MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

segunda-feira, 4 de abril de 2011

OBAMA NO BRASIL


O bom-mulato Obama no “samba do crioulo doido”

Por Luiz Ricardo Leitão*




Entre paetês e purpurinas, poucos ousaram dizer que o ambicioso rei está nu.

Apesar da enorme pompa e do frenesi midiático que suscitou, a visita do bom-mulato à nossa Bruzundanga, movida obviamente por mal dissimulados interesses políticos e comerciais, acabou por tornar-se (como toda farsa que se preze) mais uma página hilariante do eterno Febeapá (Festival de besteiras que assola o país) registrado pelo saudoso Sérgio Porto nos idos do século 20.


Ainda às vésperas da espetacular efeméride, o prefeito do Rio, ao discursar em uma cerimônia no subúrbio, chamou ao palanque um sósia de Bin Laden (!), o qual não se furtou a exibir sua barba em público, para pasmo de uns e alegria de outros, mais afeitos aos incidentes surreais desta província. É claro que a presença da inusitada figura foi logo difundida pela mídia e pela rede virtual, o que gerou mal-estar em Brasília e no Itamaraty (Dona Dilma, de olho numa cadeira do Conselho de Segurança da ONU, não perdoou a travessura do gracioso alcaide). Mas decerto não foi ele o responsável pela suspensão da micareta marcada para a Cinelândia, que, para tristeza da mídia local, acabou restrita a uma plateia ‘vip’ (?) – com Luciano Huck, Ricardo Teixeira e outros próceres da nação – no interior do Teatro Municipal.

A julgar pelas outras atrações mirabolantes que a tchurma do playboy Cabral preparou para o cara-pálida (com direito a capoeira e até a uma ordem unida de boleiros mirins da Cidade de Deus, ensaiados por um brioso sargento da PM), o show da Cinelândia prometia ser de fato espetacular. Se lá em Brasília a trupe do CQC pôde desfilar à vontade na recepção oficial à longa comitiva de Tio Sam, imaginem como seria o parangolé em plagas cariocas, onde o bom-mulato teria de requebrar mais do que Shakira nesta versão 2011 do “samba do crioulo doido” tropical.

Bem que a Globo tentou transformar bacon com ovos em feijoada, mas o molho desandou... Isso explica o ar de frustração que o casal 20 do JN estampou na telinha, ao anunciar que não haveria mais o bombástico comício no centro da cidade. Quem sabe a rede não pensara em alguma megapromoção do Caldeirão do Huck (até que centenas de casas novas seriam bem-vindas em Nova Orleans, onde milhares de pessoas continuam a padecer as sequelas do furacão Katrina e da crise imobiliária do Império), ou um Mais Você especial de Ana Maria Braga com Michelle Obama, ainda que o louro José viesse a ser depenado pelos falcões de Washington?

Chistes à parte, o que menos se viu na TV foi uma análise fria dos objetivos do síndico em sua visita a este, agora, arredio condomínio. Entre paetês e purpurinas, poucos ousaram dizer que o ambicioso rei está nu: os EUA carecem de abrir mercados para as suas exportações e de garantir seu abastecimento de petróleo (eles dependem da Venezuela e do revolto mundo árabe). Com enorme déficit comercial e fiscal, além de uma dívida pública superior a US$ 14 trilhões, Tio Sam não pensa em importar, só em exportar – para equilibrar a balança comercial e, de quebra, conter a alta de desemprego.

Em suma, como sentenciou Moniz Bandeira do alto de seus 75 anos, dificilmente Obama logrará superar a atual crise, similar à da Grécia e à de outros países europeus. As promessas de campanha se esfumaram: o bom-mulato cedeu ao mercado financeiro, aos neoconservadores instalados na máquina de Estado, ao complexo industrial-militar e a várias forças retrógradas da sociedade ianque. Quem apita na política exterior é a macabra Hillary Clinton e a diferença do atual síndico para George W. Bush talvez esteja apenas “no estilo e na tonalidade”, frisa o professor, pois “ambos defendem interesses imperiais dos EUA”. O recado foi dado, mas será que a turma da micareta vai tocar esse rap no trio elétrico?


*Luiz Ricardo Leitão é escritor e professor adjunto da UERJ. Doutor em Estudos Literários pela Universidade de La Habana, é autor de Noel Rosa – Poeta da Vila, Cronista do Brasil e Lima Barreto: o rebelde imprescindível.

**Crônica originalmente publicada na edição 421 do jornal Brasil de Fato - http://www.brasildefato.com.br/node/5947
(Envolverde/Brasil de Fato)

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