O triunfo do ‘business lunch’
Do Instituto Millenium
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Carlos Alberto Sardenberg é um dos mais respeitados jornalistas da área econômica no Brasil, com experiência como repórter, redator e editor dos principais veículos de comunicação do país.
Experiências profissionais. Atuando profissionalmente há 37anos, já passou pelas redações dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil e das revistas Veja e Istoé. Na TV, foi comentarista da TV Cultura e diretor de jornalismo da Band. Sardenberg trabalhou também na área econômica do governo do estado de São Paulo na gestão Franco Montoro (1983-1987), como coordenador de comunicação social do Ministério do Planejamento e assessor da reitoria da Universidade Estadual de Campinas, onde participou do planejamento dos cursos de pós-graduação em jornalismo da instituição.
Atualmente, é comentarista da TV Globo e âncora da rádio CBN. Escreve, ainda, um blog no portal de notícias G1 em que comenta e analisa as notícias econômicas. Antes de optar pelo jornalismo econômico, porém, passou por diversas editorias como geral, esportes, internacional e política.Em 2006, junto com Mara Luquet, lançou o livro O assunto é dinheiro (Editora Saraiva), que reproduz os diálogos de seu programa na rádio CBN. A publicação trata de temas como orçamento, mercado financeiro, investimentos e finanças pessoais de forma leve e concisa.
Experiências profissionais. Atuando profissionalmente há 37anos, já passou pelas redações dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil e das revistas Veja e Istoé. Na TV, foi comentarista da TV Cultura e diretor de jornalismo da Band. Sardenberg trabalhou também na área econômica do governo do estado de São Paulo na gestão Franco Montoro (1983-1987), como coordenador de comunicação social do Ministério do Planejamento e assessor da reitoria da Universidade Estadual de Campinas, onde participou do planejamento dos cursos de pós-graduação em jornalismo da instituição.
Atualmente, é comentarista da TV Globo e âncora da rádio CBN. Escreve, ainda, um blog no portal de notícias G1 em que comenta e analisa as notícias econômicas. Antes de optar pelo jornalismo econômico, porém, passou por diversas editorias como geral, esportes, internacional e política.Em 2006, junto com Mara Luquet, lançou o livro O assunto é dinheiro (Editora Saraiva), que reproduz os diálogos de seu programa na rádio CBN. A publicação trata de temas como orçamento, mercado financeiro, investimentos e finanças pessoais de forma leve e concisa.
Os países latino-americanos têm duas broncas comuns no comércio com a China. A primeira refere-se à moeda chinesa mantida excessivamente desvalorizada. A segunda é com a política de tarifas de importação do governo chinês, que encarece a exportação para lá de produtos industrializados. Entretanto, não há uma ação conjunta nem sequer uma articulação entre os governos para tratar disso com a China.
Este foi um dos temas que apareceram no Fórum Econômico da América Latina e Caribe, promovido na semana passada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em Paris.
A bronca com a moeda chinesa é universal. Mantendo o yuan artificialmente desvalorizado, o governo chinês dá uma vantagem competitiva expressiva aos seus produtos de exportação, especialmente os industrializados. Estes chegam mais baratos em todos os países, inclusive na América Latina, e não raro tomam mercado de fabricantes latino-americanos. Por exemplo, eletrodomésticos e roupas made in China substituindo made in Brazil na praça chilena.
A outra bronca é mais específica de quem exporta commodities, como é o caso dos mais importantes países da América Latina, especialmente aqui no Sul. A China já é a primeira ou segunda parceira comercial de diversas nações deste lado.
O problema, exemplificando, é o seguinte: quando o Brasil vende soja em grão para a China, a alíquota de importação lá é zero. Quando exporta óleo de soja, industrializado, com maior valor agregado e, pois, preço melhor, a alíquota sobe para 15%. Os chineses fazem isso com o cobre e os peixes que importam de Chile e Peru, com a soja da Argentina e por aí vai.
Trata-se de uma política que estimula a industrialização (e, pois, empregos) lá na China e trata de reservar à América Latina o papel de fornecedor de alimentos e commodities não elaboradas.
O que fazer para evitar essa relação desinteressante? Uma dica foi dada a este colunista por um executivo do governo chinês, quando perguntado sobre o assunto: “Bem”, disse ele, “não é apenas a China, mas o mundo todo que precisa de cada vez mais comida, minérios e energia. Vocês têm isso”.
A continuação óbvia desse comentário é a seguinte: cabe aos governos latino-americanos articular a diplomacia para obter vantagens dessa posição estratégica.
Eis um objetivo concreto e crucial para as economias locais. Mas até aqui muita gente deste lado, e os leitores sabem quem, perdeu tempo pregando uma união latino-americana ideológica, cujo resultado são uns discursos contra os ricos. Como se a China fosse aliada…
Resistência francesa
A organização foi inteiramente profissional e os participantes chegaram no horário para o Fórum promovido pela OCDE em Paris, na imponente sede do Ministério da Economia.
Autoridades de diversos governos e instituições, economistas, cientistas sociais, jornalistas, representantes do setor privado se encontraram informalmente no hall, já conversando sobre o andamento dos seminários.
Mas o que faz aquele funcionário ali à entrada, de fraque completo, preto, colete preto com rendas, uma longa corrente dourada? De repente, ele pede silêncio, começa a afastar as pessoas da entrada e organizar uma fila de recepção.
Era isso. O homem do fraque anuncia: senhoras e senhores, o presidente da Colômbia…; a ministra da Economia…
Lembrei de uma visita, tempos atrás, a um secretário do Tesouro dos EUA, sempre um dos homens mais poderosos do mundo. Os jornalistas foram admitidos na sala e ele, com uma lata de Coca-Cola na mão, foi levando todos para um mesão com uma frase mais ou menos assim: “Pô, o Brasil é fogo…”
O Fórum em Paris levou o dia todo. No intervalo, fomos todos advertidos de que se tratava de um almoço de trabalho, pois tínhamos não mais que uma hora. Pensamos: um bandejão.
Nada disso. Mesas postas, garçons esperando e… uma taça de champanhe já borbulhando em cada lugar. Entrada fria, prato quente, sempre duas opções e, naturalmente, trocando o champanhe pelo vinho tinto na passagem para
a carne. Doce na sobremesa.
E faz tempo que almoço de trabalho é uma saladinha ou uma carninha sem graça e água mineral. Teriam os negócios melhorado com essa temperança? Há dúvidas. O Fórum em Paris trouxe informações ricas, bons debates, muita informação. Quem sabe as pessoas mais satisfeitas, sem excessos, pensam melhor?
Mas a verdade é que o business lunch está triunfando. Ali na mesa do Fórum muitos nem tocaram no champanhe, mal passaram de um gole de vinho. Não tiveram desempenho melhor.
Ah! Não serviram conhaque nem charutos. Isso só em jantares, me disseram. Com moderação. E, sim, há lugares
para fumar.
Incorretos eles?
Fonte: O Globo, 03/02/2011
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