MARINA
Má li esse poema umas dez vezes. Foi a coisa mais bonita que já fiz.
Andei trocando umas palavras, corrigindo
vou mandar de novo prá vc montar um slide
vou mandar imprimir e
mando p/ vc pelo correio
MARINA
No ambiente amplo
Paredes brancas,
Iluminado por uma
Réstia de luz
Qu’escapava esguia
Por cortina balouçante,
Uma marina deslumbrante,
Com mares azuis, tal
Olhos de uma diva.
O píer branco qual
Espumas das ondas
O conjunto enfeitando.
Barcos que partiam
E chegavam
Se quem ia ou voltava
Não sei se ria
Ou só chorava.
Ah! como amava
Esta marina que,
De amor minha
Vida povoava
22.03.09
LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
QUEM SOU EU
MARINA SILVEIRA- PROFESSORA, TECNÓLOGA AMBIENTAL E ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
RONALDO FENÔMENO VAI À COPA
(Evidentemente, se estiver em forma até lá)
Eu sei que nossa mídia esportiva é, de uma maneira geral, medíocre. Como se vende (não todos, há exceções) para qualquer um, merece que se jogue muita bosta nela, daí eu chamá-la às vezes de Geni-Press. Mas ultimamente nossos jornalistas especializados em esporte andam extrapolando. A mais recente foi essa de que Dunga não vai mais levar o Fenômeno para a Copa. Ora, Dunga em nenhum momento disse isso nem insinuou nada. Ao contrário, foi bastante claro: “Tudo vai depender das condições dele no ano que vem”. Como é que a Geni-Press interpreta Dunga tão erradamente assim? A quem ela serve com esse tipo de desinformação? É para dar mais Ibope?
A mídia especializada em futebol e os cadernos de esporte dos grandes jornais também embarcaram nessa. Não sei se o jornalista, hoje, não consegue mais ouvir nada, apenas pinçar frases, extraindo-as de contextos, e tirar conclusões quase sempre precipitadas e erradas.
As palavras de Dunga sobre se Ronaldo vai ou não para a Copa renderam uma semana de extensas e inúteis discussões e polêmicas. Dunga foi xingado e chamado de burro, e por aí vai, numa prova de que nossa Geni-Press está cada vez mais Geni-Press. Extrapolando, mesmo.
Dunga não teve meias palavras na entrevista. Primeiro esclareceu que, se estiver em forma, o Fenômeno poderá jogar na Copa, por que não? Em seguida, lembrou aos jornalistas algo como: “Não me induzam a cometer o mesmo erro que vocês (os jornalistas) induziram a Seleção a cometer em 2006.”
O que Dunga quis dizer com isso? Muito simples. Ele quis dizer que, no presente momento, não dá para convocar Ronaldo porque ele ainda não está a pleno vapor, liso, nem bem preparado fisicamente. Se ele, Dunga, convoca o jogador agora, de repente o Fenômeno relaxa e não se prepara mais devidamente para a África do Sul. Seria, aí sim, e o técnico tem razão, repetir a errada ‘façanha’ de 2006.
E foi a mídia, sim, que garantiu a presença de Ronaldo, gordo daquele jeito, na Copa da Alemanha. José Luiz Datena disse recentemente, em seu programa diário das 13 horas na Band, que a mídia não manda na Seleção, “quem manda é Ricardo Teixeira”. Por isso, ela não teve nenhuma responsabilidade sobre a convocação de Ronaldo em 2006. Acrescentou que, se a mídia mandasse nas convocações, não permitiria que Dunga tivesse chegado à Seleção.
Isto nem meia-verdade é. Até começar a Copa, a mídia em peso --- inclusive, a grande imprensa e Datena --- apoiou incondicionalmente aquele time horroroso e burro armado por Parreira. Como os resultados acabaram não vindo, só após a frustração dos primeiros jogos ela começou a malhar os jogadores, com análises superficiais e medíocres, como a de que parte do elenco estava nas baladas, quando não acima do peso, que Ronaldinho Gaúcho havia sido o “amarelão” da Copa (Estadão da época) e que não houve patriotismo.
Nossa mídia nunca foi contra a convocação de Ronaldo. Ou seja, foi conivente com ela e a apoiou abertamente até o fim. Se a tivesse condenado na época, denunciando que o Fenômeno estava acima do peso e não deveria ser convocado --- e a mídia tem forças para isso ---, duvido que o Fenômeno seria chamado. E mais: nunca vi nenhum veículo de peso dizer que a convocação do Fenômeno fora um erro. E foi, com certeza.
Na véspera da fatídica eliminação pela França, Juca Kfouri disse textualmente, no ESPN, na frente de vários colegas do mesmo programa: “Eu ainda acho que o Fenômeno vai lá e decide o jogo”. No dia seguinte, Ronaldo tomou até chapéu de Zidane. E a Seleção deu aquele vexame histórico.
Enfim, não dá para interpretar Dunga de outra maneira! Nãããããããããão dááááááááá! Mas nossos grandes jornais, como o Estadão e a Folha, insistiram em dizer que as palavras de Dunga deixaram o Fenômeno mais distante da Copa.
A Folha chegou a dizer, na quarta-feira (25/11), com título de destaque no Esporte, página D3: “Dunga insinua que Ronaldo foi um erro em 2006”. Ora, Dunga não insinuou nada disso. Falou abertamente. Foi muito claro e objetivo, quando disse algo como: “Não me façam cometer agora o mesmo erro de 2006”. Para bom entendedor, é o que basta: para Dunga, a convocação de Ronaldo com 100 quilos, em 2006, foi um erro, sim, enooooorme. Dunga diz isto agora, é verdade, pois na época era comentarista da Band e ainda nem sonhava com a Seleção.
Não morro de amores por Dunga, mas vamos com calma, mídia. A turminha anda exagerando. Os tropeços aumentam em progressão geométrica
domingo, 29 de novembro de 2009
DA REDAÇÃO
Em dezembro as atenções do mundo inteiro estarão voltadas para Copenhagen, onde estará realizando-se a 15ª. Conferência do Clima.
Um evento acima de tudo midiático, que tem o patrocínio da Organização das Nações Unidas, onde os líderes dos diversos países presentes tudo farão para sobressair-se e ganhar cinco minutos de fama sob os holofotes das atenções mundiais.
Pelos precedentes, com exceção do evento de Kyoto (COP3, 1997), a COP 15, estava sendo encarada como fadada ao fracasso, principalmente pela ausência de Estados Unidos e China.
Como ambos já confirmaram presença e adesão num eventual protocolo, está afastada a hipótese de malogro e perto de duzentos países estarão presentes, dando-lhe uma importância capital.
A emissão de gases efeito-estufa é tratada pela comunidade mundial com merecida, mas até certo ponto desmedida atenção. Por isto a COP15 vem cercada de grande expectativa, agora acrescida da possível assinatura de um novo Protocolo de intenções, que substituirá o de Kyoto (COP 3).
Talvez pelos reflexos econômicos, o mercado de créditos de carbono, a Conferência é vista como o maior evento de caráter ambiental da face da Terra.
Certo é, no entanto, que meio-ambiente equilibrado abrange muito mais do que créditos de carbono e clima. Desta forma, a pauta das Conferências futuras deveria ser alterada para a inclusão de questões, que não são tratadas com a mesma atenção dispensada ao clima, como a poluição, a água, a fome e principalmente os detritos sólidos.
Estes últimos exigiriam urgentemente de uma regulamentação severa, para evitar o que tem acontecido correntemente, com os países europeus “exportando” impunemente, detritos sólidos para países africanos e até para o Brasil.
