Indignados e revoltados, colonos brasileiros vão às urnas em 3 de outubro
Por que o Brasil é Colônia de Banqueiros? Gustavo Barroso responde
Indignados, colonos brasileiros vão às urnas em 3 de outubro
Pode ser tudo verdade o que o professor Marcos Coimbra escreveu sobre o Consenso de Washington e as eleições brasileiras. Se verdade, o país corre o risco de perder sua soberania, enquanto os colonos brasileiros ficam indignados, mas, na visão dos financistas e economistas mundiais a colônia precisa ser tratada com carinho e o povo sentir a sensação de estar votando para escolher seus representantes, desde deputados estaduais até o presidente da República.
Doloroso dilema este, se estivermos todos iludidos com a votação, desde que ela transcorra na mais completa legitimidade, sem impor ou modificar resultados, que poderiam acontecer em caso de fraude eleitoral.
Ninguém fala ou comenta sobre a legitimidade das urnas eletrônicas, porém, Gazeta de Cotia publicou, em 2000, um texto de um dos mais acirrados defensores deste tipo de votação, porém, no final, ele dizia que com todas as prováveis garantias do voto secreto existiria ainda uma dúvida cruel sobre a possibilidade de fraude. Talvez seja por isto que a Alemanha, Estados Unidos e outros países ainda não se decidiram pelo voto eletrônico.
O que é duro de acreditar é o fato de nossos governantes estarem “sub judice”, ou seja, sujeitos à aprovação do Consenso de Washington, que admitiria somente o candidato que rezasse pela cartilha das finanças internacionais, sem importar-se com a falta de legitimidade das eleições brasileiras. Para esses financistas eleição é apenas “detalhe”.
Não seria assim tão difícil acreditar também que estamos vivendo ainda o Sistema Colonial, imposto pelos portugueses, a partir de 1530, que perdurou até 1822, porém, foi além, chegou, como ordem jurídica até a promulgação do Código Civil de 1916, senão vejamos:
“Lei n.3071, de 1º de janeiro de 1916. Art.1807. Ficam revogadas as Ordenações, Alvarás, Leis, Decretos, Resoluções, Usos e Costumes concernentes às matérias de direito civil reguladas neste Código. Rio de Janeiro, 1º de janeiro de 1916, 95º da Independência e 28º da República. Wenceslau Braz P.Gomes – Carlos Maximiliano Pereira dos Santos.”
Isto significa que até 31 de dezembro de 1915, 94 anos após proclamação da Independência, o nosso direito civil, de onde emanam usos e costumes da nação, eram regulamentados pelas Ordenações Filipinas, Afonsinas e Manuelinas, prurido da colonização portuguesa, jejum este quebrado ultimamente com a promulgação do Novo Código Civil.
Vale, contudo, explicar que enquanto os direitos civis estão capitulados num determinado Código, os direitos políticos acham-se separados, listados numa Constituição ou Carta Magna, independentemente de serem também direitos civis.
A confusão é clara e proposital: outorgam-se direitos com uma mão e retiram-se com outra, obrigando-nos a respeitar, antes de mais nada, apenas a Constituição, sem termos que apelar para os Direitos, que o Brasil jurou obedecer e cumprir através da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É por esta razão que continuamos Colônia, sem termos a quem reclamar sobre os ideais de justiça social, fraternidade, méritos, ética ou moral. Alguma coisa está no Código Penal, enquanto negócios e transações estão no Código Comercial.
A Colônia hoje está representada na República Federativa que soma e centraliza todos os valores a seu talante, sem importar-se com os entes menores: estados e municípios. Tudo manipulado, agrilhoado ao poder central de um capitão-mor ou vários capitães-mores, de onde saem as diretrizes notadamente plutocráticas e anti-democráticas por sinal, representadas pelas oligarquias político-partidárias.
Com tudo isto para solucionar, os colonos brasileiros vão às urnas em 3 de outubro, imaginando que a forma de governo atual é benéfica, contempla toda a sociedade, atende as mais pueris reivindicações, embora não conceda liberdade para pensar, imaginar e construir um Brasil diferente, onde a prosperidade não esteja somente nas mãos dos escolhidos eletronicamente, mas também da comunidade que trabalha e gera riquezas para a grandeza da nação.
Por que Colônia?
Gustavo Barroso escreve em “Brasil, Colônia de Banqueiros”, página 17:
“O Estado liberal-democrático, adotando todas as normas do liberalismo econômico, facilitou a expansão dessa força dominadora. Havendo todos os povos erigido ao capital o culto de suas homenagens, esse novo deus passou a oprimir os governos, a assoberbar os Estados, na sua marcha avassaladora. Tendo-se facilitado tudo ao capital, este passou a atentar contra os princípios fundamentais da civilização cristã, como sejam o princípio da família e o princípio da nação.
O capitalismo é hoje, no mundo, um permanente proletarizador das massas, um contínuo transmutador de valores morais, um açambarcador de economias privadas, um opressor da agricultura, da indústria e do comércio, tudo submetido ao seu império.
O capitalismo organizado, segundo a rota que lhe traçou Karl Marx, torna-se o inimigo do próprio capital, pois o capital é a conseqüência natural do princípio da propriedade, ao passo que o capitalismo organizado é a negação daquele princípio.
Quando essa potestade internacional pretende reduzir um povo às condições de escravo, o que ela faz naturalmente não é mandar exércitos; manda banqueiros.
Liberar o Estado (Nação) das forças que se foram a ele paralelas; impor a autoridade da nação, acima de tudo; ir às extremas conseqüências de uma campanha sem tréguas, esse o verdadeiro caminho do povo brasileiro e principalmente da sua mocidade.”
Tinha carradas de razão Gustavo Barroso, pois em 1989 a União Soviética ruiu; há pouco menos de 10 anos, a China entrou no mundo capitalista. Restam, no mundo, apenas dois paises comunistas: Coréia do Norte e Cuba, mas este último já ensaia profundas modificações...
Colônia portuguesa ou brasileira?
Tanto faz, colônia é sempre colônia. Barroso não errou quando tipificou o Brasil como apenas uma colônia de banqueiros, mas deveria ir mais adiante: rever a independência negociada com Portugal, os fabulosos empréstimos e a continuidade do governo republicano federalista super-centralizado, burguês, plutocrático, que suga estados e municípios, impedindo-os de sua vocação cívico-libertária, que podem acontecer através do autogoverno.
A colônia assiste pacificamente as negociações em Washington (Estados Unidos), de onde saem diretrizes para administrar o Brasil. Mesmo assim, sem soberania e dignidade absolutas, os colonos brasileiros vão às urnas em 3 de outubro, acreditando numa eleição limpa, quando será eleito o presidente da República, governadores, senadores, deputados estaduais e federais. É a chamada eleição majoritária.
Mas os atuais candidatos ao planalto Dilma Roussef e José Serra nem sequer pensam em abordar o assunto.
Por que será?
AME FUNDAÇÃO MUNDIAL DE ECOLOGIA –amefundacao@uol.com.br www.ecologia.org.br
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