É notória a dificuldade que o presidente dos Estados Unidos está enfrentando para tentar impor um mínimo que seja, de controle ao sistema financeiro do país.
O mercado reagindo negativamente, com as Bolsas caindo, numa reação quase que coordenada, o dólar valorizando-se em todos os mercados, são indicativos de que a medida não foi bem recebida na área financeira.
Barack Obama eleito com justiça presidente americano, já deve ter ouvido falar de Aristóteles, filósofo grego que tinha na lógica, sua maneira de pautar a vida.
Foi justamente, escudados na lógica que há tempos predizíamos as dificuldades que o eleito teria para implantar as reformas urgentes que a Economia exigia, não só a americana diga-se e que o maior inimigo de Obama seria o tempo.
Tempo implacável, que permite que os grupos adversários de uma maior regulação do sistema financeiro, se unam depois do vendaval da crise, espancando qualquer tipo de controle em defesa da tese de deixar estar para ver como é que fica.
Adversários que depois de terem lido e decorado “Das Kapital”, de Karl Marx e de dar-lhe ampla razão, pois o Estado, como equivocadamente também acreditou Barack Obama, como vaticinava o ideólogo do comunismo, existe mesmo para servir ao “Kapital”, principalmente o especulativo.
O Fórum Econômico Mundial em sua 40º. Edição que terminou no domingo em Davos na gélida Suíça, congelou qualquer ameaça de regulação do mercado financeiro mundial, mostrando que para o capital, as coisas continuarão como dantes, fundadas na roleta da especulação, no consumeirismo desenfreado e no Estado intervencionista salvando o mercado das turbulências que ocorrerem.
Quando tinha apoio popular, maioria no Senado, Obama achou que desafiando as leis da lógica econômica, poderia impor as reformas que tinha em mente e injete-se dinheiro em empresas que temerariamente equilibravam-se no cassino da especulação e da gestão perigosamente arriscada dos negócios.
Perdeu, assim, uma grande chance e enveredou por um caminho incerto e complicado, na direção inversa da que a crise exigia, pois é certo que em situações críticas o mercado busca caminhos para estabilizar e depurar-se, delas safando-se os que tem créditos para permanecer nos negócios. A quebra de algumas empresas é até benéfica para a saúde financeira do conjunto.
Faz parte do didatismo das crises ensinar-nos a superar dificuldades. Delas saem fortalecidos os que souberem evitar os tropeços e caminhar com segurança.
Ao usar o Estado para socorro dos que não tinham condição de conviver com um mercado sadio, Obama abriu as portas e os cofres para o imponderável, devendo esbarrar no Poder Legislativo, que já não é mais a unanimidade no apoio às políticas reformistas prometidas no início e esperadas por todo o Mundo.
Perdeu com isso a chance de firmar-se como estadista do século.
E até a próxima crise, que se vier, promete ser muito mais séria do que a de 08/09, devendo atingir os países, que assim como os Estados Unidos, descapitalizaram-se para beneficiar ousados jogadores com a sorte alheia.
À Redação
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