COLUNA DO SARDINHA
Nos tempos de FHC o sr. Armínio Fraga foi escolhido para presidente do Banco Central, sob os protestos e as críticas da oposição (PT à frente), que levantava restrições ao indicado que tinha em seu currículo ligações perigosas com o maior credor individual do Tesouro Nacional, George Soros.
Realmente, Fraga teria sido secretário do mega-investidor e entregar o Banco, que idealiza nossa política monetária e financeira ao nosso maior credor individual era dar atestado de falência para o país, com um síndico escolhido pelos credores para administrar nossos débitos.
Afinal, já havia um precedente. Na época do Império, Pedro II cogitou entregar o Banco do Brasil, que era responsável por nossa política financeira/monetária, para pagamento de dividas contraidas com a guerra do Paraguai, junto a financistas ingleses. Felizmente, a idéia não foi adiante e daí para frente começamos a arrastar uma dívida pública, que hoje supera os dois trilhões de reais e consome anualmente, em juros cerca de cinquenta bilhões de reais, mais do que o orçamento de três ou quatro ministérios juntos, o da Educação à frente.
Veio Lula, com o seu “nunca jamais na história deste país”. Novo governo, novos tempos, novos ares. Mas, nem muito.
O ungido para o Banco Central, senhor de baraço e cutelo de nossas contas públicas foi Henrique Meirelles, um desconhecido, candidato derrotado pelo PDMB (da base de sustentação do governo) à Câmara dos Deputados, que tinha em seu currículo uma passagem nada recomendável para quem pretende manusear a dinheirama do Tesouro Nacional, a de presidente do Banco de Boston.
Foram oito anos de vacas gordas para os banqueiros, com o Banco Central não abrindo mão de fixar os juros mais altos da terra, provocando distorções várias, principalmente na política monetária, com o real supervalorizado artificialmente causando prejuízos em ultima instância aos cofres públicos.
Terminado o governo Lula, Henrique Meirelles foi convidado a deixar o importante cargo, pois já teria cumprido seu papel. Assim foi.
Agora, vem a público pelas mãos do site australiano WikiLeaks, que está divulgando documentos sigilosos do Pentágono, do governo americano, que o ex-presidente do BC era testa-de-ferro de empresas americanas, estando a serviço de interesses não muito nacionais.
Entra Dilma. Esperanças renovadas e denuncias enterradas.
As informações não muito claras pululam, entre elas uma, que creditamos como uma imensa “barriga” jornalística, divulgada pelo jornalista Joelmir Betting, dias atrás na TV Bandeirantes, com ares de verdade , de que o Banco Central estaria cogitando congelar os juros básicos da economia (taxa SELIC) até o fim do ano.
A notícia por absurda, não durou uma semana, pois além de elevar as taxas em 0,25%, o Banco sinalizou com novos reajustes para cima nas próximas reuniões, repetindo o mesmo esquema perverso e empírico de Meirelles, que força o ingresso de dólares atraídos pelos juros estratosféricos, permitindo que o país acumule moeda americana em suas reservas, mas em contrapartida, eleva a dívida pública e leva a cotação da moeda americana para baixo, num verdadeiro moto contínuo, que endoidece o mais equilibrado dos comentaristas econômicos.
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista
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