*Ricardo Rose
Para que investir em pesquisa?
O Brasil está em um processo de rápido crescimento. Neste ano, a economia deverá crescer 7% e no próximo ficará em torno de 4% acima do PIB. Enquanto os Estados Unidos ainda estão em crise e a Europa entra num processo de lenta estagnação, as grandes economias em desenvolvimento – Brasil, China, Índia e Rússia – dão sinal de que manterão acelerado o ritmo de expansão de seus mercados.
No entanto, para que seja sustentável por longo tempo, o crescimento econômico deve vir acompanhado de desenvolvimento tecnológico. Como economia em ascensão – seremos a quinta economia do mundo até 2015 – é urgente que desenvolvamos conhecimento científico e tecnológico internamente. A economia brasileira é complexa e dispomos de grandes quantidades de recursos naturais: água, solo agricultável, grande biodiversidade, potencial energético renovável e petróleo. Todavia, o Brasil não pode ficar dependente de outras nações ou empresas estrangeiras para explorar estes recursos. Para utilizarmos nossas riquezas de maneira sustentável e atendendo aos interesses do povo brasileiro é necessário capacitar mão de obra e equipar empresas. Este objetivo, no entanto, o país só alcançará aumento seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias – P&D.
Em relação aos investimentos em P&D o Brasil já fez algum progresso. Enquanto que em 2008 os recursos alocados pelo governo para esta atividade ainda eram menos de 0,5% do PIB, em 2010 esta verba já está em torno de 0,9%, representando um volume de investimento de R$ 31,6 bilhões. Para 2011 a dotação brasileira para P&D é de R$ 33,3 bilhões. Com isto estamos na 12ª colocação em volume de investimento num ranking de 40 países, mas ainda longe dos americanos, com R$ 690 bilhões, e da China com R$ 240 bilhões de investimentos em 2010.
Além do governo, o setor privado também começa a aumentar seus investimentos em P&D. A empresa química americana Dupont, já inaugurou seu centro de inovação no Brasil. Outras empresas, como a chinesa Chery, a sueca Saab e a americana General Electric, já anunciaram que abrirão centros de pesquisa no Brasil. A maior parte das empresas está de olho na expansão do mercado automobilístico, na indústria química, nas telecomunicações e, principalmente, na área petrolífera, com a exploração do pré-sal.
A área de P&D tem um grande potencial, mas ainda enfrenta problemas. Um exemplo é a área de pesquisa com a biodiversidade, onde ainda são poucos os projetos. Mesmo contando com cinco grandes biomas – Campos, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Floresta Amazônica – são bastante reduzidas as pesquisas com espécies destas áreas. Outro aspecto observado é a pouca colaboração entre o setor público e o provado. A maior parte dos doutores, apesar de capacitados para desenvolver projetos, ainda permanece nas universidades lecionando.
O Brasil tem grandes chances de se tornar uma das potências deste novo século. Para isso, no entanto, é preciso que além de ter os recursos, também saiba como utiliza-los. Não é aceitável que em áreas vitais de nossa economia sejamos obrigados a comprar tecnologia no exterior, quando temos condições de desenvolvê-la internamente. Por isso, é necessário que o governo continue investindo em educação, capacitação e P&D, estabelecendo parcerias com o setor privado, onde possível.
*Ricardo Rose é diretor para o Meio Ambiente da Camara do Comércio Brasil-Alemanha
Nenhum comentário:
Postar um comentário