Nascer, tornar-se criança, adolescente, adulto, envelhecer e falecer. O percurso da existência parece simples ao ser resumido dessa maneira. Entretanto, se pensamos um pouco a respeito, chegamos rapidamente à conclusão de que esse percurso não segue em linha reta como parece.
O desenvolvimento humano não segue um simples padrão de “amadurecimento”, como se fosse uma fruta, ou como uma planta que cresce quase sem que o jardineiro se dê conta. Trabalhamos, nos comunicamos, cantamos, praticamos esportes - em resumo, somos o que somos não somente por
um crescimento espontâneo, mas por vivermos mergulhados na grande riqueza do ser humano que é a cultura.
um crescimento espontâneo, mas por vivermos mergulhados na grande riqueza do ser humano que é a cultura.
Existem várias definições para cultura. Nesta nossa reflexão, podemos entender como cultura toda a produção simbólica realizada em sociedade. O convívio social é o formador do indivíduo: nosso desenvolvimento se dá no contato com o Outro, através de toda atividade humana, desde a família até o trabalho.
Quando falamos que a cultura é “produção simbólica”, não estamos querendo dizer que ela é falsa, ou irreal. Simbólico, falando resumidamente, é tudo aquilo que o ser humano produz de imaterial. Por exemplo, a linguagem, a moral, os costumes etc.
É a cultura, é toda essa produção simbólica, que faz de nós quem somos.
Poderíamos pensar então que a pessoa é resultado do meio em que vive, e que sempre será aquilo que o meio lhe dita? Não podemos esquecer que todo indivíduo possui autonomia, em maior ou menor grau. A maneira como passamos por cada experiência de nossa vida, o modo como recebemos as influências do meio vão ditar como será nosso desenvolvimento.
Cada um de nós passa por experiências únicas na vida. Ainda que, devido ao fato de vivermos todos em uma mesma sociedade, existam inúmeras semelhanças entre cada indivíduo. E é isso que possibilita o convívio.
Entretanto, cada um de nós tem uma família diferente, passou por uma escola, por um trabalho e por uma infinidade de outras coisas, e vivenciou cada uma destas experiências de maneira única, que nunca será repetida.
Nosso desenvolvimento se dá culturalmente, no convívio social, muito diferente de uma “planta” que simplesmente cresce. E cada indivíduo trilha um caminho distinto em seu desenvolvimento. Por isso falamos aqui de desenvolvimento pessoal.
É possível tomar em nossas próprias mãos o trabalho de nosso desenvolvimento pessoal? Ainda que a cultura e a sociedade determinem muito do que somos, podemos dizer que sim, é possível cada um de nós orientar o rumo de sua própria vida. Pois o indivíduo possui autonomia e consciência de si.
Quando falamos de consciência de si, nos referimos ao conhecimento que cada um tem de suas próprias características: valores, costumes, comportamento, sentimentos etc. Todos temos, em maior ou menor grau. O primeiro passo no desenvolvimento pessoal é trabalharmos o auto-conhecimento.
* Luiz Bosco Sardinha Machado Júnior, psicólogo e mestrando em Psicologia Social pela Unesp de Assis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário