Sobre as declarações do atual ministro da fazenda sobre o valor do dólar, encaminho a você a carta que escrevi para o Jornal Valor há quatro anos e que, pelo visto, continua válido o seu contexto.
Carta ao Jornal Valor publicada na edição de 24 de janeiro de 2005.
A notícia em primeira página deste Jornal, edição de hoje 21/01/2005, como se apresenta, faz parecer que a culpa pela perda de contratos do exportador novato é do câmbio, mas na realidade não será do próprio empresário?
O que significa de fato é que o dólar enfraqueceu e perdeu parte do seu poder de compra e quando isso acontece com a moeda de um país, em qualquer lugar do mundo, antes do importador efetuar qualquer compra, a prudência sugere rever as prioridades. E talvez a mercadoria destes que estão reclamando não esteja nas prioridades do importador que viu sua moeda perder valor de compra e desta forma exigindo mais do trabalho de marketing do exportador nacional.
O preço da mercadoria negociada com o importador é feita em dólares, e se todas as condições forem as mesmas do ano passado, prioridade do importador, preço, qualidade e pontualidade do exportador, não será por causa do câmbio que terá perdido o mercado;
Também sob outra análise, se com esses mesmos dólares o empresário compra menos reais não quer dizer absolutamente que ele “perdeu” dinheiro. O que acontece é que o real ficou com maior poder de compra. Isto é, com os mesmos reais o empresário poderá pagar seus custos que devem ser os mesmos para a mesma produção do ano anterior. E se não for assim, estaremos diagnosticando outras razões diferentes da variação do câmbio.
Mas se de fato sua matéria prima e demais custos de produção como a mão-de-obra, por exemplo, representam custos em dólares aí sim o empresário fica no prejuízo, pois se aumentar seu preço de venda que é em dólares poderá sim perder mercado. Mas será que é assim mesmo?
Creio que esta pressão para desvalorizar a nossa moeda é absurda e até imoral especialmente pelo momento econômico que estamos atravessando. Já vimos esse filme antes quando a desvalorização da nossa moeda, mais do que um acerto monetário proporcionou uma riqueza fabulosa a poucos em detrimento da maioria do povo brasileiro.
Nossa economia deve, entre outras coisas, ser fundada com recursos próprios empresariais, com gerenciamento moderno e inteligente, com abertura de capitais quando possível e cada vez, menos dependente de recursos governamentais ou de bancos comerciais.
Do governo espera-se com urgência as reformas fiscal, trabalhista e previdenciária. Espera-se com a mesma urgência a construção e recuperação da malha ferroviária e do sistema portuário para que não se tenha tantas perdas de produção durante o transporte, para que se tenha fretes mais baratos, para que se dependa menos da Petrobrás, para que não se fique refém de caminhoneiros e para que nossas estradas fiquem em melhores condições de tráfego com custos menores de conservação. Para que possamos defender com mais veemência o valor da nossa moeda e que ela adquira cada vez mais poder de compra.
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Bem, esta foi a carta cujos argumentos continuam válidos. Acrescento, entretanto, que o governo tem em suas mãos o controle dos preços de importação e exportação com os impostos de importação e exportação. Desta forma, com mais atenção, regularia a produção e o consumo interno garantindo o trabalho e renda dos produtores nacionais inibindo a prática dos especuladores por demais conhecidos. Teríamos assim a garantia de uma moeda forte que significa poder aquisitivo, melhor controle de preços de produtos como alcool, açucar, combustíveis, leite e derivados, entre outros. De qualquer forma, é tema para um profundo estudo para quem deseja mesmo trabalhar para o país com competencia.
Carlos Grand
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