No, 194 – COLUNA DO SARDINHA
Talvez um dos poucos líderes mundiais tão amados e odiados tanto pela direita como pela esquerda, seja Muammar Gadafi.
Esse amor e esse ódio serviram para mantê-lo nestes quarenta anos no topo do poder líbio, comandando acima de tudo, uma grande parcela do petróleo mundial, que lhe dava o respeito e a admiração, ainda que forçadas de todo o mundo ocidental, pois o ditador líbio é fruto dos interesses das companhias petrolíferas, que graças aos lobbies, que envolvem propinas e corrupção, sempre tiveram nele o grande aliado na exploração, no amplo sentido do termo, do subsolo africano.
É fruto ainda, dos interesses dos povos ocidentais, Estados Unidos à frente que viam em Gadafi, com seus rompantes e bravatas um anteparo às pretensões expansionistas e hegemônicas de Israel, que em grande parte são financiadas pelos próprios americanos.
Os rompantes e bravatas do ditador líbio renderam-lhe um epíteto, que lhe caiu como uma luva, cachorro louco – crazy dog, em inglês.
E, como nem sempre o adágio de que “cão que late não morde” é algo definitivo e comprovado, o “cão” líbio num de seus exageros prometeu bombardear a Casa Branca, símbolo do poder americano e em parte cumpriu. Realmente, jatos Mirage líbios penetraram no espaço aéreo americano, chegando até Washington, não cumprindo inteiramente o objetivo por falta de combustível.
Fato semelhante ocorreu no espaço aéreo francês , com os caças sobrevoando a Torre de Eiffel.
No caso inglês, Gadafi superou-se e extrapolou. O “cachorro louco” mordeu fundo.
Foguetes líbios derrubaram um avião comercial lotado de civis, a maioria deles súditos da rainha.
Apenas há pouco tempo atrás os ingleses perdoaram a Líbia, mas somente depois do ditador ter reconhecido a culpa pelo insano ato.
Como pode-se ver os ocidentais tem argumentos de sobra para ter ressentimentos do “cachorro louco” e só não partiram há mais tempo para um enfrentamento direto por questões tanto econômicas, quanto políticas.
O momento agora é propício para curar velhos ressentimentos.
Enfrentando enorme resistência interna, o Coronel partiu para o massacre de civis na tentativa de sufocar rebeliões que pipocavam, dando razões de sobra para a ONU intervir no país.
A luta é dispare sobrando muito pouca chance para o exército africano.
Existe interesse no petróleo líbio envolvido nesta pronta reação das “forças de coalizão”?
Evidente que sim, como houve igualmente no Iraque, pois a Harlliburton do ex vice-presidente Dick Cheney, atua fortemente na exploração do “ouro negro” líbio.
Aos observadores da política internacional aconselhamos atentar para os próximos passos das gigantes do petróleo, que ditam o comportamento do governo americano estando ele nas mãos de republicanos como Bush, ou democratas , como Obama.
Interessante observar ainda, o alinhamento dos governos venezuelano e brasileiro, useiros e vezeiros em transitar na contra-mão dos interesses dos dois países, apoiando ditaduras do terceiro mundo, que no frigir dos ovos, muito pouco nos podem dar em troca.
No caso brasileiro já se tornou praxe gritarmos contra a ONU por não nos levar a sério, quando pedimos uma cadeira no Conselho de Segurança ou, como pretendia Lula, a Secretaria Geral do órgão. Poderíamos esperar comportamento diferente?
Quando Obama vem aqui, a ele oferecemos samba, futebol e favelas e nada mais sério.
Temos autoridade para pedir algo mais?
Luiz Bosco Sardinha, advogado, jornalista.
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