passando pelo Coringão de Ronaldo)
Mais críticas a Luiz Zanin e a Daniel Piza, do Estadão, e à mídia esportiva.
A luz que trouxe de volta o tão louvado futebol-arte, do Barça de Messi ao Santos de Neymar, passando pelo Timão de Ronaldo, começa a se apagar. A mídia esportiva brasileira, que não reage nem mesmo quando é chamada de Geni-Press, ainda não sabe os motivos. Mas já deu para perceber por que os mitos imbatíveis do futebol-arte, que de repente voltaram a 'incendiar', começam a desabar: guindados à condição de imbatíveis, portanto, de favoritos, os times-arte passaram a ser visados como é visado o cofre que aquele milionário deixa à vista de todos, na sala de sua mansão. Os craques passaram a tomar paulada de todos os lados (Neymar por pouco não ficou cego de tanto que tem apanhado) e os técnicos dos times nem tão 'artísticos' assim começam a armar esquemas rígidos, para ganhar ou por bem ou por mal. Mandam descer o sarrafo e, ainda por cima, põem três para marcar cada estrela. Resumo da ópera: a voz dos 'cantores' começa a ser abafada. Estaria o futebol-arte com os dias contados? Confira.
Isto é, o futebol-arte só aparece em campo quando há rígida disciplina tática, que não precisa necessariamente ter sido imposta pelo técnico. Aparece também quando o time não tem jogador especialista em uma única função, à exceção do goleiro, portanto, quando une rápido toque de bola a fôlego de gato. Exemplo maior: o Santos, que não tem especialista exercendo uma única função, é dono do toque de bola mais ágil do futebol mundial, tem uma maioria de jovens sem desprezar a experiência, o que lhe confere ânimo incomum, e ainda por cima conta com estrelas habilidosas como Neymar, Robinho, Ganso etc.
Foi em meio a essa cultura que sempre floresceu o futebol-arte, não só o brasileiro, mas o argentino, o húngaro, o holandês, todos eles. Isto explica por que, na seleção de Dunga, é raro ver grandes momentos de futebol-arte. O esquema do técnico é aquele burocrático e óbvio, em que os jogadores têm funções muito bem definidas em campo. E ainda por cima Dunga não conseguiu se livrar do clichê que é jogar com goleiro, defesa, meio-campo e ataque com 'paradão' lá na frente, quando o futebol moderno exige, hoje (a obviedade está demonstrando), que todos façam tudo, desarmem, armem e finalizem, PRINCIPALMENTE O VELHO CENTROAVANTE (QUE NEM JOGA MAIS COMO CENTROAVANTE CLÁSSICO).
O time de Dunga ainda tem "sistema defensivo", "sistema de armação" e "sistema de finalização", o que já acabou no futebol moderno. Lamentavelmente, nem os dirigentes, os técnicos e os jogadores --- e podemos incluir aqui a mídia esportiva --- entenderam isto aiiiiiiiiiiiiinda!!! Hoje, para prestar, o time inteiro tem de ser, ELE MESMO, seu próprio sistema defensivo e, ao mesmo tempo, o seu próprio "sistema de armação" e o seu próprio "sistema de finalização", em que todos destroem, armam e finalizam, revezando-se nas funções.
O Santos joga assim. André, o centroavante, além de exímio goleador, desarma e arma como ninguém. É frequentemente visto em seu campo roubando a bola. E é menino ainda, tem sete fôlegos. O restante do time também faz o mesmo. Todos fazem gol, todos desarmam, todos são garçons que servem com muita rapidez e habilidade, enfim, o Santos é campeão em versatilidade, o que faz renascer o futebol-arte.
Sim, se o time contar com craques, melhor. Evidentemente, um mínimo de habilidade é requerido, mas você não precisa necessariamente de craques para ter um time-máquina assim, ou seja, para fazer florescer, na equipe, o badalado futebol-arte.
Eis que surge o segundo problema. Quando um time começa a jogar desse jeito e nele floresce o futebol-arte, rapidamente torna-se estrela máxima do futebol, como aconteceu com Santos e Barça. E aí salve-se quem puder. Começa aquela marcação feroz, para quebrar a perna mesmo, além do que os técnicos adversários se põem a armar esquemas similares, os únicos capazes de fazer frente ao verdadeiro futebol-arte. Só se combate eficazmente o futebol-arte com o próprio futebol-arte.
A mítica Seleção de 1982, com todos aqueles craques (Zico, Sócrates, Falcão etc.) não levou porque, apesar de toda a arte de suas estrelas, não jogou com inteligência e foi despachada pela Itália. Era uma seleção que tinha quatro no meio-campo e ataque que não marcavam ninguém (Chulapa, Éder, Zico e Sócrates) e jogava com ponta esquerda (Éder) e centroavante (Chulapa) enfiados, quando isto já havia se tornado obsoleto em 1958, ano em que Zagallo "inventou" o ala, e em 1970, ano em que Tostão "inventou" o centroavante de mobilidade.
Além disso, por soberba do técnico Telê Santana, o time não jogou com seu melhor defensor, o volante Batista, que havia anulado Maradona e despachado a Argentina alguns dias antes. O treinador imaginou que ganharia facilmente da Itália jogando dessa maneira. Só que um time assim, recheado de craques, mas sem inteligência tática, não ganha Mundial, como a seleção de Parreira também não levou o Mundial de 2006 pelos mesmos motivos.
Por todas essas razões, começo a desconfiar que o Brasil não ganha o Mundial da África e a Argentina é a grande favorita.
O Brasil tem tudo para não levar porque conta com os melhores jogadores do mundo, mas Dunga não sabe o que fazer para que eles apresentem em campo um futebol-arte à altura, por exemplo, do Santos. As razões para isto já expus aqui. Pior, o time brasileiro, principalmente agora que a Inter de Júlio César, Lúcio e Maicon parou o Barça de Messi, volta a reaparecer como favorito. E favorito, você sabe, por todas as razões aqui expostas, é sempre caçado na Copa e não ganha o Mundial.
O Brasil pode até ganhar na África, pois a qualidade de seus jogadores às vezes supera todos os problemas, mas não estou contando muito com isto.
Já a Argentina volta a ser a grande ameaça porque, com a queda de Messi na derrota do Barça, sua seleção chegará à África novamente desacreditada. Já vinham dizendo que Messi não joga na seleção como no Barça. E agora estão dizendo que Messi não é tudo isso (e não é mesmo) e que os argentinos, sob o comando de Maradona, não assustam, o que é muito bom para a Argentina. Toda seleção top que chega desacreditada e desprezada sempre faz bonito e não raro ganha o Mundial (Itália em 1982, Argentina em 1986 etc.).
Tom Capri. Outro dia, Luiz Zanin, comentarista do Estadão, louvava em artigo a volta do futebol-arte, com o Santos, o Barça etc. Deixava claro que já estava de saco cheio do futebol burocrático de resultados e que voltara a sorrir. O enfoque dado no texto é equivocado. Daniel Piza, outro comentarista do Estadão, também pensa o futebol-arte como Zanin. Os dois não sabem que o futebol-arte é muito mais resultado da inteligência tática do que dos rompantes românticos e artísticos do craque.
Mais críticas a Luiz Zanin e a Daniel Piza, do Estadão, e à mídia esportiva.
A luz que trouxe de volta o tão louvado futebol-arte, do Barça de Messi ao Santos de Neymar, passando pelo Timão de Ronaldo, começa a se apagar. A mídia esportiva brasileira, que não reage nem mesmo quando é chamada de Geni-Press, ainda não sabe os motivos. Mas já deu para perceber por que os mitos imbatíveis do futebol-arte, que de repente voltaram a 'incendiar', começam a desabar: guindados à condição de imbatíveis, portanto, de favoritos, os times-arte passaram a ser visados como é visado o cofre que aquele milionário deixa à vista de todos, na sala de sua mansão. Os craques passaram a tomar paulada de todos os lados (Neymar por pouco não ficou cego de tanto que tem apanhado) e os técnicos dos times nem tão 'artísticos' assim começam a armar esquemas rígidos, para ganhar ou por bem ou por mal. Mandam descer o sarrafo e, ainda por cima, põem três para marcar cada estrela. Resumo da ópera: a voz dos 'cantores' começa a ser abafada. Estaria o futebol-arte com os dias contados? Confira.
Isto é, o futebol-arte só aparece em campo quando há rígida disciplina tática, que não precisa necessariamente ter sido imposta pelo técnico. Aparece também quando o time não tem jogador especialista em uma única função, à exceção do goleiro, portanto, quando une rápido toque de bola a fôlego de gato. Exemplo maior: o Santos, que não tem especialista exercendo uma única função, é dono do toque de bola mais ágil do futebol mundial, tem uma maioria de jovens sem desprezar a experiência, o que lhe confere ânimo incomum, e ainda por cima conta com estrelas habilidosas como Neymar, Robinho, Ganso etc.
Foi em meio a essa cultura que sempre floresceu o futebol-arte, não só o brasileiro, mas o argentino, o húngaro, o holandês, todos eles. Isto explica por que, na seleção de Dunga, é raro ver grandes momentos de futebol-arte. O esquema do técnico é aquele burocrático e óbvio, em que os jogadores têm funções muito bem definidas em campo. E ainda por cima Dunga não conseguiu se livrar do clichê que é jogar com goleiro, defesa, meio-campo e ataque com 'paradão' lá na frente, quando o futebol moderno exige, hoje (a obviedade está demonstrando), que todos façam tudo, desarmem, armem e finalizem, PRINCIPALMENTE O VELHO CENTROAVANTE (QUE NEM JOGA MAIS COMO CENTROAVANTE CLÁSSICO).
O time de Dunga ainda tem "sistema defensivo", "sistema de armação" e "sistema de finalização", o que já acabou no futebol moderno. Lamentavelmente, nem os dirigentes, os técnicos e os jogadores --- e podemos incluir aqui a mídia esportiva --- entenderam isto aiiiiiiiiiiiiinda!!! Hoje, para prestar, o time inteiro tem de ser, ELE MESMO, seu próprio sistema defensivo e, ao mesmo tempo, o seu próprio "sistema de armação" e o seu próprio "sistema de finalização", em que todos destroem, armam e finalizam, revezando-se nas funções.
O Santos joga assim. André, o centroavante, além de exímio goleador, desarma e arma como ninguém. É frequentemente visto em seu campo roubando a bola. E é menino ainda, tem sete fôlegos. O restante do time também faz o mesmo. Todos fazem gol, todos desarmam, todos são garçons que servem com muita rapidez e habilidade, enfim, o Santos é campeão em versatilidade, o que faz renascer o futebol-arte.
Sim, se o time contar com craques, melhor. Evidentemente, um mínimo de habilidade é requerido, mas você não precisa necessariamente de craques para ter um time-máquina assim, ou seja, para fazer florescer, na equipe, o badalado futebol-arte.
Eis que surge o segundo problema. Quando um time começa a jogar desse jeito e nele floresce o futebol-arte, rapidamente torna-se estrela máxima do futebol, como aconteceu com Santos e Barça. E aí salve-se quem puder. Começa aquela marcação feroz, para quebrar a perna mesmo, além do que os técnicos adversários se põem a armar esquemas similares, os únicos capazes de fazer frente ao verdadeiro futebol-arte. Só se combate eficazmente o futebol-arte com o próprio futebol-arte.
A mítica Seleção de 1982, com todos aqueles craques (Zico, Sócrates, Falcão etc.) não levou porque, apesar de toda a arte de suas estrelas, não jogou com inteligência e foi despachada pela Itália. Era uma seleção que tinha quatro no meio-campo e ataque que não marcavam ninguém (Chulapa, Éder, Zico e Sócrates) e jogava com ponta esquerda (Éder) e centroavante (Chulapa) enfiados, quando isto já havia se tornado obsoleto em 1958, ano em que Zagallo "inventou" o ala, e em 1970, ano em que Tostão "inventou" o centroavante de mobilidade.
Além disso, por soberba do técnico Telê Santana, o time não jogou com seu melhor defensor, o volante Batista, que havia anulado Maradona e despachado a Argentina alguns dias antes. O treinador imaginou que ganharia facilmente da Itália jogando dessa maneira. Só que um time assim, recheado de craques, mas sem inteligência tática, não ganha Mundial, como a seleção de Parreira também não levou o Mundial de 2006 pelos mesmos motivos.
Por todas essas razões, começo a desconfiar que o Brasil não ganha o Mundial da África e a Argentina é a grande favorita.
O Brasil tem tudo para não levar porque conta com os melhores jogadores do mundo, mas Dunga não sabe o que fazer para que eles apresentem em campo um futebol-arte à altura, por exemplo, do Santos. As razões para isto já expus aqui. Pior, o time brasileiro, principalmente agora que a Inter de Júlio César, Lúcio e Maicon parou o Barça de Messi, volta a reaparecer como favorito. E favorito, você sabe, por todas as razões aqui expostas, é sempre caçado na Copa e não ganha o Mundial.
O Brasil pode até ganhar na África, pois a qualidade de seus jogadores às vezes supera todos os problemas, mas não estou contando muito com isto.
Já a Argentina volta a ser a grande ameaça porque, com a queda de Messi na derrota do Barça, sua seleção chegará à África novamente desacreditada. Já vinham dizendo que Messi não joga na seleção como no Barça. E agora estão dizendo que Messi não é tudo isso (e não é mesmo) e que os argentinos, sob o comando de Maradona, não assustam, o que é muito bom para a Argentina. Toda seleção top que chega desacreditada e desprezada sempre faz bonito e não raro ganha o Mundial (Itália em 1982, Argentina em 1986 etc.).
Tom Capri. Outro dia, Luiz Zanin, comentarista do Estadão, louvava em artigo a volta do futebol-arte, com o Santos, o Barça etc. Deixava claro que já estava de saco cheio do futebol burocrático de resultados e que voltara a sorrir. O enfoque dado no texto é equivocado. Daniel Piza, outro comentarista do Estadão, também pensa o futebol-arte como Zanin. Os dois não sabem que o futebol-arte é muito mais resultado da inteligência tática do que dos rompantes românticos e artísticos do craque.
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