Keynes foto Divulgação |
TRÊS ANOS DE CRISE
Três anos após a crise americana das hipotecas., que acabou contaminando a economia global, percebe-se nitidamente que a estratégia utilizada pelo presidente Obama de socorrer os grandes conglomerados e bancos especialmente, com polpudos aportes financeiros, está muito longe de ter sido uma solução definitiva, mas apenas um mero paliativo, sujeito a repiques, que se e quando vierem, serão avassaladores e de conseqüências de difícil previsão.
Estatizar dívidas de particulares, causadas por má ou até fraudulenta gestão, está longe de ser a chave para deslindar qualquer problema. O Tesouro seja ele americano ou do Sri Lanka, trabalha com limites contábeis muito estreitos, que não podem ser alargados impunemente, como fez o sr.Obama, aumentando sobremaneira o déficit público.
Em julho os americanos terão que negociar papagaios da ordem de um trilhão e quatrocentos bilhões de dólares, quase o equivalente à dívida pública brasileira, esta tocada para frente à custa da armadilha dos juros altos.
Armadilha mortal, que não pode ser usada pelo presidente americano, pois o déficit público atingiu quatorze trilhões de dólares, estando perigosamente próximo do legalmente aceitável.
Obama apostou na política de que é possível perder os dedos, sem perder os anéis. Será viável? Leia a análise feita em artigo escrito em 2.009 agora reprisado por sua atualidade.
REINVENTANDO A RODA DA ECONOMIA
A grande dificuldade que o mundo atravessa não só no aspecto econômico, mas também no social e político é justamente a ausência de imaginação criadora, que traga soluções que fujam dos padrões tradicionais.
A queda do muro de Berlim e do império soviético, sem dúvida uma revolução no bom sentido, teve um aspecto negativo, que levará muito tempo para ser superado, qual seja o do sufocamento de novas idéias, que representariam novas soluções para velhos problemas. A divisão entre Leste e Oeste produzia uma saudável competição de parte-a-parte, responsável pelo surgimento de novas filosofias econômico-políticas e grandes avanços tecnológicos, de que a conquista espacial é um exemplo.
Que saudades da guerra fria!
Uma prova de que a imaginação criadora anda em falta, na crise atual a maioria dos economistas e teóricos agora são keynesianos (John Maynard Keynes, pensador inglês que a rigor defendia o intervencionismo estatal na regulação do mercado, num meio termo entre o capitalismo e o marxismo como teoria econômica) defensores intransigentes da intervenção do Estado na economia, principalmente para salvar os grandes conglomerados e os bancos.
Muitos dos que hoje se dizem keynesianos há bem pouco tempo atrás eram neo-liberais de carteirinha, que defendiam um Estado mínimo e a crise se deve muito a eles.
Se o Estado tivesse cumprido seu papel de indutor e regulador do sistema financeiro, as subprimes das hipotecas imobiliárias não teriam existido.
A intervenção estatal teria que ser no antes e não agora no depois. Como estão fazendo Estados Unidos, Canadá e quase toda Europa, socorrendo bancos, comércio e indústria com monstruosos aportes financeiros, estão colaborando para realimentar a crise.
Complexo, não. Expliquemos. A estratégia até agora adotada, aparentemente keynesiana, é na sua essência neo-liberal, pois realimenta os dragões da especulação.
Quando um governo anuncia corte na taxa de juros, quando intervém na economia com pacotes salvadores, que beneficiam bancos, comércio e indústria, estas medidas tem fôlego curto, pois apenas financiam o consumo, descuidando dos consumidores, que para os neo-liberais são apenas números estatísticos.
A roda da economia, com seu eixo já excessivamente gasto, continua girando para o mesmo lado. Se a cada número anunciado de corte nas taxas básicas de juros, o governo seguisse os discípulos de Keynes e decretasse um aumento proporcional na remuneração da poupança interna, talvez, então, tivéssemos consumidores ávidos em gastar e clientes bancários com muito para movimentar.
E estaria reinventada a roda.
terça-feira, 03 de fevereiro de 2.009.
Luiz Bosco Sardinha
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