No. 191 - COLUNA DO SARDINHA
Uma coisa difícil de calcular é o valor que atribui-se a uma palestra.
Geralmente, a primeira avaliação que se faz é quanto ao custo/benefício que a palestra possa ter. Quanto maior este ultimo, maior também os estipêndios, pois como em tudo, também nas palestras busca-se um retorno, um “lucro” de qualquer espécie, seja ele financeiro ou material e até espiritual. Como este “lucro” boa parte das vêzes não vem, cresce cada vez mais o número de partícipes que aproveitam-se de tais reuniões para tirar memoráveis cochilos e na outra via, diminui a quantidade dos que se atrevem papagaiar à frente de seleta platéia.
Com a diminuição da demanda, com o público cada vez mais arredio, sofrem com isto os palestrantes, que veêm seus lucros minguar cada vez mais. Sem muito dinheiro o negócio é apelar e aí surgem aos borbotões os que prometem o paraíso a qualquer custo e sem muito esforço ou a fórmula mágica do sucesso financeiro.
O caminho para conquistar o paraiso, nos tempos da internet e do celular banalizou-se. As opções são muitas, há caminhos para todos os gostos, como a imprensa demonstrou há tempos atrás.
Na capital de São Paulo, verdadeira Meca para onde vão os peregrinos atrás de empregos e salários, diariamente é aberto um novo templo, onde se promete alívio espiritual, que se acompanhado do financeiro é melhor ainda e de uma vida decente, nem se fale, isto se as chuvas e enchentes assim o permitirem.
Pensando só no retorno material e financeiro, está virando moda no mundo inteiro, ex-presidentes montarem institutos para promover os próprios em interessantes palestras que não esclarecem muito sobre a vida pregressa dos palestrantes.
Quem acredita que tais palestras terão conteúdo histórico da vida da humanidade, simplesmente desista, pois a maioria serve apenas para promover o dito cujo e o que é deplorável e condenável, negociar, fazer tráfico de influência no governo de seu substituto.
Não podendo prometer o paraiso espiritual, pois não é o forte de ex-presidentes, pois dizem “que o poder corrompe”, os palestrantes procuram demonstrar que o paraiso material está aqui mesmo na terra e que o caminho mais fácil é ter boas relações e bons padrinhos no governo, que aplainarão os caminhos para o Eden.
O presidente Lula estreiou semana passada como o mais novo palestrante do pedaço.
Estrela maior do Instituto Luiz Inacio Lula da Silva, não foi difícil encontrar quem estivesse disposto a investir a bagatela de duzentos mil reais para ouvir o bem falante ex-presidente brasileiro.
Auto-didata, entendendo de uma variada gama de assuntos, Lula tem a credenciá-lo suas boas relações no governo atual, que podem pavimentar os caminhos que levam aos cofres de Brasilia.
Se isto é moralmente indefensável é algo que não está em discussão, pois afinal os fins não justificam os meios no vale-tudo da política e dos negócios?
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista
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