No – 175 – COLUNA DO SARDINHA
Os partidários da candidatura do Partido dos Trabalhadores à presidência, com a realização do segundo turno, deveriam perder um tempinho com a análise do desempenho eleitoral do deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP).
Tal análise seria fundamental para avaliar qual a percepção do eleitorado por temas desprezados e que eram até motivo de deboche no governo Lula.
O deputado comunista sempre foi muito bom de urna, caracterizando-se por ser ótimo puxador de votos de seu partido, um dos nanicos do Congresso, inclusive colaborando para o crescimento da bancada, mercê dos votos de legenda.
No entanto, contrariando princípios e nitidamente obedecendo ordens do Planalto, o deputado uniu-se à bancada ruralista, expoente do agro-negócio e ideologicamente comprometida com a busca do lucro a qualquer preço e como relator da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, passou a defender de unhas e dentes o projeto de um novo Código Florestal, que tem como uma de suas principais finalidades alforriar autores de crimes ambientais de conseqüências irreversíveis.
Uma das conseqüências de tal atitude foi a verdadeira erosão nos votos do deputado, que perdeu nas ultimas eleições cerca de quarenta e sete mil votos.
Se o novo Código pretendia ”legalizar” a erosão em terras brasileiras, começou erodindo os votos do deputado. Outra explicação não existe.
Tudo já se falou contra o projeto de um novo Código Florestal nos moldes pretendidos pela Comissão relatada pelo deputado comunista e endossado pelo Palácio do Planalto, que efetivamente, passou dois mandatos inteiros brigando com os que tem responsabilidade sócio-ambiental e contra toda tentativa de ordenar-se este país no rumo de um crescimento organizado e por isso mesmo sustentável, onde o meio ambiente é essencial para um desenvolvimento com qualidade de vida.
A política de terra arrasada, com características medievais, outrora aplicada a rodo no nordeste canavieiro, não tem mais lugar no Brasil de hoje. O novo Código foi o coroamento do pouco caso e desrespeito com que o governo Lula tratou as questões do meio ambiente neste quase oito anos.
Ironicamente,a braços com uma eleição, onde sua candidata não teve a competência necessária para vencer em primeiro turno, Lula terá que buscar apoio de setores que efetivamente desprezou nestes últimos oito anos. Justificar seu comportamento, quem há de?
Se ao menos o presidente tivesse salvo a perereca em extinção que atrapalhava a construção da estrada... Talvez pudesse ser perdoado e poderia negociar com aqueles que fez questão de desconhecer.
Com um pesado “passivo ambiental” nas costas, onde um novo Código Florestal veio apenas coroar uma atitude sistemática de verdadeiro desprezo ao destino das futuras gerações, Lula por certo, não tem muito oferecer para quem quer que seja e isso por certo, irá espelhar-se nas urnas.
Luiz Bosco Sardinha Machado, advogado e jornalista
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