Os locais destinados ao descarte, os chamados lixões estão próximos da saturação, além do que poluem o ambiente e o lençol freático. O reaproveitamento dos resíduos sólidos deveria ser incentivado, da mesma forma como ocorre com o sequestro de carbono, que gera receita para quem faz a lição de casa. Havendo incentivos financeiros, o foco muda e novos agentes irão aparecer para nos livrar desses incômodos e poluentes entulhos, que estão tomando conta do planeta.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
TOM CAPRI
Por acharem que o inferno são os outros, Belluzzo e Toninho Cecílio, os maiores responsáveis pela crise do Palmeiras, agora querem culpar e punir todo mundo.
Ah, Belluzzo e Cecílio! Quanta decepção! É nessa hora de definição do Brasileirão que surgem as maiores queixas e, com elas, as grandes crises e toda essa choradeira pré-natalina que enche. É quando também nosso futebol mais desaponta. Quer maior decepção do que a dupla Belluzzo/Toninho Cecílio? Os dois criaram todo esse clima no Palmeiras, são os maiores responsáveis pela queda de produção do time e pelos rachas, como a briga Obina-Maurício, e agora gritam contra a arbitragem (Belluzzo quis até dar porrada em juiz) e contra a imprensa, e punem os dois atletas, como se fossem culpados de tudo. Lamentável.
Tempos atrás, Luiz Gonzaga Belluzzo deixou um pouco de lado sua cadeira de economista renomado para ocupar a de presidente do Palmeiras. Inexperiente, errou tanto que o clube pode ter o pior ano de sua história. Toninho Cecílio, o mesmo. Por força da idade, trocou os gramados, como jogador, e a presidência do sindicato dos atletas profissionais pela gerência de futebol do Palmeiras. E desde então vem mostrando dois pesos e duas medidas no tratamento com os jogadores, como na recente briga entre Obina e Maurício.
Almas bem-intencionadas, os dois não perceberam ainda serem os verdadeiros culpados de tudo. Ao contrário, já acharam os responsáveis, que evidentemente são os outros: a arbitragem, a imprensa e os jogadores, onde começa e termina o inferno.
Veja a seguir, os erros da dupla Belluzzo/Cecílio que levaram o Palmeiras à situação em que está.
Um – Foi um erro ter afastado Luxemburgo sem estar com substituto à altura na manga do colete. Sim, Luxa deveria ser substituído, mas não da forma como foi. Como não havia técnico à altura na praça e o clube também não tinha essa grana toda, o Palmeiras teve de entregar o comando ao interino Jorginho, em quem não confiava, correndo sérios riscos. E acho que Neto tem razão: se tivesse mantido Luxa, o Palmeiras talvez já estivesse com o título nas mãos.
Dois – Também foi um erro não confiar em Jorginho, que acabou fazendo belo trabalho enquanto durou. Inexperiente, Belluzzo ainda não sabe que, em time que está ganhando, não se mexe. E Jorginho vinha ganhando, colocou o Palmeiras lá em cima. Sim, interino nem sempre dá certo e se consolida. Mas a diretoria deveria ter esperado pelos primeiros tropeços dele para substituí-lo. De repente, ele continuaria vencendo, e o Palmeiras a esta altura já poderia ser campeão brasileiro.
Três – Outro erro foi ter levado Muricy para o Parque Antártica. Não porque ele não é bom técnico. É porque não era o treinador mais indicado para aquele momento do Palmeiras. Um dos pontos fracos de Muricy é não apitar nas contratações. E, quando apita, não é bom nisso como Luxa, por exemplo. Acontece que o Palmeiras ainda estava contratando para se consolidar na liderança e vencer o Brasileirão com certa tranquilidade. Tanto que chamou Wagner Love, cometendo o mesmo erro do São Paulo de Muricy quando contratara Washington do Fluminense.
Love chegou e desagregou o elenco, a exemplo de Washington no Tricolor. Truculento, Muricy, que já não havia resolvido impasse semelhante no São Paulo, novamente não conseguiu pacificar o ataque do Palmeiras, pós-Wagner Love. Como se não bastasse, o Palmeiras --- também obra de Muricy --- passou a jogar com dois centroavantes (Wagner Love e Obina), o que é burro em qualquer circunstância, pois deixa o time vulnerável. Isto quando Muricy não preteriu Obina e apoiou Wagner Love, relegando o ex-flamenguista ao segundo plano, outro erro crasso do treinador.
A partir daí, o time começou a se esfacelar. Com dois centroavantes que não primam pela forte marcação (Obina nem tanto, é mordedor, bom de roubar a bola), os demais do time começaram a ser mais exigidos e acabaram não dando conta do recado. Ao redobrarem os esforços em campo, muitos se contundiram ou caíram de produção, quando não saíram por expulsão ou por três cartões amarelos (como Pierre, Clayton Xavier, Mauricio Ramos etc.), o que agravou a situação. A isto devemos agregar a síndrome de jejum de títulos, que ajuda a piorar tudo. Resultado: pontos preciosos perdidos, provocando os rachas e, com eles, as derrotas e a despedida da liderança.
Toda essa bola de neve foi criada por Belluzzo e seu braço direito Toninho Cecílio. E agora os dois caem no clichê de apontar culpados --- a imprensa, a arbitragem e as brigas entre os jogadores (Obina e Maurício, por exemplo) ---, como se o inferno fossem mesmo os outros e o diabo estivesse solto por aí, perseguindo a Sociedade Esportiva Palmeiras.
O que tenho visto de ontem para hoje é mais triste ainda. Parece evidente que Belluzzo e Cecílio não entenderam o futebol. Belluzzo agora se diz arrependido por ter assumido a presidência do Palmeiras. Não deveria. Esta foi com certeza a sua maior experiência de vida, e ele deve continuar, até para dar exemplo, com a experiência que adquiriu, e que é bastante valiosa.
Tanto ele quanto Cecílio vinham sendo a grande esperança de renovação, no futebol brasileiro, para acabar com a cartolagem e os desmandos. Sim, lamentavelmente decepcionaram e deram esse vexame, mas têm tudo para, doravante, encabeçar a revolução de que tanto precisa o nosso futebol e que poderá reconduzir o Palmeiras ao sucesso. Eis aí uma chance de ouro. Como? Fazendo história. Veja a seguir o que os dois podem fazer para dar a volta por cima.
Um – Belluzzo e Cecílio deveriam dar bons e não maus exemplos, como passar a apontar eventuais erros de arbitragem a favor do Palmeiras e se desculpar por eles, como acaba de fazer a França, com o gol de mão de Thierry Henry, que eliminou a Irlanda. Agindo assim, os dois dirigentes ganhariam moral para criticar qualquer erro de arbitragem contra seu time e, além do mais, exigir reparação na Justiça. E isto concorreria decisivamente para a moralização de nosso futebol, que anda muito próximo do abismo. Em vez de querer dar porrada em juiz, Belluzzo deveria fazer esta autocrítica. Assim, reuniria forças para moralizar nosso futebol. Cecílio deveria acompanhá-lo nisso, como parceiro fiel.
Dois – Belluzzo e Cecílio também poderiam dizer publicamente que são os verdadeiros responsáveis por tudo o que está acontecendo no Palmeiras, inclusive pelo clima que levou aos rachas e às brigas no elenco. Também deveriam admitir que, por isso, erraram no afastamento de Obina e Maurício, e que vão tentar reconduzir os dois ao elenco do Palmeiras.
Isso bastaria. Belluzzo e Cecílio passariam para a história como os novos revolucionários do futebol brasileiro, na mesma medida em que o foram, por exemplo, Adilson Monteiro e seus companheiros, na época da democracia corintiana, o movimento mais importante de que se tem notícia no nosso futebol.
