MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O SOCIALISMO DE INVENÇÃO (parte I)

Mario Drumond



Os teóricos do socialismo, apesar das inumeráveis divergências ideológicas que, não raro, chegam ao antagonismo, parecem unânimes em classificá-lo historicamente em duas únicas fases ou ciclos em que se tenha manifestado, como pensamento, ao longo dos tempos, tal como Oswald de Andrade, em A Marcha das Utopias, assim os define:

“(...) o chamado Socialismo Utópico, aberto com a obra de Morus e que, superado, chega, no entanto, até o século XIX, quando o francês Cabet publica a sua Viagem à Icária, último país onde o puro sonho igualizante encontrou guarida e afago. (...) Com o Manifesto de Marx e Engels anuncia-se o novo ciclo - o do chamado Socialismo Científico.

Nessa série de textos, Oswald pugnava por um reconhecimento da contribuição dos “utópicos”, que, apesar de teoricamente superados, são equivocadamente vistos com preconceito por parte dos “científicos”. Para ele, as utopias são "uma consequência da descoberta do Novo Mundo e, sobretudo, a descoberta do novo homem, do homem diferente encontrado nas Américas".

“A geografia das utopias situa-se na América. É um nauta português que descreve para Morus a gente, os costumes descobertos do outro lado da terra. Um século depois, Campanella, na Cidade do Sol, se reportaria a um armador genovês, lembrando Cristóvão Colombo. E mesmo Francisco Bacon (possivelmente Shakespeare), que escrevia A Nova Atlântida em pleno século XVII, faz partir a sua expedição do Peru”.

A não ser A República de Platão, que é um estado inventado, todas as utopias, que vinte séculos depois apontam no horizonte do mundo moderno e profundamente o impressionaram, “são geradas da descoberta da América; o Brasil não fez má figura nas conquistas sociais do Renascimento”, deduzia.

Assim, até Oswald, que pensava e escrevia à contracorrente das ideologias dominantes, de “direita” ou “esquerda”, participava da unanimidade aqui assinalada. Chama a atenção o fato de que ambos os ciclos se originam no pensamento europeu, aliás, única região do globo de onde se origina todo e qualquer pensamento aceito como válido e digno de estudo pelas elites da inteligentzia européia e de suas colônias.

Mas a verdade é que o socialismo científico está superado também, e, se o socialismo utópico nos deixou o legado de suas elucubrações humanistas, igualitárias, poéticas, além de muitas boas idéias, o científico, se bem peneirado, não logrou ser tão fértil em enriquecer de idéias a Humanidade. E a Europa, hoje, é vazia de proposições.

Se vivesse mais tempo, Oswald teria alcançado seu alvo; estava bem perto disso: o caminho ideológico do novo mundo, que ele conheceu e trilhou enquanto pensamento cultural e filosófico, desde jovem, isto é, o do pensamento europeu que veio para a América, aqui se fundiu ao socialismo e à cultura autóctones, milenares ambos, e, ao receber a imensa contribuição africana, tornou-se o pensamento socialista americano, por excelência (não confundir com pensamento norte-americano, que é o mesmo pensamento europeu, sem tirar nem por – não há nada menos americano nas Américas, atualmente, do que os EUA e o Canadá). Darcy Ribeiro trilharia esse caminho.

Há o que se tem chamado de Socialismo do Século 21 ou Socialismo no Século 21, termo tido por confuso ou indefinido pelos que pensam sob a égide do socialismo científico e, como tal, exigente de classificações e definições precisas, “exatas”, para tudo, como se isto fosse possível quando se trata de estudar seres humanos e sociedades.

Erroneamente, este Socialismo do (ou no) Século 21 é atribuído a Hugo Chávez, mas Chávez, se até se refere a ele em certas passagens de sua oratória, jamais se postulou como autor da expressão, a qual não pode ser dada como nome de uma escola de pensamento; quando muito, poderia titular um projeto político para o novo século que apenas se inicia. O socialismo a que Chávez se propõe está relacionado com o momento histórico a que acima nos referimos, e seus fundamentos na saga de Bolívar e dos seguidores de sua doutrina libertária em toda a América Latina. Que Bolívar era um pensador socialista, disso não pode haver dúvidas, mas a questão é que não é possível classificá-lo nem como socialista utópico nem como socialista científico.

Modestamente, a Gazeta propõe a designação de Socialismo de Invenção a este que, desde Bolívar até Chávez é o que se vem realmente desenvolvendo, entre marchas e contra-marchas, na América Latina, e que tem por precursor regional a Inconfidência Mineira, mesmo que estudiosos acadêmicos não tenham se preocupado em estudá-lo, classificá-lo ou designá-lo enquanto sequência de fenômenos sociais e históricos de natureza ideológica, muito menos de uma ideologia socialista.

Oswald debruçou-se brilhantemente sobre a Inconfidência Mineira com o enfoque ideológico, já da luta de classes e da opressão imperialista, e excluiu George Washington (“um senhor de escravos que proclamou a liberdade dos senhores de escravos”) da classe dos “libertadores”. Como ele, uma plêiade de pensadores latino-americanos desprezados pelo pensamento colonizado e colonizador tratou os movimentos libertários em suas respectivas regiões e nações deixando-nos importantíssimos legados. Mas na mesma América Latina, na América do Norte e na Europa, a questão ideológica e o processo histórico da Nuestra América sequer são considerados nas elites acadêmicas e pelo pensamento submisso ao ideário imperialista.




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Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com/)

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