No - 192 – COLUNA DO SARDINHA
O presidente americano agendou para este fim de mês uma visita a America Latina, que inclui uma chegada na terra brasilis, onde em praias cariocas tomaria um banho de mar e até talvez, uma participação numa “pelada”, onde no meio de um festival de banhas e cansaço promoveria a Copa do Mundo de 2.014. Amenidades e só.
Visita de presidente americano ao Brasil é um verdadeiro festival de terceiro mundismo, só servindo para reavivar o sentimento que pensávamos haver acabado, de que ainda temos muito de “colônia” americana e que devemos dançar de acordo com a música que tocam.
Ainda há resquícios do velho mote do “samba, futebol e cachaça” e que brasileiro entrega todas suas riquezas em troca de espelhinhos e bugigangas, confirmando o mote d’ “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Só esperamos que desta vez o presidente americano, como seus antecessores fizeram não se confunda com o nome da capital brasileira, que efetivamente não é o Rio, nem La Paz e muito menos Buenos Aires. Seria constrangedor.
Mas afinal, o que traz Obama ao Brasil?
Nos tempos de Lula, a quem ele chamou de “o cara”, ele por aqui não deu o ar de sua graça. Agora, em tempos de Dilma, o que o traz?
Nem se fale que aqui estaria para abrir as fronteiras para a entrada de imigrantes brasileiros, hipótese pouco provável, mas objeto de especulação recente, que sofre restrições de todo povo americano, do Congresso inclusive, pois abriria um precedente perigoso com outros países com o Mexico à frente, exigindo igual tratamento.
Já é praxe que os presidentes americanos, em época de avaliação em baixa, procure no exterior os índíces de popularidade perdidos.
Com Obama não está sendo diferente.
A febre que demonstrava no início de governo arrefeceu. Obama efetivamente frustrou as expectativas. Esperava-se muito mais dele, que demonstrou ser igual aos demais, presa fácil do capital e do conservadorismo, que sempre caracterizou a sociedade americana.
Obama se elegeu por sua defesa do “establishment”, algo como uma garantia de que tudo ficaria como estava e que na visão do americano classe média, efetivamente deu certo. Mudanças até poderia, mas no varejinho, sem muita profundidade.
A visita de Obama para nós poderia representar uma oportunidade para discutir coisas menos amenas e mais profundas, como a evasão fiscal e de divisas, pois tanto Brasil como EUA são vitimas de operações triangulares nas quais exporta-se mercadorias para empresas de fachada no exterior a preço vil, que as entrega ao usuário final pelo preço real, com a diferença indo parar em paraisos fiscais.
Seria um bom assunto para começar, que poderia ter o nióbio – metal estratégico, que o Brasil detém noventa e sete por cento das jazidas conhecidas – como ponto de partida. Aí sim, estaria plenamente compensado o transtorno que dá a visita de um presidente americano com todo o seu séquito.
Luiz Bosco Sardinha,advogado e jornalista
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