Belluzzo porque teria tido a grandeza de se reconhecer culpado e se retratar, o que ainda não vimos no futebol brasileiro. E Cecílio porque teria abandonado o “dois pesos e duas medidas” que tanto compromete seu caráter: sempre defendeu o jogador contra o dirigente, quando foi presidente do sindicato dos atletas, e hoje defende o dirigente contra o jogador, na qualidade de gerente de futebol do Palmeiras, isto apesar de ser um dos culpados pelas brigas que estão ocorrendo no elenco.
Fica aqui a sugestão, muito fácil de pôr em prática. É pegar ou largar, o futebol brasileiro agradeceria.
Tom Capri.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
O ESTADO DO CEARÁ
Das terras de Iracema um exemplo reconfortante, que permite a nós acreditarmos, que o futuro do planeta Terra tem jeito. O Jornal “O ESTADO DO CEARÁ” publica todas as terças um caderno exclusivamente voltado para o meio ambiente e ecologia.
Sob a brilhante supervisão técnica da educadora ambiental Tarcilia Rego, o caderno O ESTADO VERDE, como é sugestivamente denominado é um exemplo de ação concreta de conscientização e divulgação das questões ambientais, um dos grandes desafios do século XXI.
A COLUNA DO SARDINHA honrosamente, nesta terça, 24/11, fez-se presente nas páginas “verdes” deste CADERNO, que é um dos primeiros, senão o único, a abordar um tema de vital importância para a sobrevivência com qualidade, do ser humano na face da Terra.
Ao “O ESTADO DO CEARÁ” os nossos efusivos cumprimentos, extensivos a Tarsilia e que prossiga nesta cruzada, que é de todos nós.
Luiz Bosco Sardinha Machado
terça-feira, 24 de novembro de 2009
MARIO DRUMOND
Nesta edição, vamos interromper a sequência de reflexões que vimos publicando para dar vazão a uma série de denúncias que se vão acumulando em nossa caixa de entrada. Em princípio, a Gazeta considera muito pequena a contribuição que pode dar para a difusão de tão graves denúncias, que merecem espaços bem mais importantes e eficazes para se concretizarem como tais e promoverem as consequências que requerem. Mas, visto que, por mais graves que sejam, elas não ressoam nem repercutem em lugar algum – pois não nos retornam por nenhuma outra via, é como se caíssem num doloroso vazio de silêncio, na covarde e vergonhosa omissão generalizada, o que, de certa forma, demonstra a nossa tese da morte do jornalismo na mídia hegemônica –, a Gazeta se vê na obrigação de difundi-las com seus parcos recursos a seus poucos leitores, mais acreditando na força destes do que dela própria, uma vez que são leitores que valem por dez ou mais na formação da opinião de resistência e da consciência sobre os valores que realmente precisam ser defendidos e relevados. Comecemos pelas mais recentes.
o-o-o-o-o-o-o
O artista plástico Gilberto de Abreu vem nos enviando notícias sobre o cruel assassinato do bailarino Igor Xavier, há quase oito anos, e a infame impunidade de que ainda gozam seus assassinos, que confessaram terem torturado e matado o jovem artista por pura homofobia. Não chegamos a conhecer o trabalho dele, mas, pelo material divulgado no blog a ele dedicado (http://igorvive.blogspot.com/), nos parece que era um talento que levava a sua estrela, e prometia contribuições importantes à arte da dança, algumas das quais já estavam em curso. O caso é escabroso e humilha a Justiça brasileira, hoje, mais que nunca, refém dos poderes econômicos, políticos, oligárquicos e discricionários que fazem dela o que quiserem graças à anuência cúmplice do silêncio midiático. Dia 17 próximo (amanhã), às 20 horas, no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em BH, será realizado um espetáculo-denúncia com a participação de vários artistas indignados com o tenebroso assassinato, em protesto pela situação de impunidade dos assassinos e solidários com os familiares do artista. A Gazeta comparecerá.
o-o-o-o-o-o-o
Maria Tereza Corujo, que, com um grupo de resistentes, lidera um combativo movimento de preservação da Serra da Piedade, nos enviou um excelente dossier do esforço hercúleo que levam a cabo contra poderosas mineradoras para impedi-las de continuarem o trabalho de destruição que vem desfigurando a geografia do nosso estado e ameaça gravemente mais este patrimônio que, além de natural, é cultural e valiosíssimo para a história e as tradições do nosso povo. A Nossa Senhora da Piedade, a nossa pietá, folclórica, lendária e religiosa, é, nada mais, nada menos, que a padroeira do estado de Minas Gerais. Esse atentado sem piedade contra a Serra da Piedade – cujas linhas formosas já inspiraram uma composição de Villa-Lobos e, junto com o belo conjunto arquitetônico da ermida barroca construída no século XVIII, formam um cenário que vem inspirando um sem número de pintores, aquarelistas e desenhistas de diversas épocas e procedências –, se constitui num outro tipo de assasinato que precisa ser denunciado com veemência. Infelizmente, parece que ainda não há um site onde os leitores da Gazeta possam conhecer o belíssimo material divulgado em pdf, e o arquivo é muito grande para ser enviado por este e-meio. Assim, a Gazeta publica o e-mail de Maria Tereza para que os interessados o solicitem diretamente: tespca@gmail.com.
o-o-o-o-o-o-o
O filme mais recente de José Sette, Amaxon, que tem sido muito elogiado pelos poucos que tiveram o privilégio de assisti-lo e tem causado grande expectativa pelo seu lançamento, foi recusado para o Festival de Cuba. Até aí nada de mais, nada de novo. Rogério Sganzerla já reclamava desse “bloqueio de Cuba” para o cinema brasileiro de invenção. Um cinema que, nos espaços mais destacados da arte cinematográfica em todo o mundo, sempre despertou grande interesse. Mas agora que o stalinismo perdeu força na Ilha graças à influência da Revolução Bolivariana da Venezuela, que promove uma abertura sem precedentes para as manifestações artísticas independentes, cabe a denúncia de que o “bloqueio” se mantém exclusivamente em nosso território, onde nada muda, ainda que os tempos e as coisas mudem radicalmente em toda a América Latina. São os mesmos de sempre – os responsáveis pela mesmice crônica de que padece o cinema nacional –, que filtram o material que pode ou não ser exibido em Cuba ou na Venezuela. É a caretice udenista das “esquerdas” acomodadas no poder desde a ditadura e que permanecem muito à vontade em diversas instâncias petistas de decisão. Isto sim, precisa mudar com urgência, e a Gazeta promete voltar ao assunto e bater nessa tecla com mais informações e denúncias.
o-o-o-o-o-o-o
Uns tempos atrás, este gazeteiro, por razões de ordem pessoal, não pôde atender a um apelo de Beto Almeida para que a Gazeta se envolvesse numa polêmica que andava rolando pela internet sobre a atuação da Fundação Ford no Brasil. Muito antes disso, numa das primeiras Gazetas, denunciamos o papel “cavalo de tróia” dessa entidade pseudo cultural gringa, a qual não passa de um braço do Império com a missão de destruir a cultura brasileira e latino-americana. Tal missão nunca foi desativada. Se na década de 1970 ela se constituía numa espécie de censo detalhado das manifestações culturais de resistência que se espalhavam por toda a América Latina, em particular no Brasil, agora ela se infiltra nessas manifestações com o pretexto de ajudá-las financeiramente. Uma vez aceita tal “ajuda”, o que é natural dada a pobreza e o descaso pelas instituições públicas de que são vítimas os nossos espaços de resistência e de produção cultural, começa a chantagem dos novos “donos da bola” no sentido de descaracterizar as essências culturais verdadeiras desses espaços e fazer aguar ou diluir o potencial revolucionário deles. Isto está acontecendo neste exato momento e em plena luz do dia! Temos bons e novos aportes para o tema, mas parece que a polêmica murchou. De qualquer forma, estamos aí, Beto.
