Economia francesa cresce à sombra da briga entre Casino e Carrefour
29/6/2011 12:43, Por Redação - de São Paulo
A economia francesa cresceu 0,9% no primeiro trimestre sobre os três meses imediatamente anteriores, informou a agência de estatísticas INSEE nesta quarta-feira, revisando para baixo a divulgação preliminar, que apontava alta de 1%.
O dado do quarto trimestre de 2010 também foi revisto para baixo, de expansão de 0,4% para 0,3%. O crescimento de 2010 como um todo passou de 1,5% para 1,4%.
Apesar das boas notícias no cenário econômico francês, há nuvens no horizonte das maiores empresas de varejo do país, no outro lado do Atlântico.
Em São Paulo, nesta quarta-feira, o presidente do grupo francês Casino, Jean-Charles Naouri, pediu uma reunião do conselho de administração da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar, disse uma fonte ao jornal conservador francês Le Figaro.
– Jean-Charles Naouri pediu formalmente a Abilio Diniz a convocação da reunião nos próximos dias – afirmou.
O grupo francês Casino disse que tem o poder de se opôr ao acordo anunciado nesta terça-feira, que poderá unir as operações do rival Carrefour e do seu acionista no grupo Pão de Açúcar.
“Nenhuma negociação sobre o futuro da como é conhecido o grupo Pão de Açúcar (CDB) pode ser conduzida sem o consentimento e sem discussão prévia do projeto” pelo Casino, disse o grupo francês, em nota.
Segundo a edição eletrônica do jornal, o Brasil é estratégico para os dois grupos franceses. É o segundo mercado principal para o Carrefour, depois da Françca, com 12,3% das vendas totais do grupo. Para o Casino, o país responde por cerca de um terço dos 11,1 bilhões de euros de vendas do Casino no exterior.
Dinheiro fácil
Enquanto os franceses discutem, o Grupo Pão de Açúcar ri à toa. Nas últimas horas, o valor de mercado da empresa de Abílio Diniz engordou R$ 2,128 bilhões em apenas um dia. Bastou o anúncio de que o Carrefour recebeu uma proposta para fundir suas operações com o conglomerado paulistano, em uma operação liderada pelo BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na operação, o Pão e Açúcar e o Carrefour poderiam compartilhar o controle do maior grupo de varejo do Brasil, o terceiro maior em vendas de alimentos do mundo, com faturamento estimado para R$ 70 bilhões para 2011.
Na abertura do mercado, o Pão de Açúcar valia R$ 16,836 bilhões na segunda-feira, resultado de 258,8 mil ações que custavam R$ 65,03. No dia seguinte, após a veiculação da notícia, a rede de supermercados passou a valer R$ 18,964 bilhões, com ações que dispararam nada menos que 12,64% e fecharam cotadas em R$ 73,05. Alguns analistas acreditam que a fusão será positiva, pois trará largos ganhos de escala, gerando uma companhia com capital original estimado, pelo próprio Pão de Açúcar, em R$ 4,6 bilhões.
“Acreditamos que a oferta gera valor a todos os envolvidos, especialmente ao criar o maior varejista brasleiro com possibilidade de geração de sinergias operacionais decorrentes de melhor negociação com fornecedores, ganhos de escala e logísticos, além de melhor precificação em diversos segmentos de operação em função de maior nível de informações”, repercutiu a Fator Corretora, em nota.
O fato relevante divulgado pelo Pão de Açúcar ao mercado cita um estudo da FGV apontando sinergias de R$ 8,4 bilhões. Mas a Fator lembra que a operação deverá contar com a anuência do acionista francês Casino: “Lembramos que, de acordo com termo acordado em mai/05, o Grupo Casino poderá exercer direito de aumento na participação da Holding Wilkes em 2012, e portanto, nomear o Presidente do Conselho de Administração da empresa, cargo atualmente ocupado pelo Sr. Abílio Diniz”, diz a corretora na nota.
A participação do BNDES na operação também não foi confirmada, imediatamente, pelo Banco.
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