MARINA
Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz.
Andei trocando umas palavras, corrigindo
vou mandar de novo prá vc montar um slide
vou mandar imprimir e
mando p/ vc pelo correio
MARINA
No ambiente amplo
Paredes brancas,
Iluminado por uma
Réstia de luz
Qu’escapava esguia
Por cortina balouçante,
Uma marina deslumbrante,
Com mares azuis, tal
Olhos de uma diva.
O píer branco qual
Espumas das ondas
O conjunto enfeitando.
Barcos que partiam
E chegavam
Se quem ia ou voltava
Não sei se ria
Ou só chorava.
Ah! como amava
Esta marina que,
De amor minha
Vida povoava
22.03.09
LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
QUEM SOU EU
MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
PATO DONALD, A SAIA JUSTA DE GEISY, O LULA ANALFABETO DE CAETANO E A DURA VERDADE NÃO-OFICIAL SOBRE O APAGÃO
Tom Capri
(Entenda por que não somos ouvidos nem respeitados)
Dedicado a Gerd Wenzel, pelo seu lúcido artigo sobre a Alemanha após a queda do Muro de Berlim Jornalista aqui criticado: Daniel Piza.
Já disse aqui que, de vez em quando, Luis Fernando Verissimo me derruba. A última foi neste domingo, no Estadão, com seu ‘Pato Donald’, história curta e simples que diz muito e mexeu comigo, me comoveu (Caderno Cultura, p. D16). De repente, o marido --- 25 anos de casamento --- constata que nunca entendeu o que Pato Donald dizia. Isto começa a exercer efeito altamente perturbador sobre ele. Seria por causa daquela voz impossível de entender? Ou porque era Donald, e o pato não merece ser levado a sério? E o que este homem perdeu por não ter entendido Donald? Será que o maior dos ensinamentos? Quantos de nós somos Pato Donald e ninguém nos ouve?
Até nossos intelectuais mais graduados não dão ouvidos nem entendem um Pato Donald. Se você é um deles como eu, sabe do que estou falando. As pessoas condicionaram-se a ouvir e a entender só os porta-vozes da verdade oficial. Nós, anônimos e invisíveis, ouvimos e entendemos aquilo que já está sacramentado e instituído. Nossas convicções --- normalmente falsas ou equivocadas --- são baseadas nas verdades oficiais. Não ouvimos mais o que esbarra em nossas crenças e ilusões. Fere nossos ouvidos, não damos crédito.
Por exemplo, ninguém dá ouvidos a minorias, mendigos, drogados, gente comum que passa pelas ruas, em suma, a um Pato Donald, por mais que ele esteja certo no que diz. Só que, por sofrerem a sina do isolamento e serem considerados “problema”, eles portam as verdades do mundo, que quase sempre destoam da oficial. Não os registramos mais.
É frequente que suas almas, apequenadas e reduzidas a coisa, se abram gritando verdades verdadeiras, mas já calejamos nossos ouvidos para não escutá-las nem decifrar o que clamam. Estamos condicionados a não entendê-los não tanto pela voz estranha de pato, mas porque se trata de Pato Donald, e é perda de tempo
registrar o que diz, ainda mais por se tratar de alguém que, bem... Teria algo a dizer?
No texto de Verissimo, o marido nunca entendeu Pato Donald e isto agora o incomoda. Teria perdido muita coisa? Vá lá saber. De repente, Donald deve ter dito algo decisivo que mudaria sua vida e que ele jamais poderia ter perdido. A chave para o conhecimento? A deixa para a definitiva percepção das verdades verdadeiras? Algo que ele precisava saber e que se perdeu porque ele não entendia Donald? A mulher dele fica indignada: “Você não perdeu nada. O que o Pato Donald teria de importante para dizer?” Mas quem prova que Pato Donald jamais disse nada de importante, se ele nunca é ouvido?
Geisy Arruda, a estudante expulsa da Uniban, era um Pato Donald. Também invisível, ninguém dava ouvidos a ela, daí não entender o que dizia. Pobre, ela queria apenas ‘ser’ alguém. A saída foi pôr as pernas de fora numa saia justa, a única linguagem que chama a atenção dos porta-vozes da verdade oficial. Pagou caro, com o bullying que sofreu (hostilizada física e moralmente) e a expulsão da Uniban. Mas foi compensada: só Pelé, Lula e Ronaldo Fenômeno tornaram-se tão conhecidos no exterior. Isto é, a Geisy Pato Donald ficou para trás e agora a nova Geisy se prepara para posar nua, com a vida já feita.
Lula era outro Pato Donald. Um dia, começou a ser ouvido no ABC, mudou o sindicalismo brasileiro e chegou à presidência da República. Um Pato Donald que deu certo. Ou seja, que se superou e, por isso, deixou de ser Pato Donald. Até o dia em que um certo Caetano Veloso chamou para si os holofotes, lembrando à Nação que Lula na verdade nunca deixou de ser Pato Donald, por continuar “analfabeto” e “cafona”. Inclusive, este era o motivo pelo qual ele, Caetano, não votaria em Dilma, mas sim em Marina, que é alfabetizada. Na verdade, o compositor queria transformar isso que disse de Lula em verdade oficial, mas quebrou a cara. Não podia imaginar que ele é quem acabaria se fazendo passar por Pato Donald, ao ser pouco ouvido e até desprezado.
Só as verdades oficiais ecoam e são ouvidas, e raramente questionadas. A elas nos condicionamos e nelas nos viciamos. E se é verdade oficial que Lula chegou à política como semianalfabeto, é verdade também que ser analfabeto, o próprio presidente já provou, não retira de ninguém as qualidades necessárias para presidir um País. Enfim, Caetano desta vez se deu mal, algo raro de acontecer num porta-voz da oficialidade, que geralmente tem a força e ganha mais do que perde.
No Brasil, o Professor Delfim Netto é o mais preparado, arguto e sofisticado porta-voz das verdades oficiais, as quais defende com brilho. Por isso, é ouvido dentro e fora do País, inclusive por Lula. Pode se dar ao luxo de anunciar, em artigos e comentários, medidas futuras do governo federal sem sequer mencioná-las abertamente.
Foi o que fez em sua coluna Sextante, da edição número 572 da revista Carta Capital. Nela, Delfim praticamente aconselha o governo Lula a, se não houver saída, derrubar o regime de câmbio flexível e até a adotar máxis, se a questão cambial atingir o limite do suportável. É o que Delfim fazia quando ministro de governos militares. Em nenhum momento, a expressão ‘máxi’, que tanto ajudou o ministro a sair do sufoco na época, é citada no artigo. E qualquer um que saiba ler tem facilidade em entendê-lo.
Delfim só não soube dizer se, no governo Lula, um eventual anúncio de possíveis máxis, quando adotadas, vazaria beneficiando amigos, como aconteceu no período em que ele era ministro. Assim agem os porta-vozes das verdades oficiais, sem terem consciência de que muitas vezes portam mentiras que passam por verdades, fazendo mal ao País.
O mundo está cheio de Pato Donald. Veja Michael Jackson. Por ser uma vítima da oficialidade, a qual rejeitou a vida inteira, ele nunca foi ouvido nem levado a sério, naquilo que disse. O mesmo de Jim Morrison, que enveredou pelas portas da percepção e brigou contra a oficialidade. Costumava dizer que quem não rompe com a oficialidade é um bosta. Como era “um drogado”, não foi levado a sério nas verdades que proferiu. Foi outro Pato Donald que, por nunca ter sido ouvido, também acabou não sendo entendido. A história oficial dita que morreu numa banheira na França, vítima de ataque cardíaco. As más línguas, que foi envenenado e assassinado pela CIA, a grande guardiã da oficialidade.
Doido para voltar a ser ufanista um dia, Daniel Piza é outro entusiasta das verdades oficiais. Articulista do Estadão que vai sempre ao delírio com a oficialidade, de quem é devoto, ele está sempre infeliz por ainda não ter encontrado nada no governo Lula que o tenha motivado a ufanar-se. Piza tem um espaço em sua coluna dominical Sinopse, chamado ‘Por que não me ufano’. Nele, mostra todos os podres que tem encontrado no país comandado por Lula e que o têm desmotivado a ufanar-se. A última dele é contra os fãs brasileiros de Michael Jackson. Segundo Piza, os fãs viram o documentário This is It com olhos de fanáticos, por isso não perceberam o “ritmo arrastado” e o “tom bajulador” do filme.
Preso à camisa-de-força das verdades oficiais, Piza não enxerga mais nada que possa vir a romper com suas convicções ou esbarrar nelas. Nessa sua coluna, dá sempre demonstrações de ser infenso às verdades verdadeiras, da mesma forma que o é às palavras do cantor pop ditas no filme: “Uns poucos (fãs de Michael) chegaram a se dizer emocionados com as falas dele sobre ‘salvar o mundo’ (ele não salvou nem Neverland)”, comenta Piza.
Ora, até criancinha que viu This is It percebeu: em nenhum momento, Michael Jackson fala em salvar o mundo nem se coloca como salvador. Ele apenas diz que o mundo está enfermo, deixa claro que é a vida regida pelo capital que está destruindo o Planeta e que é preciso fazer alguma coisa já, do contrário sucumbiremos. Ou seja, o cantor diz apenas que é preciso salvar o mundo, não que iria salvá-lo. Obviamente, Piza não ouviu nem registrou as palavras de Michael por ser ele um Pato Donald, ou seja, por não merecer crédito.
É o desprezo pelos invisíveis, por tudo quanto é Pato Donald que aí está. As verdades oficiais --- a oficialidade --- sempre prevalecem, até que um dia todas desabam e em seu lugar surgem novas, verdades verdadeiras que, num segundo momento, tornam-se também oficiais. O que se espera, da humanidade, é que faça proliferarem e vingarem, como verdades oficiais, as verdades realmente verdadeiras.
Por exemplo, o recente apagão. O que temos até aqui é a verdade oficial. Por que ninguém apostou ainda na versão de que pode ter sido ato de sabotagem para desestabilizar o governo Lula, em especial, a candidatura de Dilma? A ministra havia dito recentemente que não teríamos mais aqueles apagões que tanto haviam desgastado a imagem de FHC. Não seria surpresa se o recente apagão tivesse ocorrido por puro ato de sabotagem dos devotos da verdade oficial, para desmoralizar o Governo.
Acontece que a verdade verdadeira do episódio não interessa mais a ninguém, só a oficial. Não interessa ao Governo porque acirraria ânimos, ação nada inteligente agora, às vésperas do novo ano eleitoral. E também não interessa à oposição porque uma denúncia de ato de sabotagem, neste momento, poderia desmoralizá-la ainda mais. Valerá apenas para ajudar a oposição a tentar desmoralizar a candidatura de Dilma, o que já vem sendo feito no horário político, com efeito prático quase nulo, se não contrário: a oposição desmoraliza-se ainda mais e até se expõe ao ridículo sempre que se move nessa direção.
E você? Já fez revisão de seus pontos de vista e opiniões? Já se perguntou se eles estão mesmo corretos? O que mais nos trai e nos cega são nossas convicções, muitas delas equivocadas. Todo questionamento é sempre oportuno. Urge! Hoje, mais vale ser Pato Donald sem nada no bolso e impotente do que Mickey com gorda conta bancária, mas atolado em verdades oficiais, iludido de que elas trazem a felicidade. Os Mickey da vida é que sempre tropeçam e desabam com maior facilidade.
Seja um Pato Donald você também. Pelo menos assim você estará mais próximo da consciência, e só a verdade presta e garante a sobrevivência de nossa espécie. Abraços a todos, Tom Capri. (Veja a seguir como está a Alemanha no pós-queda do Muro de Berlim, na visão de Gerd Wenzel, do ESPN Brasil).
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