o-o-o-o-o-o-o
Gustavo Gazinelli, militante entre os mais ativos do Movimento de Preservação das Serras e Águas de Minas, voltou aos bons tempos de militância estudantil, os tempos do “Geléia”, quando interrompeu a demagogia do governador Aecinho, no Palácio das Artes, para espinafrar contra a política entreguista do Estado e contra a censura na imprensa, que aqui vem sendo exercida com mais intensidade do que na época da ditadura militar. O sorriso amarelo e hipócrita do governador enquanto ouvia a descompustura do Geléia denuncia com clareza que ele nunca foi herdeiro político de seu avô, Tancredo. O pai dele, Aécio Cunha, uma das figuras políticas mais daninhas e mais representativas da oligarquia udenista ultra reacionária de Minas Gerais, é a fôrma exata da herança política do atual governador. Veja a intervenção do Geléia no endereço http://www.youtube.com/watch?v=IN8M91IagNM(só faltou a famosa gargalhada).
o-o-o-o-o-o-o
Abraços
Mario Drumond
LUIZ BOSCO SARDINHA MACHADO
As paixões do brasileiro ao que sabia-se até há pouco tempo eram: samba, futebol e cachaça (ou cerveja). Havia outros de menor importância, alguns machistas até, como mulata, traseiro (de homem ou de mulher), que não ofuscavam os principais.
Parece-nos que agora surgiu mais uma paixão nacional, os impostos, os quais o brasileiro por amar tanto, paga sem saber porquê e para quê e por isso mesmo deveria pagar em dobro, pois afinal, quem paga mal, paga duas vezes.
Analise: quantas pessoas se conhece, que vangloriam-se em público por pagar pequenas fortunas de IPVA, Imposto de Renda e assim por diante?
Nunca pensou nisso? Não são poucas.
Pagar (mal) imposto não deixa de ser uma paixão nacional, daí explicando-se as mal-sucedidas gritas-geral contra o excessivo número de tributos e da carga tributária. Se o povo, assim quer, paciência, o governo continuará indefinidamente, a cobrar bem e gastar mal.
Podem pensar que exageramos, mas vejam.
Quando se paga a conta de energia elétrica, tem-se uma tarifa, que nada mais é que um imposto. Se o governo reajusta errado para mais, como ora acontece, estamos pagando mais imposto indevidamente e sem reclamar.
Mais, a Empresa Rede, que distribui energia para parte do Estado de São Paulo e Tocantins, no cálculo da conta de luz, soma consumo e ICMS e no total aplica novamente o mesmo imposto. Ou seja, o Imposto que é estadual e escorchante, variando de doze a vinte e cinco por cento, é acrescido pela concessionária por um percentual igual, com o consumidor pagando imposto sobre imposto, não adiantando reclamar nem para a Empresa e nem para a ANEEL. Talvez, se a gente reclamasse para o bispo, quem sabe...
Mais absurda ainda é a tarifa de pedágio – imposto, portanto. Um imposto absurdo por muitas razões. Uma delas, é o cerceamento da liberdade de locomover-se dentro de seu próprio país. A outra é pagar tarifa para um particular (geralmente uma empreiteira, que garante com as propinas o príncipe João, Zé, ou qualquer-coisa, menos Mané, no poder), que a usa em benefício próprio, quando a própria lei diz que instituir e cobrar impostos é competência exclusiva do Poder Público, que não pode transferi-la para ninguém.
Sabe o leitor quantos impostos são cobrados para construir e conservar estradas? Exatamente dois: o caríssimo IPVA, pago quando do licenciamento do veículo e a escorchante CIDE, cobrada em cada litro de gasolina, quando se abastece. Para onde vai essa montanha de dinheiro? Só o príncipe deve saber.
Isto é apenas o começo. Veja mais. O sistema de concessão de estradas para exploração por particulares, contraria toda a lógica possível e em muito se parece com os tempos feudais em que Robin Hood lavou a alma da clientela explorada, roubando dos ricos senhores de feudo, que cobravam lautas importâncias para que os camponeses pudessem circular pelas suas estradas e repassando á clientela o resultado da pilhagem.
Os absurdos continuam, se você conseguir “furar” o pedágio, passando sem pagar a concessionária, quem vai obrigar a fazê-lo é um agente público e portanto, “nosso” empregado, que vai adverti-lo e multá-lo para não fazer mais isso - deixar de pagar seu “vizinho” que te explora.
O pedágio é mais uma prova de que o brasileiro tem paixão mórbida por pagar impostos, pois não chiam quando as empresas produtoras de bens embutem nos seus preços as tarifas de pedágio e fraternalmente as divide entre todos os consumidores do Oiapoque ao Chuí.
Isto é justiça tributária ao contrário e a dano do contribuinte, que se dana.
Pena que os tempos românticos de Robin Hood, o justiceiro da floresta, infelizmente foram-se, pois naquele tempo havia justiça fiscal e não é o que vemos no Brasil do século XXI, onde aprendizes de príncipe João (ou Zé, com certeza, Manés não são) continuam governando soberanos sem serem molestados pelos amantes do samba, do futebol, do carnaval, da cerveja e dos impostos.
Luiz Bosco Sardinha Machado
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura – Fonte IBGE
Base: 2008
Entre 2007 e 2008, produção de madeira caiu 5,04%
O valor da produção da silvicultura1 e do extrativismo vegetal2 totalizou R$ 12,7 bilhões em 2008. A participação percentual da silvicultura no valor da produção florestal passou de 68,7% para 69,3% entre 2007 e 2008, somando R$ 8,8 bilhões, enquanto a participação do extrativismo vegetal caiu de 31,34% para 30,7% no mesmo período, menor percentual desde 1990. O valor do extrativismo totalizou R$ 3,9 bilhões no ano passado, dos quais R$ 3,3 bilhões provenientes da produção madeireira, que apresentou queda. Estas e outras informações fazem parte da Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2008.
A extração vegetal não-madeireira somou apenas R$ 635,7 milhões. Os produtos não-madeireiros que se destacaram foram coquilhos de açaí (R$ 133,7 milhões), amêndoas de babaçu (R$ 115,6 milhões), fibras de piaçava (R$ 104,1 milhões), erva-mate nativa (R$ 102,6 milhões), pó cerífero de carnaúba (R$ 62,3 milhões), castanha-do-pará (R$ 45,7milhões) e cera de carnaúba (R$ 18,5 milhões). Em conjunto, eles somaram 91,7% do valor total da produção extrativista vegetal não-madeireira do país.
Na participação regional da produção desses sete principais itens, destaque para a Região Norte, com 92,2% da produção nacional de açaí (fruto), 95,4% da produção de castanha-do-pará e 12,4% da produção de fibras de piaçava. Já o Nordeste respondeu por 7,8% da produção de açaí (fruto), 99,6% da produção de amêndoas de babaçu, 87,6% da produção de fibras de piaçava e 100% das produções de pó cerífero e de cera de carnaúba. O Sul, por sua vez, teve como principal item do extrativismo vegetal não-madeireiro a erva-mate, com 99,9% da produção nacional. As regiões Sudeste e Centro-Oeste não apresentaram participação expressiva em nenhum desses itens.
