MARINA

Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz. Andei trocando umas palavras, corrigindo vou mandar de novo prá vc montar um slide vou mandar imprimir e mando p/ vc pelo correio MARINA No ambiente amplo Paredes brancas, Iluminado por uma Réstia de luz Qu’escapava esguia Por cortina balouçante, Uma marina deslumbrante, Com mares azuis, tal Olhos de uma diva. O píer branco qual Espumas das ondas O conjunto enfeitando. Barcos que partiam E chegavam Se quem ia ou voltava Não sei se ria Ou só chorava. Ah! como amava Esta marina que, De amor minha Vida povoava 22.03.09 LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ QUEM SOU EU MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

segunda-feira, 17 de maio de 2010

HORMÔNIOS ARTIFICIAIS NO AMBIENTE: RISCOS À SAÚDE PÚBLICA - 2a. PARTE

Bisfenol A

Por muitos anos, o Bisfenol A (BPA), tem sido uma das substâncias químicas de maior produção ao redor do mundo, alcançando 2,7 milhões de toneladas em 2003. É uma matéria-prima industrial que está presente em muitos itens, como: mamadeiras, garrafas de água mineral, selantes dentários, latas de conserva, lentes de óculos, materiais automotivos, encanamentos de água de abastecimento, adesivos, CDs e DVDs, impermeabilizantes de papéis, tintas etc. Tais materiais sofrem processos que resultam na liberação do Bisfenol A livre em alimentos, bebidas e no ambiente (Sonnenschein & Soto, 1998; Kang et al, 2006; Vom Saal & Welshons, 2006; Welshons et al, 2006).


Em testes realizados em laboratórios, o BPA foi detectado: na saliva, em quantidades suficientes para estimular a proliferação de células de câncer de mama (MCF-7), uma hora após os pacientes terem sido tratados com selador dentário à base de resina derivada do BPA (Olea et al, 1996); em mamadeiras de plástico (policarbonato), sob condições semelhantes àquelas do uso normal (Brede et al, 2003); nos líquidos das latas de conservas de alimentos revestidas por resina contendo BPA, que também estimularam a proliferação das células MCF-7 (Brotons et al, 1995);


em amostras de leite (Casajuana & Lacorte, 2004); em galões de policarbonato utilizados como embalagens de água mineral (Biles, 1997); entre muitos outros itens.

A descoberta de que o Bisfenol A (BPA) atua como interferente endócrino, apresentando atividade estrogênica, ocorreu quando pesquisadores verificaram que, ao serem autoclavados, os tubos plásticos de policarbonato, empregados em seus experimentos, liberavam na água essa substância que, em quantidades muito pequenas (na concentração de 5,7 partes por bilhão (ppb)), ocasionou estímulo da proliferação de células de câncer de mama (MCF-7) (Krishnan et al, 1993). Estudos do mecanismo de ação revelaram que o BPA também pode causar efeitos nas células pituitárias, pancreáticas e da próstata de camundongos, bem como nas células de câncer de mama humanas, mesmo quando está presente em dosagens muito baixas, da ordem de partes por trilhão (ppt) (picogramas por mL) (Welshons et al, 2006; vom Saal et al, 2007).

A exposição contínua (por 24 horas) de células de pâncreas a uma solução contendo BPA (10 ppb), ocasionou a secreção de insulina acima do nível normal (Adachi et al, 2005) e, em estudos realizados com cobaias, foi observado que, após quatro dias, a administração de BPA (10 mg/kg/dia) fez com que ratos adultos desenvolvessem hiperinsulinemia, o que aumenta os riscos de desencadeamento de diabetes melitus do tipo 2 e hipertensão (Alonso-Magdalena et al, 2006).

Em experimentos realizados com ratos e camundongos, a exposição fetal ao BPA ocasionou a alteração da morfologia de diversos órgãos do animal adulto, como útero e vagina (Markey et al, 2005), glândulas mamárias (Markey et al, 2001, Durando et al, 2007) e próstata (Welshons et al, 1999). Também foi relatado que a administração de BPA a ratas grávidas e seus filhotes recém-nascidos resultou em mudanças no comportamento dos adultos expostos e induziu-os à obesidade (Farabollini et al, 1999, Vom Saal et al, 2005). Dentre os efeitos sobre o comportamento, foi observado que o BPA ocasionou hiperatividade, aumento da agressividade, reação alterada para estímulos de dor ou medo, problemas de aprendizagem e alteração do comportamento sócio-sexual. Notavelmente, na dose de 30 mg/kg de massa corporal/dia, o BPA ocasionou reversão das diferenças normais de comportamento entre os sexos (Negishi et al, 2004; Vom Saal et al, 2005).

O BPA também causou distúrbios no sistema imunológico de camundongos, podendo desencadear doenças auto-imunes como lupus eritromatoso sistêmico, púrpura trombocitopênica idiopática, dermatomiosite e esclerodema (Yurino et al, 2004;Vom Saal et al, 2005).

Também foi descrito que BPA e derivados foram capazes de interferir na atividade da tireóide (Kitamura et al, 2005).

Em um estudo realizado com seres humanos, nos Estados Unidos, o BPA foi encontrado em 95% das amostras analisadas em níveis superiores a 0,1 ppb, levando os pesquisadores a concluírem que "a freqüente detecção do BPA sugere que os habitantes dos Estados Unidos estão amplamente expostos a esta substância" (Welshons et al, 2006). Os autores destacaram que o BPA foi


encontrado em fluidos corporais de seres humanos, em uma faixa de concentração (partes por bilhão) que é 1.000 vezes maior que a concentração necessária (partes por trilhão) para que ocorram os efeitos celulares descritos acima, levando aqueles estudiosos a concluíram que as evidências científicas indicam que já devem estar ocorrendo amplos efeitos biológicos desta substância nos seres humanos (Welshons et al, 2006; vom Saal et al, 2007). Particularmente preocupantes são os elevados níveis de BPA detectados no soro do cordão umbilical dos fetos, no soro materno durante a gravidez, e no fluido amniótico fetal, durante o período de maior sensibilidade do feto humano aos efeitos danosos dos interferentes endócrinos. Os níveis aferidos de BPA circulando livre no sangue de adultos ficaram na faixa de 0,2 a 20 ppb, enquanto que, na placenta, estes valores ultrapassaram 100 ppb (Welshons et al, 2006).

É importante destacar que estudos epidemiológicos levaram à comprovação de que há correlação entre a concentração de Bisfenol A no sangue, com o desenvolvimento de doenças em seres humanos, tais como obesidade, síndrome dos ovários policísticos, hiperplasia do endométrio e abortos (Hiroi et al, 2004; Takeuchi et al, 2004; Sugiura-Ogasawara et al, 2005). Em estudo divulgado em 2008, foi encontrada correlação entre os níveis de BPA presente na urina de pessoas adultas (18 a 74 anos de idade), com o desencadeamento de diabetes e mal funcionamento do fígado, entre outros efeitos (Lang et al, 2008).

Em novembro de 2006 foi realizado, na cidade americana de Chapel Hill, um encontro que reuniu pesquisadores de diversas áreas, intitulado "Bisfenol A: Uma Avaliação da Relevância dos Estudos Ecológicos, In Vitro e com Animais, na Investigação dos Riscos para a Saúde Humana". Ao final do evento, os pesquisadores concluíram que (vom Saal et al, 2007):

"Os muitos efeitos adversos observados em animais de laboratório expostos a baixas dosagens de BPA, tanto no período de desenvolvimento, quanto na idade adulta, causa grande preocupação com relação ao potencial de que efeitos semelhantes ocorram em seres humanos [...]. Tendências recentes do adoecimento de seres humanos têm semelhança com os efeitos adversos observados em animais de laboratório expostos a baixas doses de BPA. Especificamente, cita-se como exemplos o aumento da incidência de: - câncer de próstata e mama; - anormalidades urogenitais em bebês do sexo masculino; - puberdade precoce em meninas; - desordens metabólicas incluindo obesidade e diabetes resistente à insulina (tipo 2); - problemas neurosociais, como hiperatividade associada a déficit de atenção (ADHD) e autismo; - além da diminuição da qualidade do sêmen dos homens. Há muitas evidências de que os efeitos da exposição ao BPA, ocorrida durante o período de desenvolvimento da criança, podem se tornar aparentes somente após um longo período de tempo [...]. Estes efeitos são irreversíveis e podem ocorrer devido à exposição a baixas doses de BPA em períodos de maior susceptibilidade, durante o desenvolvimento do feto. Posteriormente, quando os efeitos ou as doenças resultantes são expressos, possivelmente não haverá mais quantidade detectável de BPA presente no organismo afetado [...]. Por outro lado, isto não diminui as preocupações com relação à exposição dos adultos ao BPA, em que muitos efeitos adversos são observados enquanto a exposição está ocorrendo. As preocupações com relação à exposição ao longo da vida são baseadas em evidências de que, virtualmente todos os que vivem em países desenvolvidos estão sujeitos a uma exposição crônica, a baixos níveis de BPA. Estas descobertas indicam que estudos em animais, particularmente os estudos tradicionais da


toxicologia, que envolvem apenas elevadas dosagens do BPA, não refletem a situação em humanos."

Welshons e colaboradores (2006) concluíram, em seu trabalho que: "a nossa preocupação com a exposição humana ao BPA resulta dos seguintes fatos:

 “a identificação de mecanismos moleculares em que a presença do BPA, em dosagens muito baixas, resulta em efeitos em tecidos humanos e animais;

 efeitos in vivo em animais de laboratório foram ocasionados por dosagens baixas, na faixa de concentração a que os humanos estão expostos;

 a generalizada exposição humana a níveis de BPA que causam efeitos adversos em animais.”

Em notícia publicada no jornal New York Times de 18/04/2008, (disponível em http://www.nytimes.com/2008/04/18/business/worldbusiness/18cnd-plastic.html), foi divulgado que governo do Canadá proibiu a comercialização, a partir de 19 de junho de 2008, de mamadeiras de bebês feitas com policarbonato, devido aos efeitos tóxicos do Bisfenol A, liberado a partir destes plásticos.

Ftalatos... (continua)

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