MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

DIOGO MAINARDI E SEU "ENCARAR DE FRENTE



"Dedicado a Romeu Chap Chap. Sempre que me lê, acha que sou radical demais."

O articulista deixou escapar recentemente um triste ‘encarar de frente’ no programa Manhattan Connection, mas não é por desconhecer o português que deve ser criticado. Há algo mais sério em jogo, que faz de Mainardi apenas a ponta visível do iceberg. Por exemplo, nessa discussão sobre o superaquecimento do Planeta que tomou vulto em Copenhage, Mainardi se perdeu completamente com avaliações grosseiras e pseudocientíficas, ficou como sempre do lado errado, ao defender o ponto de vista de seus veículos, e parece não saber mais o que está dizendo.


“Ele precisa encarar isso de frente”, disse Diogo Mainardi em recente Manhattan Connection. Quase furou meus tímpanos. Perguntei à companheira: “Ouvi direito?” “Ouviu”, respondeu. Aí, me lembrei que, no português, tenho mais telhado de vidro que Mainardi. Volta e meia, esqueço a grafia correta, cometo cada barbaridade. Além disso, falho nos dados. Esses dias, coloquei Orson Welles numa relação de cineastas judeus que fizeram de Hollywood algo mais importante do que uma simples cidade de entretenimento. Ora, Welles não era judeu, e eu sabia. Acontece. Meus leitores alertaram, pedi desculpas.


Veja, não é porque erro que Mainardi pode errar também e não ser criticado. Há algo mais sério em jogo, nos textos dele --- os destinos da humanidade ---, e seria superficial e raso demais combatê-lo por aí, como faz habitual e preconceituosamente a direita brasileira. Exemplo recente: quando Caetano Veloso desprezou Lula, por considerá-lo “analfabeto e brega”. Há que combater Diogo Mainardi, sim, mas pelo mal que ele e seus veículos como a Veja e o programa Manhattan Connection fazem à humanidade.


Que fique claro, não defendo quem erra o português. Todo comunicador precisa dominar a língua. Se não domina, não consegue se comunicar direito. Um simples erro no emprego da vírgula pode levar à morte, como naquele clássico exemplo do rei. Coube a ele dar a sentença final, se livraria ou não o condenado da pena de morte. Em telegrama (ops, hoje seria e-mail), o rei o perdoou, pedindo para que não o matassem. Só que dividiu a sentença com uma vírgula (escreveu: “Não, matem”) e o condenado foi sacrificado.


Há males maiores pelos quais Diogo Mainardi e seus veículos precisam ser criticados e combatidos. O principal deles está nas posições equivocadas e pseudocientíficas que defendem, e que tanto mal fazem à humanidade. Quais são elas? A maior é ainda não ter identificado corretamente os verdadeiros responsáveis pela devastação ambiental e pela destruição da vida no Planeta.


Como Mainardi e a mídia em geral, a maioria acredita que é o homem, identificado equivocadamente como “predador por natureza”, o grande responsável por tudo isso. A maioria não sabe que o pai da criança --- mesmo durante a Guerra Fria e na China de hoje, atravessando a história contemporânea --- é na verdade o capital.


Sim, o homem é o executor das ações do capital. Obviamente, são mãos humanas que conduzem a vida capitalista. Mas a humanidade não tem muita escolha nesse processo: a vida regida pelo capital globalizou-se e se tornou dominante no Planeta, independentemente da vontade humana. Os povos condicionaram-se aos desígnios do capital e têm sido forçados a seguir o curso por ele ditado. E é impensável, inviável e utópico tentar deter esse processo nos dias de hoje.


Mas não podemos ficar indiferentes aos males que a vida capitalista nos tem causado, como fazem Mainardi e a mídia em geral, da mesma forma que nunca ficamos indiferentes aos benefícios que o capital nos trouxe. É preciso fazer alguma coisa já para conter esse terrível rolo compressor que nos atinge todos os dias, sob pena de a destruição trazida pelo capital tornar-se algo avassalador e irreversível, a ponto de pôr fim ao que resta de vida na Terra. Alguns cientistas já preveem que a vida, inclusive a humana, não dure um século no Planeta, se continuarmos em meio a essa destruição e a essa barbárie.


É nesse sentido que preconizo ser hoje necessário, a cada indivíduo, tornar-se demolidor. Urge que encontremos formas de desconstruir essas estruturas arcaicas que ainda dominam a sociedade, mesmo que isto seja muito difícil. É a vida no Planeta que está próxima de acabar, temos de continuar tentando. Indiferentes às reais causas da destruição e da barbárie, Mainardi e os veículos de comunicação, ao contrário, procuram, não importa a que preço, conservar as forças do capital, para que a estrada continue livre e nada detenha a atual devastação. Contra isto, é preciso ser radical, entendendo-se por radical ir à raiz do problema, para extirpar o mal a partir de suas causas.