No segmento da silvicultura, a produção de resina (oleorresina de pinus e de outras espécies florestais) somou 58.061 toneladas e a de cascas de acácia-negra, 158.548 toneladas. A produção de folhas de eucalipto, usada na fabricação de óleo essencial (eucaliptol), somou 58.326 toneladas, com o Sudeste respondendo por 76,7% do total, o Sul por 4,9% e o Centro-Oeste por 18,4%.
No grupo Alimentícios, apenas açaí (fruto) (11,9%), castanha-do-pará (1,3%) e umbu (fruto) (7,5%) tiveram aumento na produção. No grupo das Fibras, houve acréscimo nas produções de buriti (22,0%), carnaúba (2,0%) e outras fibras (52,6%); e no grupo dos Oleaginosos, de amêndoas de pequi (3,1%), tucum (0,5%) e outros oleaginosos (58,0%). A quantidade de carvão e as produções de lenha e de madeira em tora do extrativismo vegetal recuaram -12,2%, -4,1% e -13,8%, respectivamente.
Acréscimos em carvão vegetal, folhas de eucalipto e lenha
Entre os sete produtos florestais investigados no segmento das florestas plantadas (silvicultura), três tiveram ascensão: carvão vegetal (4,4%), folhas de eucalipto (9,9%) e lenha (7,5%). As produções de madeira em tora para papel e celulose, de madeira em tora para outras finalidades, de cascas de acácia-negra e de resina, apresentaram quedas de 4,6%, 2,5%, 7,9% e 11,6%, respectivamente.
O Pará concentrou 88,5% da produção de açaí
A produção nacional de frutos ou coquilhos de espécimes nativos da palmeira açaí em 2008 somou 120.890 toneladas, 11,9 % a mais que em 2007. O principal produtor é o Pará, que concentrou 88,5% da produção nacional. No estado estão 17 dos 20 maiores municípios produtores de frutos de açaizeiros nativos do país: Limoeiro do Ajuru, Ponta de Pedras, São Sebastião da Boa Vista, Muaná, Oeiras do Pará, Igarapé-Miri, Mocajuba, Afuá, São Miguel do Guamá, Inhangapi, Magalhães Barata, Barcarena, Cachoeira do Arari, São Domingos do Capim, Marapanim, Irituia e Santa Luzia do Pará. No Maranhão estão outros importantes centros produtores, como Luís Domingues, Carutapera e Amapá do Maranhão. Em conjunto, os 20 maiores municípios produtores responderam por 83,3% da produção nacional.
A concentração também foi grande na coleta de amêndoas de babaçu, que somou 110.636 toneladas em 2008: no Maranhão se concentrou 94,4% desse total. O segundo estado produtor foi o Piauí, com 5.070 toneladas; seguido pelo Ceará (359 toneladas), Tocantins (345 toneladas) e Bahia (341 toneladas). Os 20 maiores municípios produtores são maranhenses e detiveram 53,3% da produção nacional. O primeiro colocado é Vargem Grande, com 5.805 toneladas (5,2% da produção nacional).
A quantidade coletada de fibras de piaçava somou 78.167 toneladas no país em 2008, 4,8% abaixo da obtida em 2007 (82.096 toneladas). A Bahia foi responsável por 87,6% da produção nacional, e o Amazonas por 12,4%.
Paraná produziu 70,4% de erva-mate
Em 2008, foram colhidas 219.773 toneladas de folhas nos ervais nativos do país, recuo de 2,7% em relação ao obtido em 2007. O maior produtor foi o Paraná, com 154.701 toneladas (70,4% do total nacional). Seguem-no Santa Catarina (39.637 toneladas), Rio Grande do Sul (25.156 toneladas) e Mato Grosso do Sul (279.toneladas). No ranking dos 20 maiores municípios produtores, 16 são paranaenses e o primeiro colocado é São Mateus do Sul, que deteve 14,5% da produção nacional.
A produção de pó cerífero de carnaúba em 2008 somou 18.468 toneladas, menor em 805 toneladas que a do ano anterior (19.273 toneladas). O maior produtor nacional foi o Piauí, com 12.454 toneladas (67,4% do total nacional); seguido do Ceará (5.492 toneladas). Entre os maiores municípios produtores, 11 eram piauienses, oito cearenses e um maranhense. Ocupam a primeira e terceira colocações os municípios piauienses de Campo Maior (1.339 toneladas) e de Piripiri (876 toneladas), respectivamente.
Já a produção de cera de carnaúba somou 3.044 toneladas, queda de 4,6% na comparação com 2007. O Ceará foi o principal produtor nacional, com 81,4% do total nacional. Na segunda posição, o Rio Grande do Norte (17,2%). Maranhão e Amazonas completam a relação dos estados produtores, respondendo por apenas 1,4% do total produzido no país. Os maiores produtores no Ceará foram Russas, Granja, Morada Nova, Aracati, Cariré, Santana do Acaraú e Itarema.
Em 2008, a produção nacional de castanha-do-pará somou 30.815 toneladas, acréscimo de 1,3% em relação às 30.406 toneladas obtidas em 2007. O principal estado produtor foi o Acre, com 37,4% do total. Seguiram-no Amazonas (29,6%), Pará (20,1%) e Rondônia (6,2%).
Entre os 20 maiores municípios produtores, Rio Branco (AC) deteve 7,0% da produção nacional, seguido por Brasiléia (6,9%), Xapuri (6,7%) e Sena Madureira (6,3%).
Produção de carvão da silvicultura manteve crescimento, iniciado em 2002
A produção de carvão proveniente da silvicultura manteve sua trajetória de crescimento, iniciada em 2002. Entre 2007 e 2008, a alta ficou em 4,4%, somando 3.975.393 toneladas. Já o carvão oriundo do extrativismo teve sua produção reduzida em 12,2% no mesmo período, somando 2.221.990 toneladas em 2008. No total, a produção de carvão vegetal ficou em 6.197.383 toneladas no ano passado, 2,2% abaixo que a de 2007 (6.336.469 toneladas).
Em 2008, os principais estados produtores de carvão vegetal de florestas cultivadas foram Minas Gerais (78,3% da produção nacional), Maranhão (9,4%), Bahia (3,4%), Espírito Santo (2,0%) e São Paulo (1,9%). Quanto aos municípios produtores, destacam-se Curvelo (MG), com 173.598 toneladas (4,4% da produção nacional) e no Maranhão o município de Açailândia, com 132.172 toneladas (3,3% do total nacional). Em Minas Gerais, também foram destaques Araguari (168.676 toneladas), Felixlândia (161.313 toneladas), Pompéu (151.738 toneladas), Três Marias (136.460 toneladas) e João Pinheiro (132.967 toneladas).
Já os principais produtores do carvão obtido com material lenhoso da extração vegetal foram Maranhão (23,9% da produção nacional), Mato Grosso do Sul (18,7%), Minas Gerais (18,0%), Paraná (7,6%) e Piauí (7,6%). Entre os municípios, o maior produtor nacional em 2008 foi Bom Jardim, no Maranhão, com 74.618 toneladas (3,4% da produção nacional); no Paraná foi Cruz Machado com 61.620 toneladas; e em Minas Gerais, Felixlândia, com 55.738 toneladas.
Entre 2007 e 2008, a participação da lenha da silvicultura cresceu 2,9 pontos percentuais. No ano passado, a produção nacional ficou em 42.037.848 m³ de lenha da silvicultura e 42.117.639 m³ de lenha oriunda do extrativismo vegetal. No total, o país produziu 84.155.487 m³ de lenha, ou 1,4% mais que em 2007.
