O governo Lula foi sem dúvida fenomenal, nas palavras do próprio. A começar pelo presidente, um metalúrgico, que nunca dera importância ao preparo intelectual, mas que tinha na obstinação, uma verdadeira fixação pelo cargo, sua grande arma para chegar onde chegou.
Hábil negociador dos tempos do sindicalismo, levou tal qualidade para o governo, que se perdeu com isso a cor e a ideologia – o arco ideológico que manteve Lula no poder está biblicamente representado pela Arca de Noé, onde os bichos políticos de todas as raças e espécies estiveram presentes no governo, desde a direita mais conservadora que tinha no vice José Alencar seu mais perfeito exemplar ( e agora com Michel Temer), além de Sarney, Maluf e outros tiranossauros brasilienses - ganhou pacíficos oito anos e a eleição de Dilma, como sua sucessora.
É bem verdade, que cor e ideologia nunca foram o forte na política brasileira. Salvo o partidão de Luiz Carlos Prestes, que por bom tempo encarnou a esquerda no Brasil, jamais tivemos outra experiência igual. Da mesma forma, a direita, que teve no integralismo de Plinio Salgado um breve suspiro de existência, também jamais foi repetido.
Na verdade, foram apenas tentativas que duraram mais ou menos o tempo de existência de seus idealizadores, não persistindo muito mais. Os remanescentes PcdoB e PPS em nada lembram em radicalismo filosófico e ideológico a antiga esquerda, da mesma forma, nada faz lembrar no meio partidário brasileiro o partido nazista do hitlerismo, ou fascista de Mussolini, todos de extrema direita.
Por uma questão de sobrevivência todas as siglas partidárias existentes na atualidade, buscam apenas o poder, com todas as suas benesses e atrativos. Ideologia, nem pensar.
Como a formação de estruturas de apoio, da forma levada a cabo por Lula, compostas por políticos de tendência e comportamento diferentes gera o aparecimento de distorções de difícil controle, como os denominados “fenômenos”, frutos de escândalos, que surgem principalmente no campo das finanças, onde a corrupção, o tráfico de influência, o uso indevido da máquina pública campeiam abertamente como consequência de um governo “de todos e para poucos” escândalos como “mensalão”, “dolar na cueca”, “Valdomiro Diniz”, “dos Correios”, “de Vavá, irmão de Lula”, “de Erenice, chefe de Gabinete de Dilma Ministra” são sub-produtos de tais estruturas e foram focos que produziram muita fumaça, prenunciando a existência de muito fogo, que ardeu alimentado por políticos de todos os partidos e matizes.
Sarney, Renan Calheiros, Paloci, Delubio Soares, Silvinho Pereira e muitos outros, todos eles “fenômenos” em suas especialidades, em muito contribuíram para a propagação das chamas e labaredas que quase consumiram o governo Lula e diferentemente do que querem os ideólogos do governo Dilma, jamais militaram em qualquer das extremas, direita ou esquerda, sempre rondaram o poder em benefício próprio, em detrimento dos interesses maiores do país.
Luiz Bosco Sardinha, jornalista e advogado.
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