O marketing mercadológico do ex-presidente vendeu-o como algo diferente de tudo que já houvera neste país, que recebesse o nome de administração pública. É bem verdade, que em algumas passagens Lula exagerou um pouco, escapando para o grotesco e para a bizarrice, mas como os meios justificavam os fins, não houve quem se importasse muito e Lula terminou o mandato com uma aprovação digna de ditador libio em tempos de bonança, eis que Kadhafi está muito em voga e parece que beirando o fim.
Lula cunhou o “nunca antes neste país”, criação perfeita e acabada da mídia, para dizer que antes dele era o caos e deste se fez a luz e esta pariu o populismo com novo rótulo com a bizarrice servindo de “modus operandi”.
Neste início de governo Dilma, por uma questão talvez contratual e política, aparentemente, tudo continua como dantes nos mais variados aspectos, administrativos, políticos e midiáticos.
Assim, não é de se estranhar que a imprensa oficial e oficiosa chame a primeira presidente da história brasileira de “presidenta” e que ela, num rasgo de entusiasmo elogie o “pibão” anunciado pelo IBGE.
Enquanto os marqueteiros não bolarem uma nova estratégia para vender a presidente, vai ser assim. “E vamo qui vamo.”
Só que os marqueteiros não poderão demorar muito, pois já começam a vasar na imprensa notícias nunca vistas antes neste país.
Tais como o processo judicial envolvendo o “mensalão” , que arrastou para a vala comum da corrupção quase toda a cúpula do Partido do presidente Lula e que volta à pauta com a informação de que o calhamaço já tem mais de setenta mil páginas e outros detalhes mais. E que o BMG, um dos bancos envolvidos no escândalo, está sendo investigado junto com o ex-presidente Lula e o ex-ministro da Previdência Social pelo Ministério Público Federal por propaganda indevida que causou prejuízos aos cofres públicos avaliados em nove milhões de reais.
Como o governo Dilma ainda não tem identidade e fisionomia própria, restam aos marqueteiros manter o mesmo mote do governo anterior, arrastando enquanto puder os defeitos e qualidades do antecessor. No entanto, já há um nítido movimento em seu seio em cunhar, alguns lances pouco defensáveis do governo Lula como “herança maldita”. Portanto, o tempo urge.
A “herança maldita” reflete-se na política econômica, que no governo Dilma é pendular, talvez para frear a sanha fisiológica da base aliada por postos e cargos. Da mesma forma que torna público um déficit recorde em suas contas de mais de um trilhão e quatrocentos bilhões de reais e um corte modesto de cincoenta bilhões em suas despesas e investimentos, anuncia a criação de mais ministérios, que devem chegar a quarenta(!), logo,logo e um aumento substancial no Bolsa Familia, que deve consumir neste 2.011 cerca de dezesseis bilhões de reais.
Dilma não está sabendo aproveitar a condescendência, que a opinião pública devota aos neófitos, o que é um grande mal. Deveria ir-se desgrudando de seu criador paulatinamente, não a título de confronto, mas para marcar o nascimento de uma nova liderança com luz e personalidade própria.
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista
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