São Paulo de novo favorito,
Flamengo vacila com dois
centroavantes e Massa
já era na Fórmula 1
Não vou me conformar nunca nem aceitar a incompetência e a decadência de nossa mídia, em especial, da esportiva, que não faz mais jornalismo. Pasme, nossa crônica ainda nem sequer sabe por que o São Paulo deu ontem a volta por cima, superou o Cruzeiro no Mineirão e (o campeão voltooooou!) é de novo favorito para ganhar a Libertadores. Ela também não sabe – vige! – por que o Flamengo, depois de despachar o Corinthians, tropeçou feio outra vez e agora vai precisar de muito rebolation para seguir em frente. É impressionante, a mídia até mesmo não percebeu ainda que a Ferrari já fritou à milanesa Felipe Massa. Que desde o começo da temporada o brasileiro vem sendo forçosamente ‘escada’ de Alonso nem ganha mais carro em igualdade de condições e tão veloz quanto o do espanhol.
COMPARTILHESão Paulo rides again!
Há mais de um ano, venho dizendo que, com o poste Washington lá na frente, o São Paulo faz belos gols, mas tem sempre um a menos em campo e fica muito vulnerável. Recentemente, o técnico Ricardo Gomes percebeu isso – ufa! – e começou a mudar o time, primeiro sacando Washington, sob vaias (foi chamado de burro) e protestos da torcida, que é tão ingênua e bobinha quanto a mídia e os dirigentes.
Ontem, o time parece ter resolvido definitivamente o problema, com a contratação do veterano (campeão mundial interclubes pelo Inter, Fernandão), uma das paixões de Luis Fernando Verissimo. Apesar de não ter mais aquela mobilidade nos seus 32 anos, Fernandão é centroavante moderno, ou seja, um “faz-tudo” em campo, inclusive ser maestro. Ontem, ele engoliu o Cruzeiro, em pleno Morumbi.
Nossa mídia reconheceu que Fernandão deu nova cara ao São Paulo, mas não se atreveu a dizer que o Tricolor se superou porque, finalmente, pôs fim à Era Washington. São raros os jornalistas especializados que entendem de futebol e sabem que, nos dias de hoje, não há mais espaço para o jogador especialista que só exerce uma função em campo, como Washington.
Palavras do zagueiro Alex Silva, depois do jogo: “Quando eles marcam lá na frente, fica mais fácil para a gente, o time cresce”. Aí está: o campeão voltoooou, é de novo o favorito, só um acidente de percurso tira este título do São Paulo.
De novo, o vacilo do Flamengo!
Enquanto o São Paulo resolve finalmente seu velho problema, o Flamengo persiste no mesmo erro, perde mais uma vez em casa e agora vai precisar de muito rebolation para seguir em frente na Libertadores. Não é possível que essas coisas continuem acontecendo no futebol brasileiro, sob as barbas dos dirigentes, técnicos e jogadores incompetentes e sob a cegueira de nossa mídia esportiva!
Meu Deus, o Flamengo jogou um primeiro tempo sofrível contra o Corinthians, quase tomou quatro em vez de dois, só porque jogou com dois centroavantes, o que é burro em qualquer circunstância, O QUE VENHO DIZENDO HÁ MAIS DE DEZ ANOS!!! Aí, no segundo tempo, reforçou o meio-campo com a entrada de Kléberson e tirou um centroavante (deveria ter sacado Adriano em vez de Vagner Love). Foi o que bastou para eliminar o Timão. Ontem, parece não ter aprendido a lição!!!
O que acontece? O Flamengo voltou a jogar ontem com dois centroavantes – Adriano e Love – e teve a sorte de não ter tomado uns seis e de ter conseguido aquele segundo gol no final. Não será surpresa se voltar a jogar, fora de casa, com os dois centroavantes de novo. Será que o futebol brasileiro não tem mais jeito?
É uma vergonha o que fazem com Massa
Não se trata nem mais de ter piedade de Felipe Massa. Agora já é uma questão de bom-senso. O piloto brasileiro foi guindado a ‘escada’ de Fernando Alonso tão logo este chegou à Ferrari, no ano passado. De lá para cá, a equipe vem submetendo Massa à mesma tortura pela qual passou Rubinho nela, quando companheiro de Michael Schumacher. Em suma, o brasileiro já dançou na Fórmula 1, e a Globo precisa agir já para evitar que o fã brasileiro perca, a partir daí, o interesse pela categoria e migre definitivamente para a Fórmula Indy. A possibilidade está no ar e é bastante concreta.
Há muito tempo, Massa não recebe o mesmo tratamento nem o mesmo apoio da equipe dado a Fernando Alonso. Desde o GP da China que ele tem pilotado um carro mais frágil e menos veloz que o de Alonso. Não há mais igualdade de condições em nenhum item. Isto só concorre para que Massa perca prestígio. E ninguém vai fazer nada? Cadê a Globo, que tem tanto interesse em Felipe? Cadê a mídia especializada brasileira, que nem se deu conta disto ainda? É uma vergonha!
Ainda não começaram a dizer que Massa já é o novo “eterno vice”, o novo “pé-de-chinelo” da Fórmula 1, como fizeram com Rubinho. Mas nossos cronistas especializados já estão “informando”, aos fãs da F-1, que Alonso começa a provar ser o melhor da Ferrari e já ser merecedor da condição de “piloto número um”.
A Ferrari está na dela, não pode agir de outra forma. Alonso foi para a equipe porque há um caminhão de patrocinadores bancando isto. Os reis e príncipes espanhóis vão às corridas para posar ao lado do piloto espanhol e dar “aquela” força. A troco de quê a Ferrari iria privilegiar Massa?
O piloto brasileiro também não tem o que fazer. Se calar, o bicho pega, se abrir o bico, o bicho acaba de matar, como fez com Rubinho. Isto é, se ficar quieto, Massa continuará tomando aos poucos de todos os lados e poderá terminar a temporada com a imagem e a autoestima lá embaixo. Se abrir a boca, tomará do mesmo jeito de todos os lados e, de repente, nem sequer renovará contrato com a Ferrari. Não tem para onde ir.
O que não dá para aceitar é a omissão da mídia especializada internacional, sobretudo da brasileira, que se faz de bobinha e não investiga. Nem falo da Globo, que não pode mesmo pôr a boca no trombone: por deter os direitos de transmissão das corridas, perde essa boquinha se falar grosso.
Além disso, os jornalistas da Globo, como Galvão Bueno e Reginaldo Leme, estão amordaçados e não têm como deixar de ser omissos. E os especializados dos demais veículos ou têm um pé na Globo, como Livio Oricchio, do Estadão, ou sonham um dia chegar lá, como Fábio Seixas, da UOL. Por isso, também estão amarrados, não restou mais ninguém para contar a história.
Mas a Globo pode interferir a favor do brasileiro, com mais ajuda, obviamente financeira, mesmo. Não foi o que fez, recentemente, Schumacher? Tá na cara que o piloto alemão correu recentemente de chapéu na mão em busca dos dízimos de velhos patrocinadores e os entregou à equipe. Não foi à toa que, em Barcelona, o alemão voltou a despontar como um dos favoritos ao título deste ano.
É hora de a Globo fazer o mesmo. Não é a Fórmula 1 um dos filés da emissora? Diz o bom-senso que as corridas só consolidam audiência quando há um piloto brasileiro de ponta, com chances de abocanhar o título. Este piloto já apareceu, é Massa, o maior candidato a novo mito do automobilismo desde que ingressou na categoria.
Só que a Fórmula 1, como o futebol, virou um mega-negócio, e a maré deixou de estar para os pilotos brasileiros. A Era Ayrton acabou, agora a categoria “escolhe” quem vai ser o campeão da temporada, e “escolhe” normalmente um europeu que possa encher os cofres da Fórmula 1, como aconteceu com Schumacher e, agora, com Fernando Alonso. Por isso, a Fórmula 1 é essa farsa que aí está e, no Brasil, corre o risco de perder terreno para a Fórmula Indy, o que seria golpe muito duro para a Globo.
Estou distante das corridas, não tenho como entrevistar os pilotos. Não sei se Massa já tem uma noção, ainda que pequena, desse inferno em que se meteu. Não sei se tem consciência de alguma coisa. Só sei que a Globo sacou tudo e, a esta altura, já deve estar fazendo sua ginástica para não perder a boquinha.
Tom Capri.
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