Na produção de lenha da silvicultura, os principais estados produtores foram o Rio Grande do Sul (33,9% dos 42.037.848 m³ produzidos no país), São Paulo (16,4%), Paraná (15,6%), Santa Catarina (13,3%) e Minas Gerais (12,7%). Na produção de lenha do extrativismo vegetal, os principais produtores foram a Bahia (23,4% dos 42.117.639 m³ coletados), Ceará (10,8%), Pará (8,6%), Maranhão (6,8%), Amazonas (6,5%) e Paraná (5,3%).
Os três maiores municípios produtores de lenha da silvicultura no país foram Araguari (MG), com 1.233.958 m³; Butiá (RS), com 830.000 m³; e Santa Cruz do Sul (RS), com 767.823 m³. Destaque ainda para o município paulista de Itapetininga, cuja produção somou 660.490 m³. Para a lenha oriunda do extrativismo vegetal, os maiores produtores são Euclides da Cunha (BA), com 680.000 m³; Xique-Xique (BA), com 668.739 m³; e Serra do Ramalho (BA), com 570.773 m³.
Fiscalização é responsável por queda da produção de madeira extrativa
Quanto à madeira em tora, a produção nacional de 2008 ficou aquém da de 2007 (121.520.350 m³), somando 115.389.259 m³. Destes, 87,8% foram provenientes de florestas cultivadas e 12,2% coletadas em vegetações nativas. A produção de madeira na atividade extrativista somou 14.127.359 m³, 13,8% abaixo da registrada em 2007. No segmento das florestas plantadas ou cultivadas, a produção somou 101.261.900 m³, decréscimo de 3,7% no mesmo período. A produção de madeira para papel e celulose ficou em 58.181.842 m³, e a de madeira para outras finalidades (construção civil, movelaria, construção naval, etc.) 43.080.058 m³. Em relação a 2007, a produção de madeira para papel e celulose caiu 4,6%, e a de madeira para outras finalidades apresentou declínio de 2,5%.
Os maiores produtores de madeira do segmento extrativista são Pará, com produção de 7.618.912 m³ (53,9% da coleta nacional); Mato Grosso, com 1.469.083 m³ (10,4%); Bahia, com 1.076.820 m³ (7,6%); Amazonas, com 1.102.976 m³ (7,8%); e Rondônia, com 834.946 m³ (5,9%). Os cinco municípios maiores produtores estão localizados no Pará: Tailândia, com 900.000 m³ (6,4% da produção nacional); Portel (750.000 m³), Baião (629.923 m³), Almeirim (595.760 m³), e Paragominas (546.620 m³).
Na produção de madeira de florestas plantadas para fabricação de papel e celulose, os principais estados produtores em 2008 foram São Paulo, com 14.485.708 m³ (24,9% dos 58.181.842 m³ produzidos no país); Bahia, com 11.924.025 m³ (20,5%); Paraná, com 8.504.978 m³ (14,6%); Santa Catarina, com 6.525.163 m³ (11,2%); Espírito Santo, com 5.876.628 m³ (10,1%); Minas Gerais, com 5.590.394 m³ (9,6%); Rio Grande do Sul, com 2.912.226 m³ (5,0%); e Pará, com 1.126.400 m³ (1,9%).
Entre os municípios, destaque para Conceição da Barra (ES), com produção de 2.615.561 m³; Nova Viçosa (BA), com 2.350.058 m³; Itapetininga (SP), com 2.080.730 m³; Aracruz (ES), com 1.799.511 m³; e Mucuri (BA), com 1.728.489 m³.
Já na produção de madeira para outras finalidades, os destaques foram o Paraná, com 13.838.196 m³ (32,1% dos 43.080.058 m³ produzidos no país); São Paulo, com 8.681.581 m³ (20,2%); Santa Catarina, com 7.954.808 m³ (18,5%); e Rio Grande do Sul, com 5.350.374 m³ (12,4%).
Os maiores municípios produtores são Itapetininga (SP), com 1.580.950 m³ (3,7% da total nacional); General Carneiro (PR), com 1.380.000 m³; Porto Grande (AP), com 1.320.178 m³; Cerro Azul (PR), com 924.630 m³; e Lençóis Paulista (SP), com 901.320 m³.
Notas:
1 Silvicultura é a atividade que se ocupa do estabelecimento, desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando a múltiplas aplicações, tais como: a produção de madeira, carvão, a produção de resinas, a proteção ambiental, etc.
2 Extrativismo vegetal é o processo de exploração dos recursos vegetais nativos que compreende a coleta ou apanha de produtos como madeiras, látex, sementes, fibras, frutos e raízes, entre outros, de forma racional, permitindo a obtenção de produções sustentadas ao longo do tempo, ou de modo primitivo e itinerante, possibilitando, geralmente, apenas uma única produção.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini
sábado, 21 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
No - 133 – COLUNA DO SARDINHA
DE APAGÃO EM APAGÃO
O dia dez de novembro fez lembrar os tempos bicudos de FHC. Justamente agora que o Ministério de Minas e Energia engalfinha-se numa aparente e interminável disputa com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para ver quem são os culpados por um erro de cálculo nos reajustes nos preços de energia, que estão causando incontáveis prejuízos aos consumidores, segundo estimativa, só no ano passado superaram o um bilhão de reais, um apagão na estrela petista, traz o presidente a uma realidade muito diferente da que vive nas fantasias das intermináveis viagens por hotéis cinco estrelas pelo mundo afora.
O Brasil deve ter mudado, mas só na forma, porquê no fundo é tudo a mesma coisa, apresentando porém agora, um componente novo, que era tão sentido em épocas anteriores.
Talvez, por causa da maciça propaganda que a mídia martela, uma verdadeira lavagem cerebral, diuturnamente, o brasileiro perdeu a capacidade de indignar-se.
Não estamos falando só do indiferente, para quem o exercício da cidadania “não lhe diz respeito”, daquele que “não tem tempo”, mas da maioria de todos nós.
O brasileiro não é um povo “ordeiro, pacato”, como sempre quiseram nos fazer crer. O brasileiro é omisso por natureza - por isso o sucesso das “bolsa família” e agora “bolsa celular” (valha-nos! A que ponto chegamos) - e se puder transferir para outrem a tarefa até de pensar, é com ele mesmo!
No entanto, tal não se admite dos formadores de opinião, dos institutos de proteção ao consumidor, do Ministério Público e até do Judiciário, que tem obrigação até constitucional de zelar pelos direitos do cidadão.
Não se concebe que apenas Ministério e ANEEL discutam indefinidamente, com demonstrada má vontade, sem que os órgãos de defesa do consumidor disponíveis participem dessa discussão para apurar responsabilidades e determinar quem irá nos ressarcir dos prejuízos causados por aumentos indevidos.
APAGÃO
O Ministério das Minas e Energia é a galinha dos ovos de ouro do governo federal e pelo seu aspecto altamente técnico deveria ser conferido a um expert na área. Mas não é bem assim, no país dos omissos, o Ministério é usado para barganhas políticas.
Edson Lobão, homem de Sarney, foi guindado ao cargo por influência de seu padrinho e demonstrou no episódio do apagão ser jejuno na matéria.
Na entrevista coletiva que concedeu ao lado do Administrador Nacional do Sistema (elétrico) ambos, apressaram-se em jogar a culpa pelo apagão numa tempestade de raios havida entre os estados do Paraná e São Paulo. O Paraguai aponta para uma eventual pane em São Paulo – Capital. Se certo Lobão, possíveis ações para ressarcimento de danos decorrentes do apagão estariam obstaculizadas, pois eventos naturais, que não dependem da vontade do homem, não são indenizáveis. O que não ocorreria, se aceita a tese paraguaia.
