Um engraxate no Aeroporto
Fevereiro de 2011. No final da tarde de quarta-feira, estava eu no Aeroporto Internacional de Congonhas, São Paulo. Após mais uma chuva torrencial, ele fechou “temporariamente, para pousos e decolagens”.
O que fazer? Paciência! Fui tomar sorvete...
E fui abordada, várias vezes, por meninos pedindo lanche, pedindo dinheiro... apareceu um segurança e falou a um deles: “você não pode fazer isso aqui, vai embora”. Mas não foi convincente, a criança nem deu ouvidos e continuou abordando o pessoal.
Aí, um rapaz de terno e gravata comentou: “ - voltei no tempo! Um moleque com uma caixa de engraxate?”
Conversou com o menino, puxou dinheiro da carteira e o serviço foi feito.
A cena é horripilante. Uma criança aos pés de um adulto, limpando seus sapatos. Mas, porém, é um trabalho digno, honesto, enobrecedor... é melhor do que estar roubando ou cheirando cola... Bom, desculpas e justificativas não faltam pra fazermos vistas grossas ao que está errado.
Nos aeroportos - de 2011 -, têm Juizado de Menores; em alguns, têm Juizado Especial Cível... segurança pública, segurança privada... parece até coisa de primeiro mundo! Mas, a hipocrisia que nos move ainda ceifa das crianças brasileiras seus direitos básicos, que estão somente no papel, garantidos na Constituição Federal.
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Ana Echevenguá, advogada ambientalista, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Águas, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: http://www.ecoeacao.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário