ltamar – A morte da simplicidade
Itamar Franco se foi deixando uma lacuna na política brasileira. Sem ambições, o político mineiro passou pelo Planalto deixando as marcas da austeridade, da honestidade e da simplicidade.
Marcas que o fizeram recriar o “fusca”, por exemplo, que o levaram a desafiar Antonio Carlos Magalhães para sua surpresa, a apresentar as provas que teria de corrupção no governo diante dos holofotes da imprensa, que permitiu que FHC assumisse a paternidade do Plano Real criado e implementado na gestão de Ciro Gomes no Ministério da Fazenda.
Por estas marcas deixou de exigir novamente a presidência, permitindo a reeleição de FHC escudado no plano econômico, do qual fora apenas o executor.
Como em política não existe “se”, mas tudo leva a crer que o Brasil seria diferente hoje se Itamar conseguisse impor sua candidatura à sucessão de FHC, não permtindo o golpe branco da reeleição, com todos os seus defeitos, sendo o uso da máquina da pública pelo candidato à reeleição, o maior deles.
Talvez, isto tenha se dado também, pelo desapego que o ex-presidente tinha às coisas materiais, ao cargo e às benesses do poder.
O ex-presidente era uma pessoa de uma simplicidade impar, que às vezes beirava à ingenuidade. Só a ela pode-se debitar dois fatos ocorridos em seu governo e que foram prato cheio para os que a ele se opunham: a recriação do “fusca” e o comparecimento ao sambódromo do Rio acompanhado de uma modelo, prato cheio para os exploradores de escândalos.
No primeiro caso, apesar das críticas da mídia, a idéia tinha por fim ressuscitar o automóvel popular de maior sucesso no Brasil, permitindo que as classes mais baixas tivessem seu carro próprio, ainda inacessível a grande parte da população pelo seu alto preço, enquadrado entre os maiores do mundo.
O caso da modelo, flagrada com as genitálias à vista, sem calcinhas, foi na certa uma armação de algum assessor mal intencionado, que pretenderia expor o presidente ao ridículo e com ajuda da mídia, conseguiu.
O Brasil e o Senado Federal perdem com a ausência de Itamar, que ainda tinha muito exemplo para dar com seu jeito desprendido de fazer política, onde apenas os interesses do país sobrepunham-se.
Descanse em paz.
Luiz Bosco Sardinha
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