Nesta batalha de declarações e suposições esperemos que ambos os lados estejam errados, pois caso contrário a fragilidade do sistema estará mais que comprovada, pois, se panes no sistema de distribuição (linhões, estações e subestações) podem afetar usinas geradoras – no caso Itaipu, que ficou paralisada por quatro horas – nosso futuro elétrico estará nas mãos do imponderável e dos irresponsáveis.
E mais uma vez seremos chamados a pagar a conta dos prejuízos causados pelo apagão que deverá ser distribuída irmãmente entre nós, os contumazes omissos, que habitam este país.
Luiz Bosco Sardinha Machado
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
PATO DONALD, A SAIA JUSTA DE GEISY, O LULA ANALFABETO DE CAETANO E A DURA VERDADE NÃO-OFICIAL SOBRE O APAGÃO
Tom Capri
(Entenda por que não somos ouvidos nem respeitados)
Dedicado a Gerd Wenzel, pelo seu lúcido artigo sobre a Alemanha após a queda do Muro de Berlim Jornalista aqui criticado: Daniel Piza.
Já disse aqui que, de vez em quando, Luis Fernando Verissimo me derruba. A última foi neste domingo, no Estadão, com seu ‘Pato Donald’, história curta e simples que diz muito e mexeu comigo, me comoveu (Caderno Cultura, p. D16). De repente, o marido --- 25 anos de casamento --- constata que nunca entendeu o que Pato Donald dizia. Isto começa a exercer efeito altamente perturbador sobre ele. Seria por causa daquela voz impossível de entender? Ou porque era Donald, e o pato não merece ser levado a sério? E o que este homem perdeu por não ter entendido Donald? Será que o maior dos ensinamentos? Quantos de nós somos Pato Donald e ninguém nos ouve?
Até nossos intelectuais mais graduados não dão ouvidos nem entendem um Pato Donald. Se você é um deles como eu, sabe do que estou falando. As pessoas condicionaram-se a ouvir e a entender só os porta-vozes da verdade oficial. Nós, anônimos e invisíveis, ouvimos e entendemos aquilo que já está sacramentado e instituído. Nossas convicções --- normalmente falsas ou equivocadas --- são baseadas nas verdades oficiais. Não ouvimos mais o que esbarra em nossas crenças e ilusões. Fere nossos ouvidos, não damos crédito.
Por exemplo, ninguém dá ouvidos a minorias, mendigos, drogados, gente comum que passa pelas ruas, em suma, a um Pato Donald, por mais que ele esteja certo no que diz. Só que, por sofrerem a sina do isolamento e serem considerados “problema”, eles portam as verdades do mundo, que quase sempre destoam da oficial. Não os registramos mais.
É frequente que suas almas, apequenadas e reduzidas a coisa, se abram gritando verdades verdadeiras, mas já calejamos nossos ouvidos para não escutá-las nem decifrar o que clamam. Estamos condicionados a não entendê-los não tanto pela voz estranha de pato, mas porque se trata de Pato Donald, e é perda de tempo
registrar o que diz, ainda mais por se tratar de alguém que, bem... Teria algo a dizer?
No texto de Verissimo, o marido nunca entendeu Pato Donald e isto agora o incomoda. Teria perdido muita coisa? Vá lá saber. De repente, Donald deve ter dito algo decisivo que mudaria sua vida e que ele jamais poderia ter perdido. A chave para o conhecimento? A deixa para a definitiva percepção das verdades verdadeiras? Algo que ele precisava saber e que se perdeu porque ele não entendia Donald? A mulher dele fica indignada: “Você não perdeu nada. O que o Pato Donald teria de importante para dizer?” Mas quem prova que Pato Donald jamais disse nada de importante, se ele nunca é ouvido?
Geisy Arruda, a estudante expulsa da Uniban, era um Pato Donald. Também invisível, ninguém dava ouvidos a ela, daí não entender o que dizia. Pobre, ela queria apenas ‘ser’ alguém. A saída foi pôr as pernas de fora numa saia justa, a única linguagem que chama a atenção dos porta-vozes da verdade oficial. Pagou caro, com o bullying que sofreu (hostilizada física e moralmente) e a expulsão da Uniban. Mas foi compensada: só Pelé, Lula e Ronaldo Fenômeno tornaram-se tão conhecidos no exterior. Isto é, a Geisy Pato Donald ficou para trás e agora a nova Geisy se prepara para posar nua, com a vida já feita.
Lula era outro Pato Donald. Um dia, começou a ser ouvido no ABC, mudou o sindicalismo brasileiro e chegou à presidência da República. Um Pato Donald que deu certo. Ou seja, que se superou e, por isso, deixou de ser Pato Donald. Até o dia em que um certo Caetano Veloso chamou para si os holofotes, lembrando à Nação que Lula na verdade nunca deixou de ser Pato Donald, por continuar “analfabeto” e “cafona”. Inclusive, este era o motivo pelo qual ele, Caetano, não votaria em Dilma, mas sim em Marina, que é alfabetizada. Na verdade, o compositor queria transformar isso que disse de Lula em verdade oficial, mas quebrou a cara. Não podia imaginar que ele é quem acabaria se fazendo passar por Pato Donald, ao ser pouco ouvido e até desprezado.
Só as verdades oficiais ecoam e são ouvidas, e raramente questionadas. A elas nos condicionamos e nelas nos viciamos. E se é verdade oficial que Lula chegou à política como semianalfabeto, é verdade também que ser analfabeto, o próprio presidente já provou, não retira de ninguém as qualidades necessárias para presidir um País. Enfim, Caetano desta vez se deu mal, algo raro de acontecer num porta-voz da oficialidade, que geralmente tem a força e ganha mais do que perde.
No Brasil, o Professor Delfim Netto é o mais preparado, arguto e sofisticado porta-voz das verdades oficiais, as quais defende com brilho. Por isso, é ouvido dentro e fora do País, inclusive por Lula. Pode se dar ao luxo de anunciar, em artigos e comentários, medidas futuras do governo federal sem sequer mencioná-las abertamente.
Foi o que fez em sua coluna Sextante, da edição número 572 da revista Carta Capital. Nela, Delfim praticamente aconselha o governo Lula a, se não houver saída, derrubar o regime de câmbio flexível e até a adotar máxis, se a questão cambial atingir o limite do suportável. É o que Delfim fazia quando ministro de governos militares. Em nenhum momento, a expressão ‘máxi’, que tanto ajudou o ministro a sair do sufoco na época, é citada no artigo. E qualquer um que saiba ler tem facilidade em entendê-lo.
Delfim só não soube dizer se, no governo Lula, um eventual anúncio de possíveis máxis, quando adotadas, vazaria beneficiando amigos, como aconteceu no período em que ele era ministro. Assim agem os porta-vozes das verdades oficiais, sem terem consciência de que muitas vezes portam mentiras que passam por verdades, fazendo mal ao País.
O mundo está cheio de Pato Donald. Veja Michael Jackson. Por ser uma vítima da oficialidade, a qual rejeitou a vida inteira, ele nunca foi ouvido nem levado a sério, naquilo que disse. O mesmo de Jim Morrison, que enveredou pelas portas da percepção e brigou contra a oficialidade. Costumava dizer que quem não rompe com a oficialidade é um bosta. Como era “um drogado”, não foi levado a sério nas verdades que proferiu. Foi outro Pato Donald que, por nunca ter sido ouvido, também acabou não sendo entendido. A história oficial dita que morreu numa banheira na França, vítima de ataque cardíaco. As más línguas, que foi envenenado e assassinado pela CIA, a grande guardiã da oficialidade.
