Perdoe-nos o pessoal de Pelotas (RS) pelo título acima não se referir ao glorioso time de futebol da cidade, mas a uma instituição muito maior, cuja população é manipulada por políticos, que sempre souberam usar o circo como ferramenta para conquistar e se manter no poder.
Estamos falando deste Brasil onde o futebol é semi-estatal, vivendo à sombra do poder, sendo usado corriqueiramente para fins políticos e por isso mesmo tornando-se questão de Estado e “sócio” do Tesouro público.
Nos municípios pequenos, os prefeitos “aplicam” em futebol, o dinheiro destinado à Educação, sem a menor cerimônia e complacência das autoridades fiscalizadoras.
Um caso célebre do uso indevido do dinheiro público que ganhou repercussão até nos meios forenses foi o de Paulo Maluf, que quando governador presenteou os jogadores da seleção campeã da Copa de 70 com um “fusca” zero quilômetro. Precisaram exatos quarenta anos para Maluf ser superado.
O presidente Lula, que está conseguindo superar em quase tudo aos seus antecessores, pretende premiar todos os campeões do mundo com uma quirerinha, talvez tirada dos aposentados, de quatrocentos e cinqüenta mil reais, que equivalem aos rendimentos de um trabalhador que ganhe salário mínimo por cerca de quarenta anos. Isto será acrescido de uma polpuda renda vitalícia. A coisa é tão escandalosa, de corar frade de pedra, que o campeão do mundo Tostão já disse que não quer.
E os exemplos são muitos. É um prefeito de Barueri, que pensando em ser governador, destinou um milhão de reais anuais ao Grêmio, fato este denunciado à mancheias pelo jornalista Juca Kfoury. É o Rio de Janeiro, que recebeu verba federal para a realização dos Jogos Panamericanos e que estourou o orçamento em cerca de dez vezes o valor previsto e que rendeu ao Botafogo F.R. o estádio do “Engenhão”.
A coisa é tão flagrantemente imoral e ilegal, que quase todos os times do Rio são ou patrocinados com o dinheiro dos “royalties” do petróleo, os casos de Campos, Macaé e outros, ou por estatais, como a Petrobras, a Eletrobrás e a Infraero, que administra nossos aeroportos (!).
Caso escabroso, que deveria ir para os anais do absurdo ou outros mais sérios, foi o da Petrobrás/Flamengo.
O time carioca devia até a alma para a Previdência Social (ela mesma, a responsável pelo pagamento das quireras aos velhinhos) e em virtude disto, não conseguia arrancar dinheiro da Petrobrás.
Do saco de maldades contra o erário público surgiu a idéia salvadora, criou-se a Time Mania , que zerou as pendências dos clubes com a Previdência e livrou a cara do Flamengo.
O leitor pode até não acreditar, pois é algo tão absurdo e afinal, temos uma oposição... Pois é, futebol tem tanta força, que a oposição fica sem coragem de lutar contra algo que dá milhões de prejuízo aos cofres públicos e à população por extensão, mas... beneficia os times, que o povo idolatra.
Tal se repetiu, na reivindicação para que o Brasil fosse sede da Copa de 2.014. A todo-poderosa e milionária FIFA transferiu ao país-sede todos os ônus, para que possa sediar um evento, que no fundo é meramente comercial. Não houve um parlamentar ou órgão de imprensa a gritar contra mais este absurdo.
A FIFA exigiu: renúncia de impostos, que o chutômetro brasileiro estima em quatrocentos milhões de reais; construção e reforma de estádios; construção de linhas de metrô para garantir o transporte até os estádios; reforma e construção de novos aeroportos.
As exigências são tantas, que no caso africano, mesmo com o governo abrindo os cofres do Tesouro, para atender a insaciável entidade, muita coisa deixará de ser feita e a Copa/2.010 está pintando como um estrondoso fracasso.
No Brasil o já combalido BNDES/Tesouro está sendo escalado para financiar mais esta aventura terceiro-mundista do governo Lula, que a partir de primeiro de janeiro vai para arquibancada, deixando para o futuro governo a missão de driblar os compromissos por ele assumidos.
Luiz Bosco Sardinha Machado, jornalista, MTE 58.114/SP
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