SEM BUFAR E NEM MIARO Brasil para consumo externo é uma democracia, um regime estável, que tem seus governantes eleitos “do povo, pelo povo e para o povo” e assim é visto pelos demais países do globo.
Iisto é correto, afinal temos eleições, governantes formalmente eleitos, manifestação do povo nas urnas e diversos atributos caracterizadores de uma nação democrática.
No entanto, olhando-se de dentro a nação Brasil percebe-se que as coisas não são bem assim.
Temos realmente uma democracia, onde o Estado existe para servir o povo, o pagador de tributos, que com eles paga os servidores do Estado?
Efetivamente, não. O sistema brasileiro é uma típica burocracia, que torna a estrutura estatal um fim em si mesma. O Estado e o povo por extensão, existem para servir aos seus funcionários, que não oferecem nenhuma contra-partida, a não ser o básico e olha lá.
Os três poderes da república, tem por objeto imediato, próximo, aumentar o poder político deles mesmos.
Muitas vezes o poder político confunde-se e entrelaça-se com o poder econômico, donde a corrupção, o tráfico de influência e outras mazelas que sem controle explodem com toda força. Veja os casos de Erenice Guerra, ex-chefe de gabinete da época ministra Dilma Roussef, de Antonio Paloci e mais recentemente do ministro dos Transportes Alfredo Nascimento.
Na burocracia, os burocratas são cúmplices dos mesmos deslizes, não se arvorando em fiscais dos que são do mesmo time, daí porque, as denúncias que surgem geralmente partem de fora e são rechaçadas de pronto, numa típica demonstração de auto-defesa.
Um exemplo acabado da burocracia brasileira vemos nas estatais, que devagarzinho estão promovendo a reestatização da economia.
A Caixa Econômica Federal que deveria prioritariamente financiar imóveis, numa operação estranha compra o falido Banco Panamericano de Silvio Santos, dono do SBT.
O Banco do Brasil compra a Caixa Econômica do Estado de São Paulo e Banco Votorantim, para ficar em dois casos apenas e também financia times e torcidas de volei e de outros esportes.
E o povo com isso? Paga nas duas instituições os maiores taxas e juros do mercado e paga para assistir aos jogos, sem bufar e nem miar.
A Petrobrás, em benefício da burocracia, estatizou cem por cento do refino de petróleo, cem por cento da química do petróleo (uma pequena parcela em parceria com a Braskem), detém sessenta por cento da distribuição de combustíveis, isto vindo a acrescer os outros monopólios que já possuia. Também destina polpudas verbas para propaganda e para o esporte, futebol principalmente.
Ao povo, combustíveis caros e de má qualidade.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social verdadeira mãe para os que não precisam, toma dinheiro a juros de mercado (em média 12% ao ano) e reempresta às grandes empresas com prejuízos, a 6% a.a, tornou-se um banco a serviço da burocracia para mantê-la no poder, financiando somente grandes projetos que nada tem de sociais, como o mega-porto do Rio, idealizado por um megalomaníaco, Eike Batista, que mantém estranha afinidade com os donos do poder desde os tempos de Lula.
Para completar o BNDES está prontinho para abrir seus cofres para financiar a juros subsidiados a fusão de dois grupos franceses com interesses no Brasil: o Grupo Casino/Pão de Açúcar e o Grupo Carrefour.
Em benefício de quem? Evidente, dos grupos e da burocracia, que precisa dos financiamentos de campanha de tais grupos para manter-se no poder.
E o povo? Para a burocracia, o povo que se expluda, como diria Chico Anisio.
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista
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