Outro deslize de Diogo Mainardi e da mídia em geral é não ter percebido ainda qual a verdadeira finalidade dos meios de comunicação. Não sabem que os veículos nasceram justamente para fiscalizar, defender e proteger, como guardiões, a vida regida pelo capital. Até porque são corporações capitalistas também, e é fácil perceber que os jornalistas aí estão para fiscalizar, proteger e defender os interesses delas, embora a maioria dos quais não tenha a menor consciência disso. Mainardi não é exceção.


Em texto recente de Veja, sob o título “Eu e o urso canibal”, Mainardi põe a nu toda a sua ignorância a respeito. Ele se diz indiferente ao aparecimento de ursos canibais na calota polar ártica, como acaba de descobrir a ciência. O degelo na calota, que seria resultado do superaquecimento global, estaria levando os ursos a se tornarem canibais, na luta pela sobrevivência. Diz Mainardi: “O que eu sei sobre o assunto é que, nos tempos de Giorgione e de William Shakespeare, talvez houvesse menos CO2, mas nós brasileiros já comíamos uns aos outros.” Quer raciocínio mais tosco, comparação mais rasa?


Diogo Mainardi e nossos veículos de comunicação ainda não perceberam que o capital transformou a Terra num imenso shopping center. Não existe nada mais autoritário do que o capital, ainda que ele nos tenha garantido todo esse valioso progresso. O avanço tecnológico de responsabilidade do capital acabou queimando etapas e permitido que nossa espécie sobrevivesse e avançasse, salvando a humanidade.


Mas, ao mesmo tempo, o capital responde por toda a destruição a que estamos assistindo, no Planeta e até fora dele. As palavras-de-ordem do capital são: “Temos de vender de qualquer jeito, não sobrevivemos sem a venda”. E isto depende de outra palavra-de-ordem, ainda mais autoritária: “Para vendermos, você precisa comprar”. Eis a sina.



Não importa se o que você vai comprar destruirá recursos naturais e concorrerá para acabar com a vida no Planeta. Também não importa se o produto seja cancerígeno ou se irá levar você à obesidade e ao enfarte, quando não à depressão e ao suicídio. O capital não vê cara nem coração, está pouco se lixando para a destruição que provoca. Quanto mais vender, melhor. Metade da população dos EUA sofre hoje de obesidade (inclusive, mórbida) e quase ninguém sabe que é a vida regida pelo capital a causadora disso. O capital vitaminou os alimentos, jogou no mercado os transgênicos, deixou tudo mais barato, mas também provocou os distúrbios (hormonais etc.) que acabaram engordando a América.


O capital age como o viciado em cocaína: diz que vai fazer isto ou aquilo para sair dessa (o papo da sustentabilidade, da defesa do ecossistema etc.), mas o que sempre prevalece é a lógica da venda, pois é ela que comanda a acumulação. E o povo permanece alienado, sem saber a origem dos males que o atingem.


A vida regida pelo capital quer apenas garantir as vendas e não mede esforços para tanto. Ninguém sobrevive no Planeta se não comprar. Mesmo que você se recuse, foi a vida inteira condicionado a comprar e não consegue se libertar. Pode até ter se tornado consumista compulsivo, e aí fica mais difícil ainda.


Se você tenta se livrar, logo percebe que não dá. Se chega perto de conseguir, é imediatamente amordaçado de novo, quando não assassinado, e não tem saída senão voltar à rotina do consumo. Ou você consome, pois precisa ter as coisas para poder usufruir e sobreviver, ou morre. Ainda não achei um único produto que, por mais benefícios que traga à humanidade, não contribua para a destruição de recursos naturais e para a poluição e a devastação ambientais.


É preciso fazer alguma coisa. Obviamente, não tem sentido tentar acabar com a produção industrial como solução para essa questão. Também já vimos que não há como deter todo esse progresso que nos garantiu a vida capitalista e que tantos benefícios trouxe à humanidade. Mas há que estar consciente, para não perder o fio da meada. E também que se posicionar do lado certo, antes que tarde.


As discussões sobre o superaquecimento global de Copenhage, por exemplo, são decisivas para o futuro da humanidade, ainda que possam significar apenas um grão de areia nessa dura batalha. É criminoso o veículo --- bem como o jornalista, a exemplo de Diogo Mainardi --- indiferente à devastação provocada pelo capital, assumindo postura conservadora de quem, com antolhos, só enxerga o que deve ser feito para salvaguardar as forças que regem a vida capitalista. Há uma verdade absoluta aí: ou o homem dirime e detém a voracidade destrutiva da vida sob o capital ou esta acaba com a vida no Planeta, e em menos tempo do que se imagina.
Tom Capri.

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