FIM DE FESTA
Com uma festa para cerca de oitocentos convidados, bem ao estilo PT de ser, o Palacio do Planalto marcou o fim da passagem de Lula por lá.
Um livro com cerca de oitocentas páginas com as várias questões enfrentadas por Lula em seus oito anos de mandato foi distribuído aos presentes. Obviamente que tal apenas exalta a administração que se finda, apresentando os seus aspectos positivos, esquecendo os aspectos negativos, que poderiam empanar o regabofes.
Pela dimensão do documento distribuído tem-se a dificuldade que encontraria qualquer escriba para resumir numa lauda o que se passou nestes oito anos. Ficar-se-ia em generalidades. É o que faremos.
Poderíamos pensar apressadamente, que o sucesso do governo petista, foi maior no campo externo, onde teria o respeito e a consideração do mundo todo, pois afinal Lula fora chamado de “o cara”, por nada mais nada menos que o presidente Obama, o que pavimentaria para Luiz Inacio o caminho para a Secretaria da ONU, a Presidência do Banco Mundial ou coisa parecida.
No entanto, a falta de política externa definida, que num dia tomava café da manhã com Castro de Cuba, almoçava com Almadinejad do Irã e jantava com Chavez da Venezuela, no outro tecia loas bajulatórias aos americanos, tirou do petista qualquer chance de projetar o país no campo internacional e de conferir ao presidente qualquer cargo em órgãos multilaterais.
É de lembrar-se que Obama não veio ao país uma única vez e a Secretária de Estado Hillary Clinton, apenas uma.
No campo econômico, o balanço é favorável ao governo petista, que teve os bons momentos da economia a seu favor, o que o fez passar incólume pela crise de 98, que continua a fazer vítimas, a Espanha é a ultima e assim será até 2.014. O único senão é o excesso de endividamento interno e a capacidade do país em rolá-lo.
Na distribuição de renda houve um avanço considerável, impulso este em parte artificial, pois obtido com programas de transferência de renda, de efeito multiplicador bastante relativo. Quando o Estado intervém na produção, substituindo o particular em áreas sensíveis ou de pouco interesse, está impulsionando a economia como um todo. Na outra hipótese está apenas incentivando o consumo e a produção de fontes já estabelecidas com pouco interesse em inovação e pesquisa.
Em muitas áreas Lula teve pontos a seu favor, só é lamentável que esse sucesso não se estendeu ao campo institucional. O Brasil está ainda, na idade da pedra como sociedade politicamente organizada e os exemplos são inúmeros.
Temos vícios serissimos que seguramente vieram a nós com o descobrimento e perduram até hoje. O colapso e ausência da noção de cidadania, espírito público e amor à pátria são alguns deles e isto foi visto e sentido no vergonhoso aumento abusivo de subsídios que deputados concederam a si mesmos e às outras esferas de poder.
Quem acreditou que Lula não teria capital intelectual para propor mudanças tão complexas, acertou. Preferiu dançar a mesma música desafinada que nos embala há séculos, que conhece muito bem aliás
Mas, que poderia tentar, poderia.
Luiz Bosco Sardinha, advogado e jornalista