detalhadas sobre todas essas intervenções, Precisa cobrar que sejam feitas Audiências Públicas Temáticas para serem tratados e questionados um item por vez.
Lucila Lacreta, além de Arquiteta e Urbanista também é Diretora Executiva do Movimento Defenda São Paulo.
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