Doido para voltar a ser ufanista um dia, Daniel Piza é outro entusiasta das verdades oficiais. Articulista do Estadão que vai sempre ao delírio com a oficialidade, de quem é devoto, ele está sempre infeliz por ainda não ter encontrado nada no governo Lula que o tenha motivado a ufanar-se. Piza tem um espaço em sua coluna dominical Sinopse, chamado ‘Por que não me ufano’. Nele, mostra todos os podres que tem encontrado no país comandado por Lula e que o têm desmotivado a ufanar-se. A última dele é contra os fãs brasileiros de Michael Jackson. Segundo Piza, os fãs viram o documentário This is It com olhos de fanáticos, por isso não perceberam o “ritmo arrastado” e o “tom bajulador” do filme.
Preso à camisa-de-força das verdades oficiais, Piza não enxerga mais nada que possa vir a romper com suas convicções ou esbarrar nelas. Nessa sua coluna, dá sempre demonstrações de ser infenso às verdades verdadeiras, da mesma forma que o é às palavras do cantor pop ditas no filme: “Uns poucos (fãs de Michael) chegaram a se dizer emocionados com as falas dele sobre ‘salvar o mundo’ (ele não salvou nem Neverland)”, comenta Piza.
Ora, até criancinha que viu This is It percebeu: em nenhum momento, Michael Jackson fala em salvar o mundo nem se coloca como salvador. Ele apenas diz que o mundo está enfermo, deixa claro que é a vida regida pelo capital que está destruindo o Planeta e que é preciso fazer alguma coisa já, do contrário sucumbiremos. Ou seja, o cantor diz apenas que é preciso salvar o mundo, não que iria salvá-lo. Obviamente, Piza não ouviu nem registrou as palavras de Michael por ser ele um Pato Donald, ou seja, por não merecer crédito.
É o desprezo pelos invisíveis, por tudo quanto é Pato Donald que aí está. As verdades oficiais --- a oficialidade --- sempre prevalecem, até que um dia todas desabam e em seu lugar surgem novas, verdades verdadeiras que, num segundo momento, tornam-se também oficiais. O que se espera, da humanidade, é que faça proliferarem e vingarem, como verdades oficiais, as verdades realmente verdadeiras.
Por exemplo, o recente apagão. O que temos até aqui é a verdade oficial. Por que ninguém apostou ainda na versão de que pode ter sido ato de sabotagem para desestabilizar o governo Lula, em especial, a candidatura de Dilma? A ministra havia dito recentemente que não teríamos mais aqueles apagões que tanto haviam desgastado a imagem de FHC. Não seria surpresa se o recente apagão tivesse ocorrido por puro ato de sabotagem dos devotos da verdade oficial, para desmoralizar o Governo.
Acontece que a verdade verdadeira do episódio não interessa mais a ninguém, só a oficial. Não interessa ao Governo porque acirraria ânimos, ação nada inteligente agora, às vésperas do novo ano eleitoral. E também não interessa à oposição porque uma denúncia de ato de sabotagem, neste momento, poderia desmoralizá-la ainda mais. Valerá apenas para ajudar a oposição a tentar desmoralizar a candidatura de Dilma, o que já vem sendo feito no horário político, com efeito prático quase nulo, se não contrário: a oposição desmoraliza-se ainda mais e até se expõe ao ridículo sempre que se move nessa direção.
E você? Já fez revisão de seus pontos de vista e opiniões? Já se perguntou se eles estão mesmo corretos? O que mais nos trai e nos cega são nossas convicções, muitas delas equivocadas. Todo questionamento é sempre oportuno. Urge! Hoje, mais vale ser Pato Donald sem nada no bolso e impotente do que Mickey com gorda conta bancária, mas atolado em verdades oficiais, iludido de que elas trazem a felicidade. Os Mickey da vida é que sempre tropeçam e desabam com maior facilidade.
Seja um Pato Donald você também. Pelo menos assim você estará mais próximo da consciência, e só a verdade presta e garante a sobrevivência de nossa espécie. Abraços a todos, Tom Capri. (Veja a seguir como está a Alemanha no pós-queda do Muro de Berlim, na visão de Gerd Wenzel, do ESPN Brasil).
O VALOR DO DÓLAR - CARLOS GRAND
Sobre as declarações do atual ministro da fazenda sobre o valor do dólar, encaminho a você a carta que escrevi para o Jornal Valor há quatro anos e que, pelo visto, continua válido o seu contexto.
Carta ao Jornal Valor publicada na edição de 24 de janeiro de 2005.
A notícia em primeira página deste Jornal, edição de hoje 21/01/2005, como se apresenta, faz parecer que a culpa pela perda de contratos do exportador novato é do câmbio, mas na realidade não será do próprio empresário?
O que significa de fato é que o dólar enfraqueceu e perdeu parte do seu poder de compra e quando isso acontece com a moeda de um país, em qualquer lugar do mundo, antes do importador efetuar qualquer compra, a prudência sugere rever as prioridades. E talvez a mercadoria destes que estão reclamando não esteja nas prioridades do importador que viu sua moeda perder valor de compra e desta forma exigindo mais do trabalho de marketing do exportador nacional.
O preço da mercadoria negociada com o importador é feita em dólares, e se todas as condições forem as mesmas do ano passado, prioridade do importador, preço, qualidade e pontualidade do exportador, não será por causa do câmbio que terá perdido o mercado;
Também sob outra análise, se com esses mesmos dólares o empresário compra menos reais não quer dizer absolutamente que ele “perdeu” dinheiro. O que acontece é que o real ficou com maior poder de compra. Isto é, com os mesmos reais o empresário poderá pagar seus custos que devem ser os mesmos para a mesma produção do ano anterior. E se não for assim, estaremos diagnosticando outras razões diferentes da variação do câmbio.
Mas se de fato sua matéria prima e demais custos de produção como a mão-de-obra, por exemplo, representam custos em dólares aí sim o empresário fica no prejuízo, pois se aumentar seu preço de venda que é em dólares poderá sim perder mercado. Mas será que é assim mesmo?
Creio que esta pressão para desvalorizar a nossa moeda é absurda e até imoral especialmente pelo momento econômico que estamos atravessando. Já vimos esse filme antes quando a desvalorização da nossa moeda, mais do que um acerto monetário proporcionou uma riqueza fabulosa a poucos em detrimento da maioria do povo brasileiro.
Nossa economia deve, entre outras coisas, ser fundada com recursos próprios empresariais, com gerenciamento moderno e inteligente, com abertura de capitais quando possível e cada vez, menos dependente de recursos governamentais ou de bancos comerciais.
Do governo espera-se com urgência as reformas fiscal, trabalhista e previdenciária. Espera-se com a mesma urgência a construção e recuperação da malha ferroviária e do sistema portuário para que não se tenha tantas perdas de produção durante o transporte, para que se tenha fretes mais baratos, para que se dependa menos da Petrobrás, para que não se fique refém de caminhoneiros e para que nossas estradas fiquem em melhores condições de tráfego com custos menores de conservação. Para que possamos defender com mais veemência o valor da nossa moeda e que ela adquira cada vez mais poder de compra.
.....................
Bem, esta foi a carta cujos argumentos continuam válidos. Acrescento, entretanto, que o governo tem em suas mãos o controle dos preços de importação e exportação com os impostos de importação e exportação. Desta forma, com mais atenção, regularia a produção e o consumo interno garantindo o trabalho e renda dos produtores nacionais inibindo a prática dos especuladores por demais conhecidos. Teríamos assim a garantia de uma moeda forte que significa poder aquisitivo, melhor controle de preços de produtos como alcool, açucar, combustíveis, leite e derivados, entre outros. De qualquer forma, é tema para um profundo estudo para quem deseja mesmo trabalhar para o país com competencia.
Carlos Grand
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